Mary McLeod Bethune
Uma Mulher Admirável
Mary McLeod nasceu em 1875, na cidade de
Mayesville, Carolina do Sul, Estados Unidos. Não conheceu o cativeiro mas era filha
de um casal de escravos libertos. Sua mãe auxiliava no sustento da família
lavando roupa para as famílias brancas do município. E foi na casa de uma
dessas famílias que seu destino foi transformado para sempre.
Certa vez ao acompanhar a mãe em uma casa de
família, pegou um livro na estante para folhear, no que foi duramente
repreendida por um membro da família com as seguintes palavras: “Você é negra e
os negros não sabem ler. Ponha o livro de volta no mesmo lugar onde você pegou!”.
Humilhada mas obedecendo, Mary decidiu que a partir
daquele momento investiria todas as suas energias no aprendizado das letras. Os
negros passavam por período muito difícil no sul dos Estados Unidos, onde a
educação formal era dirigida para a raça branca. Naquela época quase não havia
instituições de ensino voltada para a alfabetização e educação do povo negro,
liberto há apenas 25 anos, com a aprovação da 13ª Emenda à Constituição
americana que aboliu a escravidão em todo o país.
Mary McLoud aprendeu na prática que a educação era
um fator primordial de desigualdade entre negros e brancos, passando portanto a
perseguir o conhecimento para que pudesse ser uma cidadã com mais
possibilidades de ascensão na partida sociedade estadunidense.
Conseguiu que sua família lhe matriculasse em uma
escola voltada para negros, a Trinity Mission School da igreja Presbiteriana.
Para que pudesse cumprir sua jornada escolar diária, caminhava por quase 20
quilômetros todos os dias e mesmo assim nunca esmoreceu
Seu aprendizado não foi em vão. Através de sua determinação
alfabetizou os pais e toda a sua família. Como aluna exemplar da Trinity Scool
recebeu uma bolsa de estudos do Instituto Dwight Moody, voltada a formação de missionários
e professores.
Após concluir seus estudos de licenciatura,
entregou-se a tarefa de alfabetizar seus irmãos e irmãs negras onde estivessem,
podia ser de casa em casa ou nas extensas propriedades rurais da região.
O contato com a realidade da dura segregação racial
nos EUA fez com que fosse uma das primeiras mulheres negras a ingressar na luta
pelos direitos civis daquele país, organizando diversos movimentos e atos
contra as leis do apartheid.
Ao mesmo tempo em que educava seus alunos, fazia
com que os mesmos tirassem os documentos necessários para que pudessem exercer
a parca cidadania que lhes haviam propiciado. A medida em que aprendiam a ler
Mary ensinava Matemática e outras ciências, além de debater com eles a temática
racial e o horror da escravidão.
Sua fama ultrapassou as fronteiras da Carolina do
Sul e Mary se tornou referência entre as lideranças políticas dos EUA, além de
líderes de grandes igrejas protestantes do país.
Empreendeu grandes esforços para abrir
umainstituição de ensino particular para negros em Daytona Beach, que se tornou
uma das grandes escolas da Carolina do Sul.
Muito influente entre os líderes políticos e
religiosos batistas e metodistas, Mary conseguiu arrecadar fundos para abrir uma
escola particular para afro-americanos em Daytona Beach. O colégio atingiu
excelentes notas no ranking das melhores escolas da Carolina do Sul, transformando-se
na renomada Universidade Bethune-Cookman, que não permitia a segregação racial
em suas dependências.
Consagrada como educadora, Mary Mc Load podia
dormir tranquilamente sobre os louros da vitória, que justamente coroaram sua
fantástica vida. Porém, não satisfeita com a grande obra que construiu,
solicitou permissão ao governo para lecionar nos presídios do país, criando uma
ponte entre o sistema prisional e o mercado de trabalho.
Ao mesmo tempo em que atingia seus objetivos na
educação, Mary Mc Loud nunca se afastou
da luta contra o racismo e a política de oficial de segregação racial dos
Estados Unidos. Pelo contrário, a medida em que o tempo passava ela
intensificava sua atuação política na luta pelos direitos civis da população
negra.
Utilizando sua influência, cruzava o país em manifestações
e debates com os mais cruéis segregacionistas dos EUA, tornando-a praticamente imbatível,
pressionando congressistas para votarem em favor das demandas afroamericanas da
época.
Seu apogeu foi quando já denominada “A Primeira Dama
da Luta”, foi nomeada nos anos 40 “Conselheira para Assuntos Raciais” do
presidente Roosevelt.
Mary McLoad alfabetizou mais de 5 mil negros e
negras nos EUA e deixou um imenso legado educacional e patriótico para as
gerações futuras. Mary faleceu de tuberculose em 1955 aos 79 anos, no mesmo ano
em que Rosa Parks, uma negra militante dos direitos civis se recusou a levantar
de um assento do ônibus para dar lugar a um homem branco, conforme determinava
a lei. A partir daquele momento o movimento dos direitos civis tomou impulso gigantesco
e grandes lideranças como Martin Luther King e Malcoln X surgiram para mudar a
história da luta racial nos EUA, com o fim do apartheid nos anos 60.
Mary McLoad foi declarada pelo jornal New York
Times como uma das 10 mulheres mais importantes dos EUA e seu nome está
consagrado no Hall da Fama das Mulheres dos Estados Unidos.
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