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Eu Negro

sexta-feira, 23 de abril de 2021

 

Mary McLeod Bethune

 Uma Mulher Admirável



Mary McLeod nasceu em 1875, na cidade de Mayesville, Carolina do Sul, Estados Unidos. Não conheceu o cativeiro mas era filha de um casal de escravos libertos. Sua mãe auxiliava no sustento da família lavando roupa para as famílias brancas do município. E foi na casa de uma dessas famílias que seu destino foi transformado para sempre.

Certa vez ao acompanhar a mãe em uma casa de família, pegou um livro na estante para folhear, no que foi duramente repreendida por um membro da família com as seguintes palavras: “Você é negra e os negros não sabem ler. Ponha o livro de volta no mesmo lugar onde você pegou!”.

Humilhada mas obedecendo, Mary decidiu que a partir daquele momento investiria todas as suas energias no aprendizado das letras. Os negros passavam por período muito difícil no sul dos Estados Unidos, onde a educação formal era dirigida para a raça branca. Naquela época quase não havia instituições de ensino voltada para a alfabetização e educação do povo negro, liberto há apenas 25 anos, com a aprovação da 13ª Emenda à Constituição americana que aboliu a escravidão em todo o país.

Mary McLoud aprendeu na prática que a educação era um fator primordial de desigualdade entre negros e brancos, passando portanto a perseguir o conhecimento para que pudesse ser uma cidadã com mais possibilidades de ascensão na partida sociedade estadunidense.

Conseguiu que sua família lhe matriculasse em uma escola voltada para negros, a Trinity Mission School da igreja Presbiteriana. Para que pudesse cumprir sua jornada escolar diária, caminhava por quase 20 quilômetros todos os dias e mesmo assim nunca esmoreceu

Seu aprendizado não foi em vão. Através de sua determinação alfabetizou os pais e toda a sua família. Como aluna exemplar da Trinity Scool recebeu uma bolsa de estudos do Instituto Dwight Moody, voltada a formação de missionários e professores.

Após concluir seus estudos de licenciatura, entregou-se a tarefa de alfabetizar seus irmãos e irmãs negras onde estivessem, podia ser de casa em casa ou nas extensas propriedades rurais da região.

O contato com a realidade da dura segregação racial nos EUA fez com que fosse uma das primeiras mulheres negras a ingressar na luta pelos direitos civis daquele país, organizando diversos movimentos e atos contra as leis do apartheid.

Ao mesmo tempo em que educava seus alunos, fazia com que os mesmos tirassem os documentos necessários para que pudessem exercer a parca cidadania que lhes haviam propiciado. A medida em que aprendiam a ler Mary ensinava Matemática e outras ciências, além de debater com eles a temática racial e o horror da escravidão.

Sua fama ultrapassou as fronteiras da Carolina do Sul e Mary se tornou referência entre as lideranças políticas dos EUA, além de líderes de grandes igrejas protestantes do país.

Empreendeu grandes esforços para abrir umainstituição de ensino particular para negros em Daytona Beach, que se tornou uma das grandes escolas da Carolina do Sul.

Muito influente entre os líderes políticos e religiosos batistas e metodistas, Mary conseguiu arrecadar fundos para abrir uma escola particular para afro-americanos em Daytona Beach. O colégio atingiu excelentes notas no ranking das melhores escolas da Carolina do Sul, transformando-se na renomada Universidade Bethune-Cookman, que não permitia a segregação racial em suas dependências.

Consagrada como educadora, Mary Mc Load podia dormir tranquilamente sobre os louros da vitória, que justamente coroaram sua fantástica vida. Porém, não satisfeita com a grande obra que construiu, solicitou permissão ao governo para lecionar nos presídios do país, criando uma ponte entre o sistema prisional e o mercado de trabalho.

Ao mesmo tempo em que atingia seus objetivos na educação, Mary Mc Loud  nunca se afastou da luta contra o racismo e a política de oficial de segregação racial dos Estados Unidos. Pelo contrário, a medida em que o tempo passava ela intensificava sua atuação política na luta pelos direitos civis da população negra.

Utilizando sua influência, cruzava o país em manifestações e debates com os mais cruéis segregacionistas dos EUA, tornando-a praticamente imbatível, pressionando congressistas para votarem em favor das demandas afroamericanas da época.

Seu apogeu foi quando já denominada “A Primeira Dama da Luta”, foi nomeada nos anos 40 “Conselheira para Assuntos Raciais” do presidente Roosevelt.

Mary McLoad alfabetizou mais de 5 mil negros e negras nos EUA e deixou um imenso legado educacional e patriótico para as gerações futuras. Mary faleceu de tuberculose em 1955 aos 79 anos, no mesmo ano em que Rosa Parks, uma negra militante dos direitos civis se recusou a levantar de um assento do ônibus para dar lugar a um homem branco, conforme determinava a lei. A partir daquele momento o movimento dos direitos civis tomou impulso gigantesco e grandes lideranças como Martin Luther King e Malcoln X surgiram para mudar a história da luta racial nos EUA, com o fim do apartheid nos anos 60.

Mary McLoad foi declarada pelo jornal New York Times como uma das 10 mulheres mais importantes dos EUA e seu nome está consagrado no Hall da Fama das Mulheres dos Estados Unidos.


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