Postagem em destaque

Eu Negro

quarta-feira, 28 de abril de 2021

FILHA DE CAIM

 

FILHA DE CAIM


Amor sincero e delicado nunca tive

Amargo a sina de viver em solidão

Desejos mortos que vivo através do tempo

Sonhos de amores que perdi na ilusão

 

São anjos tortos que ficaram no caminho

Mil cicatrizes de distantes carnavais

Eu fulgurante colombina em alegria

Em fogo intenso queimando canaviais

 

Amor incerto quase certo é perdição

Um tango amargo na doçura da canção

Ledo engano refletido em cristais

Sendo incerto a compulsão é querer mais

 

Sigo sem rumo em minha vida reconheço

Meu recomeço é de cigana bar em bar

Sou o restolho de corações desvalidos

Sou pitonisa do interdito de amar

 

Vida perdida afogada no vermute

Velho embuste que ilude a razão

Rotos lampejos em parceiros desgarrados

Eu sou a pária deserdada por Adão

 

Por ser sublime meu amor desfez no ar

No destilado amargor do botequim

Sou a caída que ninguém quer em seu lar

A degredada pela casa de Caim.


Nenhum comentário:

Postar um comentário