FILHA DE CAIM
Amor sincero e delicado nunca tive
Amargo a sina de viver em solidão
Desejos mortos que vivo através do tempo
Sonhos de amores que perdi na ilusão
São anjos tortos que ficaram no caminho
Mil cicatrizes de distantes carnavais
Eu fulgurante colombina em alegria
Em fogo intenso queimando canaviais
Amor incerto quase certo é perdição
Um tango amargo na doçura da canção
Ledo engano refletido em cristais
Sendo incerto a compulsão é querer mais
Sigo sem rumo em minha vida reconheço
Meu recomeço é de cigana bar em bar
Sou o restolho de corações desvalidos
Sou pitonisa do interdito de amar
Vida perdida afogada no vermute
Velho embuste que ilude a razão
Rotos lampejos em parceiros desgarrados
Eu sou a pária deserdada por Adão
Por ser sublime meu amor desfez no ar
No destilado amargor do botequim
Sou a caída que ninguém quer em seu lar
A degredada pela casa de Caim.
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