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O Espelho

quinta-feira, 30 de junho de 2022

ASSÉDIO SEXUAL - A MAIS NOVA SURPRESA DESAGRADÁVEL DO GOVERNO BOLSONARO

Uma direção libidinosa e assediadora na Caixa Econômica Federal, é a mais nova surpresa que nos apresenta o inimaginável Governo Bolsonaro. As loucuras deste governo parecem não ter fim, mal deixamos para trás o escândalo dos assassinatos de Dom Phillips e Bruno Pereira por protegerem os indígenas e a floresta amazônica, além dos casos de corrupção no Ministério da Educação, através de pastores evangélicos e o próprio ministro, explode nos noticiários a denúncia dos atos de assédios sexual e moral, tendo como principal agente o próprio presidência da instituição.
Conhecido na Esplanada como “Pedro O Louco”, o já ex-presidente Pedro Guimarães era íntimo do presidente da república Jair Bolsonaro. Sua gestão foi fundamentada pelo terror e atos humilhantes e exóticos. Certa vez obrigou os funcionários a realizar exercícios de flexão de braços de maneira coletiva, chegando a proibir extintores de incêndio na cor vermelha e mulheres com esmaltes da mesma cor, pois eram indicadores de petismo. É um pesadelo que parece não ter fim os sucessivos escândalos do governo Bolsonaro.
Os horrorosos fatos de assédio que envergonham nossa sociedade, são componentes explosivos que assustam o governo em período pré eleitoral. O governo que tenta a reeleição assiste suas possibilidades escorrerem cada vez mais por entre os dedos, com a ascensão meteórica da candidatura do ex presidente Lula com possibilidades reais de vitória no primeiro turno.
As mulheres representam 53% do eleitorado do país. A pesquisa realizada pelo instituto Genial/Quarta por encomenda da Revista Veja em 2022, apresenta dados esclarecedores que nortearão as estratégias de campanha das principais candidaturas mas eleições gerais que se aproximam. Sempre delegadas ao segundo plano da política e das decisões nacionais, as mulheres representam hoje um exército eleitoral invisível e sensível que certamente será bastante afetado pelas denúncias de assédio sexual na Caixa Econômica Federal por parte de sua direção bolsonarista. Os depoimentos das mulheres que sofreram a violência, que surgem em profusão, são uma bomba mortal na candidatura do presidente, no que concerne ao voto feminino.
Apesar da demissão do assediador, os problemas não terminaram. Dentro da administração pública os casos de assédios morais e sexuais são contundentes. Medidas tímidas foram tomadas como o Programa de Combate aos Assédios Moral e Sexual do Ministério da Justiça, que foi lançado com pompa mas nunca conseguiu cumprir seu papel, ou seja, ao que veio
A sociedade espera que esses eventos escabrosos perpetrados pela direção da CEF, possam estabelecer novos patamares de compliance dentro da administração pública e por extensão à própria iniciativa privada. De nada adianta o Brasil solicitar inclusão na OCDE e no Conselho de Segurança da ONU, se os assédios moral e sexual são constantes no cotidiano da plataforma laboral do país.
Pedro Guimarães faz parte daquele contingente masculino que acha que mulher é objeto, um ser inferior. Não é nenhuma coincidência que tenha havido uma perfeita simbiose entre ele e Jair Bolsonaro. O presidente apregoa aos quatro ventos que a vinda de sua filha ao mundo se deu por uma "fraquejada", ou seja, um coito insuficiente para gerar um filho homem. Bolsonaro também é responsável por declarações polêmicas como a do tipo "não te estupro porquê você é feia", proferida contra a deputada congressista Maria do Rosário e outra lamentável onde disse que seus filhos haviam recebido ótima criação e jamais se casariam com uma mulher negra. Em relação a mulher no mercado de trabalho Bolsonaro disse que a mulher tem que auferir um salário menor que o dos homens pois engravida. Há pouco foi condenado pela justiça a pagar R$ 35.000,00 a uma jornalista pelo fato de dizer durante uma coletiva que ela "queria dar o furo". Como parlamentar disse certa vez que usava o imóvel reservado aos parlamentares para "comer gente".
Por essas e por outras que Pedro Guimarães, além de sua personalidade controversa, agia da maneira que agia com suas subalternas na CEF. Dizem os mais antigos que o exemplo vem de cima 

terça-feira, 28 de junho de 2022

NELSON PIQUET E SUA INVEJA DE LEWIS HAMILTON


A elite nunca se conformou com o fim da escravidão. Por mais que digam que possuem amigos negros e que há uma bisavó mulata na família, no fundo desprezam o povo negro. Desde crianças se acostumaram a lidar com negros em posições inferiores como diaristas, motoristas, seguranças, babás e atividades afins.

O pensamento colonial permeia a casa grande, que para o próprio conforto psicológico procura manter o clima de senzala entre os que lhes prestam serviços. O fosso social aumenta cada vez mais. Os mais pobres tornam-se cada vez mais pobres e os mais ricos cada vez mais ricos.

Há uma enorme polêmica na Internet acerca da declaração de Nelson Piquet, grande campeão da Fórmula 1 nos tempos heróicos, que chamou o multicampeão inglês Lewis Hamilton de “neguinho”.

Fazendo uma leve comparação entre os dois campeões nas pistas, Piquet come poeira de Lewis Hamilton, que possui o triplo de campeonatos do brasileiro. Nelson Piquet traz em si péssimas referências no que tange ao seu labor profissional. Suas fustigadas insidiosas sobre a sexualidade de Ayrton Senna ficaram famosas.

Nota-se que Piquet apesar de ter sido um grande campeão, nunca digeriu o sucesso de Senna que lhe superou em muito, assim como o de Hamilton que já superou até o mega campeão Michael Schumacher, que muitos alegavam ser imbatível.

Piquet traz em si o pior dos lados da elite burguesa. Filho da família Sotto Mayor, dona do extinto Banco Nacional, passou a vida nas baladas de bacanas, quando não estava nas pistas. Sua participação no esporte assemelha-se ao personagem Dick Vigarista do desenho animado Corrida Maluca.

Piquet deveria usar a mesma ironia para se manifestar sobre o banimento de seu filho mais velho da Fórmula 1 por atividade antidesportiva, um eufemismo para caracterizar os pilotos que fraudulentos da categoria. Nelsinho Piquet, como é conhecido, simulou um acidente no grande prêmio de Singapura em 2008, quando foi pego em flagrante pela direção da prova, evento que lhe custou a carreira na principal categoria do automobilismo, evento conhecido como Singapuragate.

Nelson Piquet sempre desfilou sua ironia misógina pelos padocks da Fórmula 1 e no noticiário mundial. Divertia-se ao apontar a feiúra da simpática esposa do piloto Nigel Mansell. Aqui no Brasil se agarrou com Fernando Collor e agora dirige para Jair Bolsonaro em eventos públicos, inclusive foi o motorista do Rolls-Royce na posse presidencial do primeiro. Sua decadência e ocaso, assim como a de Emerson Fitipaldi, estão o levando a cometer sandices como o ato racista de chamar Lewis Hamilton de “aquele neguinho”.

Os bolsonaristas de plantão passarão pano imediatamente, alegando que é um tipo de tratamento usual aqui no Brasil e que pode até ser caracterizado como uma expressão coloquial. Não é assim, esse tipo de tratamento traz embutido em si o desprezo que a elite brasileira tem pela população negra. No caso de Hamilton, o tiro sai pela culatra, pois consagrado Cavaleiro da Ordem do Império Britânico pelo reinado de Elizabeth II, além de se um dos desportistas mais bem sucedido da história, com 103 vitórias na Fórmula 1 em sete campeonatos conquistados contra 23 vitórias de Piquet em 3 campeonatos conquistados, um banho de pilotagem para envergonhar qualquer um.

A vida pessoal do piloto inglês é um exemplo. Hamilton além de vegano, investe parte do que ganha como piloto em obras sociais e projetos de sustentabilidade. É uma referência mundial na luta contra a desigualdade e pela diversidade, é um cara do bem em todos os sentidos. Acostumamos a ver seu irmão que é especial nos padocks mundo afora, juntamente com sua família. Lewis é exatamente o oposto do que foi Piquet quando em atividade na F1. Arrogante, machista e individualista, o brasileiro possuía uma legião de detratores na categoria.

Mesmo com esses gigantescos diferenciais e Hamilton ser multimilionário, o que Piquet não é e nunca será, o brasileiro se acha no direito de tratar o inglês como “aquele neguinho”. Condenado publicamente pela Fórmula 1 e pela Mercedes, o que restou de holofotes para Piquet foi se transformar em motorista do Bolsonaro.

Infelizmente o Brasil mais uma vez é notícia internacional da pior maneira possível. Como se já não bastassem os sucessivos e vergonhosos escândalos como o assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira, a morte através de gás de um homem em Sergipe na caçamba de um carro da polícia, enfim, o ex piloto mostrou que existem dois brasis, o Brasil do luxo, tocado pelo povão que rala no dia a dia e o Brasil do lixo, vivido por uma elite cafona, mal educada e ignorante.

quarta-feira, 22 de junho de 2022

TRISTE BRASIL

O Brasil se transformou na terra dos horrores. O pior é que está havendo, mesmo que de maneira silenciosa, a naturalização da violência. A mídia corporativa utiliza os acontecimentos deletérios como moto contínuo da sociedade-espetáculo, visando mais audiência e assim mais anunciantes. Quanto mais anunciantes mais a empresa fatura e assim fecha-se o círculo do faturamento capitalista na mídia: notícias sensacionalistas/audiência elevada/muitos anunciantes/anúncios mais caros/mais notícias sensacionalistas.
É de conhecimento público a vinculação dos proprietários dos meios de comunicação de massa com a fatia conservadora do poder. Mais que isso, há uma militância desses barões da mídia em torno das pautas governamentais do governo Bolsonaro. Apesar de torcerem o nariz para o modo errático como o presidente conduz o país, a mídia conservadora prefere apoiar as agendas conservadoras e até inconstitucionais, a chegar perto das pautas dos movimentos vê partidos políticos progressistas. A troca subliminar de acordos e atitudes entre governo e mídia, leva a leniência governamental acerca dos desmandos que acontecem em nosso país.
Os sucessivos acontecimentos que acontecem no Brasil já ultrapassaram nossas fronteiras e escandalizam o planeta. Em um curto espaço de tempo tivemos um refugiado congolês morto a pauladas em um quiosque no Rio de Janeiro, seguido de um cidadão chefe de família executado diante das câmeras com gás lacrimogêneo na caçamba de uma viatura policial. Como de não bastasse, e não fosse suficiente, assassinaram um indigenista e um jornalista britânico na Amazônia a mando de lideranças criminosas da região, causando comoção internacional.
Mal nos recuperamos dessas barbaridades, assistimos atônitos a uma juíza interrogar uma menina grávida que foi estuprada aos dez anos de idade, sugerindo que ela não fosse submetida ao aborto e doasse a criança a um casal que a quisesse adotar. A juíza, como se não bastasse sua atuação desumana, chamou o estuprador de “pai da criança” e sugeriu que a menina “esperasse um pouquinho” para que, segundo suas palavras “o pulmãozinho do feto fosse formado”. Estarrecedor!
Fechando o ciclo de horrores, também assistimos a outro evento inacreditável, que foi a agressão cometida por um Procurador à sua chefe imediata, que sofreu um grave espancamento ao vivo, filmado por pessoas que estavam no mesmo ambiente. A imagem da Procuradora-Chefe com o rosto deformado e ensanguentado, assusta e ao mesmo tempo nos alerta para a direção que nossa sociedade está caminhando.
Com o licenciamento para a compra de 100 mil armas de fogo, durante esse governo, o cenário futuro de nossa sociedade se anuncia como altamente sombrio. Óbvio que a situação tende a agravar com a proximidade das próximas eleições. A prisão do ex ministro da Educação pela Polícia Federal causará um terremoto no cenário eleitoral brasileiro, que compreenderá radicalizações.
A ameaça velada de um golpe por parte do atual presidente, chancelado pelas forças armadas, pode conduzir o país a uma guerra civil. Não podemos comparar com o golpe de 64, pois, hoje possuímos movimentos sociais de esquerda, além de partidos políticos de expressão nacional que reagirão militarmente ao golpe.
Todo esse cenário é oriundo da opção psicopata da mídia em retirar uma presidente eleita do seu mandato e a prisão do candidato Lula à frente das pesquisas, beneficiando Bolsonaro. A sociedade do espetáculo continuará, poia a mídia precisa continuar com seu trabalho de convencimento da população por uma candidatura de direita. Enquanto isso o povo permanece anestesiado entre o bem e o mal, entre a família e a perversão. Parece que o Brasil tomou um ácido e não voltou mais.

sábado, 18 de junho de 2022

ATIRARAM NO CORAÇÃO DE DEUS


Qual o objetivo, se é que há algum objetivo, para colocar uma espécie como a humana no planeta. A fragilidade e insignificância da presença humana no universo deveria ser suficiente para que a humanidade se amasse e se protegesse. Qual o quê! Se traçarmos um panorama das ações predatórias no planeta, o resultado será desanimador.
Penso que uma espécie em processo de desenvolvimento civilizatório deveria estar em um patamar superior, elevado, cada vez mais humano. Porém a impressão que se tem é que há uma involução espiritual nas decisões comportamentais da espécie humana.
Se recebêssemos uma hipotética visita de uma civilização mais avançada, onde a mesquinhez, o desamor, a acumulação e o ódio tivessem sido banidos de sua realidade cotidiana, esses visitantes ficariam abismados com a estupidez humana.
Como explicar o porquê de tamanha infelicidade, pobreza, desigualdade, guerras e mortes? Por quê destruímos um planeta tão lindo que nos foi legado, sabe-se lá se há um porquê? São respostas que deveriam fazer parte de nossa história, mas não fazem. Qual o critério de existir sem humanidade, sem solidariedade, sem compaixão?
A brutalidade do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips nos leva a refletir o que é quem somos na poderosa teia da infinitude universal. O ato bárbaro é a prova irrefutável que ocupamos os níveis mais basilares de consciência na cadeia universal da existência. Aqueles dois corpos mutilados, esquartejados e vilipendiado, enterrados em um buraco no confins da Amazônia, no Brasil Profundo, envergonha e muito, os que pensam em evoluir enquanto seres humanos.
Quero aqui deixar a política de lado e falar de nossa existência como parte da vida do planeta. Somos nanoorganismos no universo, indetectáveis até, diante da imensidão cósmica. Nossa espécie é altamente destrutiva, corrói o solo, envenena rios e mares, destrói as florestas, polui o ar. O corpo vivo Gaya está contaminado pela espécie humana. Estamos destruindo o local de viver das nossas gerações futuras. O pior é que na verdade não há essa preocupação por parte de muitos. Os destruidores parecem poucos, mas não são. Falamos dos que destroem a floresta, mas não dos que deixam lixo nas areias das praias. Tudo bem que tem o gari para limpar a praia no início da noite, mas não deveria haver essa necessidade. Reclamamos do garimpeiro, mas não utilizamos energia solar. Nós indignamos com o madeireiro ilegal, mas não usamos energia eólica. Reclamamos dos dejetos jogados nos rios mas não reciclamos o óleo de cozinhar usado e nem reaproveitamos a água da chuva. Clamamos contra o lixo urbano mas não fazemos compostagem nem coleta seletiva.
Os tiros dados nos dois heróicos defensores do meio-ambiente, foram os mesmos disparos que tiraram a vida de Chico Mendes, Padre Josimo, Irmã Dorothy Stang e tantos outros mártires da saga amazônica. Os assassinos puxaram o gatilho, mas quem fomentou o ódio para assassinar foi o estado brasileiro. Foi a leniência estatal e pior, foi a cumplicidade governamental que relativiza essas mortes como algo inexorável. O presidente do Conselho da Amazônia é o atual Vice-presidente da República. A Amazônia está coalhada de militares, órgãos de estado como Polícia Federal, Polícia Militar, Ibama, ICMBIO, FUNAI, entre tantos outros, além dos projetos de monitoração aérea como o SIVAM.
A prova que estamos falhando como espécie é que mesmo com todo esse aparato institucional os assassinos não temem tirar a vida de duas pessoas tão importantes para a vida dos povos daquela região. Com certeza estamos falhando como humanidade. Esses tiros acertaram no coração de Deus.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

PORQUE O MAL É O QUE SAI DA BOCA.

Cada vez mais consolidado enquanto movimento de massa, a Marcha da Maconha reuniu em sua última edição em São Paulo um público manifestante em torno de 100 mil pessoas usuárias recreativas ou apenas simples simpatizantes.
O evento costuma receber muitas críticas por parte da população conservadora e até de outros movimentos que não admitem a reivindicação que visa a correção de uma desigualdade, ou até mais, de uma desumanidade que proíbe a utilização recreativa ou até o cultivo de uma planta que produz algum tipo de alteração da sensorial idade. A hipocrisia da sociedade não demonstra repugnância em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, que têm a venda e o uso liberados oficialmente. Segundo pesquisa realizada no âmbito do Datasus, 90% dos registros ocasionados por ferimentos nas emergências dos hospitais públicos brasileiros são ocasionados pelos efeitos do consumo de álcool. Obviamente que há nesse caso uma notada preferência pela manutenção da utilização recreativa da planta na marginalidade, que gerou um cluster de corrupção há muito conhecido por todos.
O próprio STJ já emitiu súmula permitindo o cultivo da Canabis para uso medicinal do fármaco, comprovadamente eficaz contra convulsões e outras doenças correlatas. Além disso, a Anvisa autorizou recentemente a venda e importação de 18 medicamentos que possuem como princípio ativo a Canabis.
A sociedade se manifesta de diversas maneiras. As 100 mil pessoas reunidas na Marcha da Maconha em São Paulo não são oriundas do "nada" ou da alienação política. São sim resultado de um movimento de décadas materializado bem heróicas e históricas marchas realizadas há décadas em todo o planeta. Assim como as marchas LGBTs foram oriundas de Stonewall, as marchas pela descriminalização da maconha tiveram seu início em Nova York em 1999. A primeira edição brasileira aconteceu no Rio de Janeiro em 2007, há 15 anos atrás. 
São movimentos políticos legítimos que devem ser aplaudidos, pois, têm como pano de fundo, além da liberdade de opção, o combate sistemático à hipocrisia de nossa sociedade. Que todos os movimentos façam o mesmo. Que marchem todos os anos, mesmo que no início sejam achincalhados e ridicularizados, inclusive por parte da imprensa burguesa. 
O heroísmo do movimento Lgbt e o dos defensores da discriminalização do uso da Canabis foram históricos ao colocarem a cara para bater. Que outros movimentos se espelhem nesses exemplos e enfrentem de peito aberto o preconceito popular, baseados na convicção de suas crenças. 
Não sou gay nem usuário de canabis, porém, sou um inflamado apoiador dos movimentos que visam o exercício da liberdade e da opção de escolha de manifestação com legitimidade.
Espero que no próximo ano a marcha desfile com 1 milhão de apoiadores para que sirva de exemplo para os muitos movimentos anódinos que pululam na Internet.
A marcha não tem como objetivo apenas lutar contra a proibição de fumar um baseado. É uma guerra justa contra a hipocrisia, contra o arbítrio e o preconceito burguês. A guerra será vencida nas ruas, no chão das cidades, nas trincheiras populares, não é somente um ajuntamento para defender o legítimo direito de se  dar um dois em paz.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

FALLEN ANGEL

EGOTRIP

RACISMO TROPICAL

DEMÔNIOS ELIMINANDO ANJOS

 

A confirmação do assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista da Funai Bruno Pereira nos leva a refletir sobre o estado marginal que está tomando conta do Brasil. Tornou-se comum a eliminação sistemática de lideranças que atuam no campo dos direitos humanos. Há uma longa lista que compreende Wladimir Herzog, Stuart Angel, Chico Mendes, Padre Josimo, Irmã Dorothy Stang, Marielle Franco e agora as duas vítimas do Vale do Javary.

Nossa história é recheada de fatos históricos que deságuam em assassinatos de líderes populares ou militantes em favor da democracia. Nunca eliminam atores conservadores ou militantes extremistas de direita. Não vou arguir aqui o porquê, pois a resposta está contida na própria pergunta. Os martirizados sempre lutaram contra o arbítrio, contra a opressão, contra um estado antidemocrático.

A eliminação dessas pessoas veio pelas mãos de assassinos profissionais, mas todas elas, com certeza, possuem as digitais do governo brasileiro. É um mosaico composto por cenários diferentes mas com o mesmo Dna político. Há uma enorme indignação popular em relação a essas mortes, enquanto que ao mesmo tempo há uma leniência sem igual por parte do poder público para solucioná-las. Causa um enorme espanto a não solução para o assassinato de Marielle Franco, assim como o injustificado silêncio sobre a execução do miliciano íntimo da Família Bolsonaro e o conteúdo dia 13 chips de celulares que estavam em seu poder na hora de sua morte.

Chico Mendes morreu com fome. Chegou em casa exausto e com a comida posta à mesa, saiu para lavar as mãos do lado de fora da casa. Foi eliminado sem dó nem piedade. A missionária Dorothy Stang teve o mesmo infeliz destino, foi assassinada a tiros em uma estrada de barro, onde a imagem de seu corpo já vem vida até hoje comove os amazônidas. Padre Josimo Tavares, coordenador da Pastoral da Terra no Bico do Papagaio também perdeu a vida assassinado a mando de latifundiários no Pará, crime que obrigou o padre Ricardo Resende abandonar sua área de atuação em defesa dos trabalhadores que vivem em estado análogo à escravidão. Marcado para morrer, viveu ameaçado por 18 anos, sendo obrigado a migrar para o Rio de Janeiro, onde passou a lecionar na UFRJ e fazer suas denúncias contra o império de terror que vige naquela região do Pará.

Inúmeras lideranças vitimas do conflito latifundiário da militância pela reforma agrária, e do sindicalismo rural firam executadas sistematicamente, sendo que a grande maioria dos casos ficou sem solução. Os poucos crimes que foram solucionados, prenderam quem acionou o gatilho, mas nunca os mandantes.

No caso do Vale do Javary, os que apertaram o gatilho certamente serão presos e cumprirão sentença. Porém, os mandantes jamais serão punidos. Não serão penalizados porque o Vale do Javary é terra sem lei, onde a criminalidade e o banditismo imperam às expensas do estado brasileiro. Todos os anos acontecem esses assassinatos e o governo não encontra solução para pacificar e ordenar institucionalmente aquela região.

A Amazônia é uma das cerejas do bolo dos órgãos institucionais do governo brasileiro. Ali as forças armadas mantém tropas altamente qualificadas como o Centro de Instrução de Guerrilha na Selva, o temível CIGS, a esquadra da Amazônia Azul da Marinha com seus guerreiros do Comando Anfíbio, COMANF, o PARASAR e o Projeto Sivam da Aeronáutica, além de forças civis com alto poder de intervenção como a Polícia Federal, Polícia Militar e os grupamentos de Bombeiros Militares. Todos esses grupos são especialistas em Amazônia.

Além das tropas militares e grupos de repressão civis, ainda podemos encontrar órgãos de estado hiper especializados na região como a FUNAI, IBAMA e ICMBIO. Causa espanto que o enorme poder do banditismo no Vale do Javary e na Amazônia como um todo não seja combatido ferozmente por essas tropas nacionais. Levando em consideração que o Conselho Nacional da Amazônia Legal é presidido pelo Vice Presidente da República, General de quatro estrelas, Hamilton Mourão, podemos concluir que a ação do estado brasileiro na Amazônia ou é incompetência ou então leniência.

A partir do fatídico evento da morte do indigenista Bruno Pereira, que era funcionário público da União e do jornalista britânico Dom Phillips, novas modelagens sobre o controle do território amazônico serão debatidas e talvez até implementadas. Porém, vamos torcer para que essas possíveis medidas não sejam para inglês ver.

 

 

domingo, 12 de junho de 2022

O AMOR AO PRÓXIMO É COMUNISMO?

Por Pastor Sílvio Meincke, pastor da IECLB em Santa Catarina e São Leopoldo. Mora atualmente na Alemanha.

Primeira constatação: O Povo Brasileiro é muito religioso. Cada segunda rua tem nome de santo. Em cada esquina ouvimos aleluias. Jogadores entram em campo com o sinal da cruz. E o nosso linguajar invoca Deus a cada instante: Meu Deus! Graças a Deus! Por Amor de Deus! Deus te Abençoe! Deus é grande! Deus no Comando! Portanto, não falta religião no Brasil e nem falta fé em Deus. 

 Segunda constatação: Todos e todas concordamos que a Fé em Deus tem uma consequência ética. Para cristãos e cristãs, a consequência ética máxima da fé em Deus é o AMOR AO PRÓXIMO. “Amarás o Senhor teu Deus …. e o teu próximo como a ti mesmo”. Quem é membro de uma comunidade cristã conhece esse Grande Mandamento (Mateus 22.36-40) e com ele concorda. 

Penso que não há dúvidas em relação a essas duas constatações:
1) Cremos em Deus.
2) Queremos praticar o amor ao próximo. 

Mas, eis que surge a GRANDE PERGUNTA: Por que essa sociedade tão religiosa e tão cristã não consegue influenciar sua prática política com o amor ao próximo que enaltece como consequência ética máxima da sua fé? Por que a sociedade brasileira, depois de 500 anos de religiosidade intensa, continua dividida em centro e periferia, em “bairros nobres” e favelas, em luxo e lixo, em desperdício e carência, em pessoas privilegiadas e pessoas excluídas? Por que continua sendo uma das sociedades mais injustas do mundo? PIOR: Como explicar que qualquer projeto de INTERMEDIAÇÃO POLÍTICA DO AMOR AO PRÓXIMO é logo apontado raivosamente como coisa de COMUNISTAS?

Quando o Rio Grande do Sul contava com 70% de analfabetos, e Brizola mandou erguer milhares de pequenas escolas primárias, por amor às crianças analfabetas, ele logo foi insultado como comunista, especialmente pelas pessoas piedosas e “fortes na fé”.
Quando João Goulart queria fazer as Reformas de Base, com o fim de melhorar a vida de milhões de brasileiros/as, ele foi derrubado com um golpe e teve de fugir, apontado como comunista. E muitos cristãos aplaudiram o golpe. 
O Projeto Mais Médicos (uma prática de amor que beneficia 50.000.000 de pessoas), é apontado como coisa de comunistas.

Uma Reforma Agrária, com acesso à terra para famílias pobres (antes expulsas do campo, aos milhões, através da concentração das terras), é odiada como coisa de comunistas. 

Matar em média dez jovens negros, todas as noites, isso pode! “Bem feito. Vagabundos. Bandido bom é bandido morto. A culpa é deles” – dizem muitas cristãs e muitos cristãos.

Intermediar o amor ao próximo, na forma de cotas, para jovens negros, excluídos durante séculos, para que encontrem finalmente uma chance de vida? “Nunca! Coisa de comunistas” – dizem pessoas que invocam Deus e pregam o amor! 

Crianças que morrem de fome? “A culpa é dos pais! São pobres porque não tem fé” – proclamam cristãos, especialmente os bem piedosos. 

Matar um milhão de indígenas a cada século, sem nunca parar, até os dias de hoje, em disputa pelas terras? (Coisa normal, graças a deus, deus no comando, em nome de deus, deus sabe o que faz, deus te abençoe, o amor é que vale, o amor é tudo, deus é fiel). Devolver aos indígenas um milésimo das terras que lhes foram roubadas, para que possam viver? Jamais! Coisa de comunistas! 

O fato de 6 famílias possuírem riqueza igual a 50% da população parece não irritar muita gente. 

Mas qualquer projeto de socializar as fantásticas riquezas da natureza brasileira é vista como coisa condenável, coisa de comunistas. 

Eu não vou concluir que nós cristãs e cristãos somos pessoas especialmente más. Não! Não somos nem melhores e nem piores que outras pessoas. Queremos praticar a nossa fé e viver a ética do amor ao próximo. Há muitos exemplos elogiáveis de amor e solidariedade, de pessoa para pessoa, de indivíduo para indivíduo, de apoio a instituições filantrópicas. 

O problema começa quando se trata de INTERMEDIAR O AMOR ATRAVÉS DA POLÍTICA. É aí que a porca torce o rabo e a vaca vai pro brejo, com corda e tudo. É aí que tudo se confunde e o ódio toma conta. 

Onde está o problema? O problema é nossa resistência a duas análises:
1) Não queremos analisar e compreender a realidade social em que vivemos.
2) Não queremos analisar o perfil do Partido Político em que votamos. Não me refiro às promessas dos candidatos que sempre prometem trabalhar para os pobres. Refiro-me ao perfil dos seus PARTIDOS.

Preferimos dividir as pessoas em boas e más, colocar-nos no lado dos bons, condenar os pobres e classificar de comunistas quem faz projetos políticos para integrá-los. Mas só conhecendo o partido, e qual a classe social que representa, qual o modelo político que quer implantar, somente então saberemos como melhor viver nossa fé na nossa prática política e como viver a ética cristã do amor ao próximo dentro da nossa realidade.

Só faz boa colheita o colono que conhece sua roça. Só conseguiremos praticar a INTERMEDIAÇÃO POLÍTICA DO AMOR quando conhecemos a história do nosso País, a realidade social em que vivemos, a classe social que cada partido representa e o programa de governo que vai implantar. Então, sim, poderemos engajar-nos na prática de um amor ao próximo corajoso, amplo, transformador, com resultados sociais positivos e que melhora a qualidade de vida das pessoas que foram empurradas para a margem.

Caso contrário perigamos pregar amor mas praticar desamor, com a melhor das intenções. E seremos cristãos piedosos, mas seremos maus cidadãos.

Já dizia minha mãe: “Quem não conhece o lugar onde bota os pés vai derrubar com a bunda o que tenta construir com as mãos”. Que grande sabedoria!

Quando nos negamos estudar a realidade social em que vivemos; quando nos negamos estudar o perfil dos partidos políticos que votamos, podemos tornar-nos cruéis negadores da fé que proclamamos; podemos tornar-nos violentos destruidores do amor que tanto exaltamos.

Além disso, podemos tornar-nos ridículos, porque denunciaremos como comunistas aqueles que realizam corajosamente o que nós pregamos, mas que não queremos realizar. Não porque somos maus, não porque cremos pouco, não por falta de fé e de religião, não porque não queremos amar, mas porque não fazemos análise da realidade em que vivemos.”

A MULHER NEGRA E O PILÃO DA HISTÓRIA

Aquela mulher negra passou a vida no pilão
Moendo e remoendo anos de amargura e sofrimento
Dia após dia no sobe desce do pilão
Subindo com a esperança de liberdade
Descendo com a desesperança dos degredados
Batendo
 Socando
 Triturando
 Esmagando
 Moeu toda sua existência no cativeiro do colonizador
Que destruiu seus sonhos de liberdade
De viver livremente
Sonhar sem correntes
Ter uma família livre para amar e cuidar
Os filhos que pariu foram através estupro
Do escravo reprodutor e do sinhozinho
Todos foram vendidos
E estão sofrendo pelo mundão
Nenhum ficou para ser acalentado
Estão sendo triturados
O pilão também triturou a vida da mulher negra
Transformando vida em sofrimento
A negra masca fumo e escarra o sentimento do mundo
Traz nas mãos o sangue da escravidão
Sangue pisado nas mãos ancestrais
Sangue negro pisado na história
Existência negada
Esfarinhada
No pilão restaram alguns reflexos
De lindos sonhos negros de liberdade nas savanas africanas
Sonhos que foram esmagados na realidade da dor
Conjugados no verbo amar-gar
Sonhos despedaçados
Estilhaçados
Tudo virou pó
Uma vida virou pó
O pilão esmagou a vida
O pilão massacrou a liberdade
O pilão arrebentou com o futuro daquela mulher negra
É a mão do colonizador sempre esmagando a liberdade
Pulverizando os sonhos de felicidade
O colonizador esmaga a beleza da vida no pilão da dominação
Haverá de ser julgado no pilão da história
Transformado em pó pela mão calejada da alma da mulher negra

sexta-feira, 10 de junho de 2022

O GOLPE TABAJARA BRASILEIRO E O FANTASMA DE MARIELLE FRANCO QUE ASSOMBRA A FAMÍLIA BOLSONARO

Noto que há um frisson acerca da possibilidade de um golpe militar durante as eleições de outubro no Brasil. Lembro do personagem do Henfil, o Dudu Alarmista, que via conspiração por todos os cantos. Não quero aqui cumprir papel de oráculo do mundo político, pois não tenho capacidade para tal. Porém, alguns aspectos sobre a possibilidade de quebra da institucionalidade precisam ser considerados, como por exemplo, a nova conjuntura da geopolítica global.
O Brasil desde o Governo FHC até o Governo Temer era um forte candidato ao Conselho de Segurança da ONU e por conseguinte, tornar-se um global player, chegando a atuar junto com a Turquia na condição de mediador na crise do Irã. Enviamos tropas para o projeto de pacificação do Haiti e investimos fortemente na consolidação do Mercosul e do BRICS enquanto grupo político global.
O fim do alinhamento automático do Brasil aos EUA, custou um preço muito alto para os governos do PT. Ao desenvolver o projeto PROSUB do submarino nuclear brasileiro com os franceses, o Pré Sal com os chineses e adquirir os novíssimos caças supersônicos Grippen da FAB com os suecos, o PT rompeu com uma tradição de alinhamento centenário com os EUA. Alguns podem lembrar da visita de Biden ao Brasil na tentativa de dissuadir o governo brasileiro de comprar os caças suecos para comprar os aviões de caça dos Estados Unidos.
O golpe fatídico que decretou o fim dos governos petistas no Brasil foi a criação do novo banco multilateral dos BRICS com sede em Singapura. O bloco político, que é composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, compõe quase 50% da população mundial, que significa um ótimo ambiente para negócios e parcerias. A criação do banco multilateral ameaça e muito a hegemonia dos EUA nos aportes financeiros às nações do complexo tabuleiro da geopolítica global. Os tradicionais empréstimos, além dos juros a pagar, trazem em seu bojo empresas dos EUA que participam de diversas maneiras dos programas de desenvolvimento dos países beneficiados com os empréstimos. O banco do BRICS quebra a hegemonia do Banco Mundial e do BID, onde os EUA são hegemônicos. Para os caciques do Departamento de Estado dos EUA os governos do PT foram longe demais ao ameaçar a dependência histórica do Brasil em relação aos EUA.
Para deter a desidratação econômica e política na relação Brasil x EUA, foi decretado o fim da era do PT no Brasil. A grande articulação empenhada no processo, aliou empresários corruptos, a banda podre do Congresso Nacional, os militares, o Judiciário com o STF incluso, além dos meios de comunicação corporativa. O país foi transformado em um cassino político/judicial, com manchetes espetáculo das sendo veiculadas diariamente, visando a mobilização da sociedade contra as administrações petistas. O processo foi tão caótico que quem decretou o impeachment da presidente Dilma Roussef foi o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que preso e condenado agora cumpre pena por corrupção.
Todas os processos e condenações contra Dilma, Lula e o PT foram anulados pelo Judiciário. O juiz que promoveu uma verdadeira devassa nas hostes petistas, o ex-juiz Sérgio Moro, foi declarado parcial pela Suprema Corte, após ter assumido o Ministério da Justiça do governo que se beneficiou com a sentença proferida por Moro, que retirou Lula da disputa presidencial, declarado vencedor do pleito conforme indicavam todas as pesquisas de opinião.
O presidente Bolsonaro ao assumir o governo, teve como primeiro ato político declarar amor ao ex-presidente Donald Trump e alinhamento automático aos EUA, então sob sua gestão de extrema direita. 
O que foi levado adiante todos sabemos, quando iniciou-se no Brasil um processo de privatização dos mais deletérios que se tem notícia. A venda da BR Distribuidora, Eletrobras e outras de menor porte foram um teste de tolerância com a população. Como não houve reação, estão planejando como privatizar a Petrobras, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.
No conjunto de desmonte do golpe, outras medidas somaram-se às privatizações, como a aprovação da reforma da previdência com o prolongamento da vida laboral dos trabalhadores adiando suas aposentadorias, reforma trabalhista com o enfraquecimento das entidades representativas dos mesmos trabalhadores, suspensão dos concursos públicos e dos reajustes salariais dos servidores da União.
O projeto de retomada do Brasil pelos EUA, foi concluído sem a necessidade de utilizar através da guerra, do imenso aparato militar estadunidense, como foi feito no Iraque, por exemplo. Com o golpe no Brasil e a assunção de Bolsonaro ao poder, o Mercosul e o BRICS foram abandonados, o Pré sal passou para as empresas do ocidente rico e o projeto do submarino nuclear foi afogado.
Voltando ao golpe de outubro, não há nenhuma necessidade política para fazê-lo, pois, tudo voltou a ser como antes no quartel de abrantes. A única possibilidade de golpe que vejo no horizonte seria para blindar a família presidencial e alguns generais que podem ter se locupletado enquanto estiveram no poder, além de algumas pendências gritantes como os responsáveis pela morte da vereadora Marielle Franco no Rio de Janeiro e do Capitão Adriano na Bahia. Ainda há a pendência com a gerência da crise de Covid pelo Ministério da Saúde tendo o General Pazuello à frente da pasta. Certamente todos esses malfeitos serão investigados seriamente depois que Bolsonaro deixar o governo caso perca a eleição.
Se houver golpe ele não será pela preservação da institucionalidade democrática e sim pela imunidade da criminalidade.

O FASCISMO ATACA O NOME DE DONA ZILDA ARNS

O município de Duque de Caxias vai trocar o nome da escola Dra. Zilda Arns Neumann, que batiza uma escola pública do Parque Uruguaiana, no município, por outra designação com um nome de menor expressão para a população daquele território. 
Dona Zilda perdeu a vida em um terremoto no Haiti, onde trabalhava em prol dos desassistidos. Atuou profundamente junto a população caxiense no tempo do Bispo Dom Mauro Morelli, durante os primórdios da Pastoral da Criança e Pastoral da Pessoa Idosa. 
Retirar o nome de Dona Zilda Arns é uma bofetada que os psicopatas que ocupam o poder no Município de Duque de Caxias dão no primado dos Direitos Humanos e na própria Igreja Católica.
O Brasil está muito doente. Parece que está renunciando ao avanço do processo civilizatório natural das sociedades. Aviltar o nome de Dona Zilda Arns dessa maneira demonstra que em pouco tempo chegaremos aí período medieval.
O Sindicato dos Profissionais da Educação - SEPE, de Duque de Caxias está denunciando a manobra fascista do poder local na tentativa de evitar no nascedouro a infeliz iniciativa.

quinta-feira, 9 de junho de 2022

AMAZÔNIA EM CHAMAS II


O presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal é o Vice-presidente da República, o General Hamilton Mourão. É assustador constatar que a região onde estão desaparecidos o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista da Funai Bruno Pereira, Atalaia do Norte/Vale do Javary é uma área totalmente abandonada pelo estado brasileiro e popularmente conhecida como "terra de ninguém".
O estado de anomia que prevalece na região, gerou uma profunda desregulação na harmonia e no pacto social institucional da coletividade.  Por conta disso, a região colapsou institucionalmente, no que tange ao conjunto de regras democráticas e disciplinadoras, passando a vigir o poder da opressão marginal. Esse sistema impõe uma metodologia de controle através de polos criminosos como, narcotráfico, garimpo ilegal, extração de madeira ilegal, caça ilegal, biopirataria, invasão de áreas indígenas, assassinatos e prostituição de menores. A própria base da Funai local, por exemplo, já foi atacada a tiros oito vezes nos últimos dois anos.
O que faz o presidente do Conselho da Amazônia? O que as Forças Armadas, Polícia Federal, Ibama, Funai, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros estão fazendo na região? Como permitem que todos esses malfeitos ocorram sob suas barbas? Se o país tivesse um Congresso Nacional de verdade, e não um balcão de negócios como é hoje, certamente promoveria uma apuração séria sobre os eventos deletérios que ocorrem nessa "Terra de Marlboro" que é Atalaia do Norte.
Os esforços para rastrear os celulares foram em vão. O barco que os dois estavam usando também desapareceu. Os rumores acerca de uma emboscada estão cada vez mais robustos. O tempo na Amazônia é o pior inimigode quem está perdido na floresta. As chances de encontrá-los com vida são cada vez menores. Caso o duplo óbito dos desaparecidos seja confirmado, a devastadora notícia será uma punhalada mortal na já combalida candidatura de Bolsonaro à própria reeleição. Será a facada ao contrário, a punição pela farsa da facada fake que foi utilizada na última eleição.
Nada compensará a perda de duas vidas tão importantes para a sociedade e para o meio ambiente. Porém, de onde estão, estarão sorrindo, pois seus martírios serviram ao menos para trazer de volta a democracia para a nação brasileira.

terça-feira, 7 de junho de 2022

AS ASAS DE CERA DE SERGIO MORO

Na mitologia grega, Ícaro era filho de Dédalo, arquiteto talentoso que servia ao Rei Minos de Creta. Dédalo orientou Ariadne os segredos que permitiram a saída de Tendeu do labirinto onde vivia um terrível minotauro. Com sua habilidade, Dédalo construiu asas constituídas por penas de pássaros que eram ligadas por cera.
Ícaro resolveu usar as asas construídas por seu pai para deixar Creta e conhecer o mundo. Seu pai o orientou a nunca chegar perto da água e tampouco perto do sol, pois as asas derreteriam e ele se precipitaria em queda livre dos céus até o chão
Ícaro resolveu partir utilizando suas asas e ficou verdadeiramente encantado com a beleza do mundo. Ao dirigir-se cada vez mais alto, encantou-se com o sol e sem perceber, teve as asas derretidas pelo calor do sol. O jovem perdeu a vida ao cair no mar, vítima de sua própria ambição de querer atingir alturas que não estavam ao seu alcance.
Sou tentado a acreditar que a história sempre se repete. Na política então nem se fala. Se fizermos uma breve panorâmica sobre a história política do país, podemos assistir a cenários bastante epistemológicos, na medida em que na política, se tira de onde não vem e se põe onde não cabe.
O exemplo mais vísceral que podemos analisar é a carreira política do ex-juiz Sérgio Moro. Fé obscuro juiz da primeira instância de uma vara federal do Paraná, ao achincalhameto moral a que está sendo submetido atualmente. Moro começou a atrair holofotes para si quando do famigerado e inexplicável Caso Banestado, onde bilhões de reais foram remetidos ao exterior pelo conhecido doleiro Youssef, que depois surgiu com toda a pompa na Operação Lavajato. Essa operação Banestado nunca foi devidamente explicada para a sociedade. Os prejuízos foram enormes e nemhuma pessoa proeminente foi condenada e o cadê entrou para as calendas da história.
O juiz Moro surge novamente na Operação Lavajato, que visava investigar desvios na Petrobras durante os governos Lula e Dilma do PT. A operação teve uma repercussão hollywoodiana. Diariamente os jornais televisivos traziam novas informações cercados do maior alarde possível. As operações da Polícia Federal eram comunicadas aos meios de comunicação que acompanhavam os comboios policiais e transmitiam as prisões, muitas ilegais, ao vivo, destruindo currículos e reputações.
O verdadeiro intuito da Lavajato era a derrocada do PT e suas lideranças. A mídia corporativa, aliada ao judiciário, lideranças empresariais e Congresso Nacional, criaram as condições necessárias para que a presidente Dilma sofresse impeachment e o ex presidente Lula fosse preso e impedido de participar da eleição que venceria no primeiro turno, caso a disputasse.
O juiz Moro tornou-se uma celebridade nacional ao enviar o ex-presidente para o cárcere. imputou 9 anos de cárcere para Lula, pena que foi ampliada para 12 anos pelo Tribunal Federal do Paraná, todos amigos pessoais, sendo que um deles compadre de Sérgio Moro.
Os deuses da glória não sorriram ao ex-juiz como ele esperava. As gravações providenciais e acidentais de um hacker solitário revelou toda a tramóia para retirar Lula da disputa em detrimento da vitória de Jair Bolsonaro. O acordo para garantir que Lula fosse preso e impedido de participar vida eleição exigiu um verdadeiro esforço de engenharia política.
Prisões espetaculosas realizadas pela Polícia Federal, a tentativa de prisão coercitiva de Lula acompanhada pelo helicóptero Globocop da Rede Globo, o escândalo para comprovar a posse de um par de pedalinhos mixurucas no sítio do Jacó Bittar e a tentativa de imputar a posse de um apartamento furreca no Guarujá, para um palestrante que recebia 250 mil reais por duas horas de palestra, tanto no Brasil como no exterior. A turma de Sérgio Moro devassou a vida de Lula e de seus familiares de todas as maneiras possíveis. Até o tablet do falecido Arthur, netinho de Lula, foi confiscado pela Polícia Federal. Nunca houve uma devassa tão intensa no Brasil republicano.
Toda a farsa caiu por terra e o já ex-juiz, agora ministro da justiça do governo Bolsonaro, conforme o acordo, aguardava sua vez de assumir uma das duas vagas que Bolsonaro teria que indicar só Supremo Tribunal Federal – STF. Com o tempo o roto foi estranhando o rasgado e a briga de egos e sem poder para tocar o ministério, Sérgio Moro deixou a esplanada dos ministérios pela porta dos fundos, ferido politicamente magoado moralmente.
Sem possibilidades em Brasília, Moro inicia uma nova vida na banca de advocacia privada. Celebrou um contrato com uma empresa estadunidense de advogados, onde passou a tratar dos interesses das empresas que ele havia destruído enquanto poderoso chefão da Lavajato.
Sua credibilidade foi só chão, tanto por assumir o ministério do presidente que ajudou a eleger ao colocar Lula na prisão como assumir um escritório de advocacia que recuperava judicialmente as empresas que ele próprio havia quebrado. Seu fundo de poço aconteceu quando a corte suprema anulou os processos e todas as sentenças que ele proferiu contra Lula, decretando a sua parcialidade enquanto juiz. Foi o fim do herói condecorado pela Globo que era aplaudido de pé quando adentrava em qualquer restaurante do país.
Hoje o ex-juiz transformou-se em um ectoplasma político. Os políticos que antes o cortejavam, hoje fogem dele como o diabo foge da cruz. De candidato a presidente passou a candidato ao Senado e agora luta por uma vaga a Deputado Federal pelo Paraná, pois seu registro eleitoral pelo estado de São Paulo foi cancelado pelo TER paulista por flagrante fraude eleitoral.
No fundo do poço, Moro deve lembrar com desgosto a declaração profética que Lula lhe fez durante um dos muitos interrogatórios a que foi submetido. Lula vaticinou: “ Dr. Moro, hoje estão fazendo comigo, amanhã farão com o senhor”.
Como na mitologia grega, na lenda de Ícaro, Sérgio Moro vestiu asas de cera e encantado com o poder rumou célere para o alto, esquecendo-se que suas frágeis asas de cera derreteriam ao se aproximar demais do olimpo político brasileiro. Hoje amarga a desilusão de ter servido de boi de piranha para os poderosos da política brasileira. Enfim sentiu a queda às águas gélidas do mar da indiferença política, a pior das indiferenças no mundo dos ambiciosos.

AMAZÔNIA EN CHAMAS

A Amazônia mais uma vez volta ao cenário internacional. Desta vez o motivo é o sumiço do jornalista Dom Philips que estava acompanhado do indigenista Bruno Pereira. Não se sabe ainda se estão vivos, a região é um pedaço esquecido do Brasil profundo e quem conhece a Amazônia evita a região, sabendo que o território é “terra de ninguém”.
O Vale do Javari é uma região de fronteira da Amazônia, localizada no município de Atalaia do Norte. Seus limites encontram o território peruano e colombiano, onde pululam atividades ilegais como tráfico de drogas, extração de madeira, mineração e caça. O território tornou-se altamente explosivo após a assunção de Bolsonaro à presidência.
O apoio político e moral do governo contra os direitos adquiridos dos povos indígenas têm causado uma verdadeira onda de violações na região de Atalaia do Norte. O território indígena em tela é a maior região de povos isolados do planeta, significando que existe uma cultura que desconhecemos e que pode oferecer respostas para várias indagações que fazemos hoje. Os povos indígenas isolados que vivem naquelas terras, que falam a língua original Pano, podem nos ensinar e mostrar formas de curas para diversas doenças, manipulação terapêutica da flora e a interação c a natureza.
Atualmente os indígenas da região vivem tempos ameaçadores. Existem diversos projetos no Congresso Nacional voltados para a exploração daquele território. O governo Bolsonaro incentiva de maneira discreta a ocupação da área indígena por empreendimentos econômicos, não de portando se legais e ilegais. Por conta disso o interesse pelo território por grupos de malfeitores tem se intensificado com muita velocidade.
O indigenista Bruno Pereira que acompanha o jornalista britânico é muito experiente no trato com a região. Bruno é funcionário licenciado da Funai e há mais de 15 anos trabalha na região com os povos indígenas isolados. O conhecimento da região por parte de Bruno é um alento de esperança para que sejam encontrados com vida.
Esperamos que o governo que de maneira leniente permite que a região seja um espaço privilegiado para malfeitores, utilize todo o aparato necessário, como a Marinha, as forças especiais da floresta através do CIGS, a Polícia Federal e a Funai em parceria com as lideranças indígenas.
Vergonha internacional!

sexta-feira, 3 de junho de 2022

COMO O TORORÓ DA ANITA DEU UM GOLPE NO GOLPE E PEGOU OS BREGANEJOS COM A MÃO NA BOCA DA BOTIJA

A música sertaneja (nem tinha esse nome, era música caipira) é um estilo que surgiu com outra poética. O universo de inspiração dos cantadores era totalmente diferente do que se canta hoje pelos midas da . Antes se cantava de coração, as duplas tinham seus estilos, cada qual com seu singelo mundo de fantasia, que é a verdadeira característica do sertanejo raiz
 Quem gosta ou acompanha o verdadeiro sertanejo raiz sabe que o universo de inspiração dos compositores do gênero sempre foi infinito. Quando visitamos Tião Carreiro e Pardinho, Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Palmeira e Biá, José Rico e Milionário, Sérgio Reis,  entre tantos outros, podemos usufruir de  repertório riquíssimo e emocionante. São verdadeiras óperas à céu aberto onde o  sertanejo raiz descortina do seu próprio jeito a vida no grande sertão e nas veredas da vida. A caçada de espera e o medo do esturro da onça pintada, a pescaria nós rios e o medo da cobra grande, o amor do peão e da sinhazinha, o vaqueiro domador de cavalos, as festanças das comitivas que cruzavam os sertões trazendo para "sumpalo" gado selvagem cuiabano, a colheita da lavoura de café, a casinha branca no meio do nada com a morena Rosinha aguardando a chegada do peão que estava na lida, o pai vaqueiro que forma a filha doutora, o filho que gasta a fortuna do pai, o boi mandingueiro, o cachorro de caça fiel e valente, os rodeios famosos e as façanhas dos peões, o boi malvado que não respeita ninguém com prêmio  para quem montá-lo, pelejas de viola, amores, amores, amores, enfim, um universo poético tão imenso e fantástico que tornou-se patrimônio cultural brasileiro.
O cantor Gustavo Lima não é fruto desse patrimônio. É fruto da cafonice, da arrogância, da pobre capacidade poética de rimar paixão, coração e solidão. Do público arrogante e preconceituoso, dos ingressos caríssimos para impor barreiras econômicas aos mais humildes. A cafonália consegue reunir milhares de espectadores em seus shows. Atraem multidões porque o Brasil emburreceu, se tornou uma latrina cultural, um país onde parte da população persegue Chico Buarque e Caetano Veloso. São os representantes da ideologia do efêmero acusando pessoas sensatas de desvios comportamentais e opção política atrasada. Detesto essas pessoas, fujo delas, não quero conversar com elas, não namoro mulheres desse grupo, não divido mesa com eles. Tenho nojo e medo dessa gente burra e cafona. 
Essa malta ignóbil atacou duramente a Lei Rouanet acusando os artistas de perfil diferente de serem comunistas, corruptos, de mamar nas tetas do estado. Na roça se fiz que o castigo vem à cavalo. Ao atacar a tatuagem no tororó da Anita o sertanejo universitário ou breganejo tomou na tarraqueta e viu seu mundo virar de ponta cabeça. De probos vestais passaram a ser repudiados pela opinião pública. Aliás, como justificar pagamentos de shows na casa de milhão de reais com verba da Saúde e da Educação.
A máscara caiu. Haverá de se ver até que ponto essas contratações sem licitação não são campanha política para o Governo Bolsonaro. Nos shows dessas duplas sertanejas que estão envolvidas no escândalo, locutores animadores bradam contra o comunismo e pela preservação da família brasileira. O correto seria auditar todos esses shows e principalmente constatar o valor que foi pago. Certamente parte do cachê está indo para as mãos dos políticos envolvidos na treta como doação de campanha que certamente encherá mais ainda seus bolsos.
Enquanto a roubalheira come à solta, as crianças precisam andar quilômetros pelas estradas de barro para irem ao grupo escolar. A merenda das escolas que caem aos pedaços são de péssima qualidade e os professores são pessimamente remunerados.
A Saúde é um calvário para a população. Faltam médicos, remédios, procedimentos simples, atenção vá gestante e programas voltados para a saúde e bem estar da terceira idade.
Negar ao povo pobre as condições mínimas necessárias para uma sobrevivência digna em detrimento a enriquecimento de artistas e políticos corruptos é crime de lesa humanidade. Ainda há o agravante de utilizar esses shows contratados com dinheiro público, para fazer campanha política para a reeleição do atual Presidente da República, que baixaria! Que falta de vergonha! Pobre Cultura! Pobre Saúde! Pobre Educação!
Tudo tem seu valor. Porém, na política, a palavra mágica possui quatro letras e não é amor, é voto. 
A polêmica que envolve os 'cantores'
 breganejos espelha uma dimensão assustadora do golpe de 2016. Após tirarem a Dilma e prenderem Lula com a terceirização do juiz Moro, o golpe segue a passos firmes rumo à hiperhegemonia prevista por Olavo de Carvalho.
Avançando ora de maneira sutil como as trocas de comando da Polícia Federal e outros órgãos afins, ora escancarado, como é o caso do orçamento secreto e das 'emendas cheque em branco'.
O estado brasileiro está absolutamente aparelhado pelo governo Bolsonaro. Podemos incluir também as polícias e parte das Forças Armadas.
O golpe porém, torna-se mais eficiente quando aparelha o comando das igrejas neopetencostais, cravando um prego bastante profundo nas camadas mais populares do povo brasileiro. 
Não existe espaço vazio na política. Esses setores pobres da população estavam flutuando na sociedade, relegados ao limbo político pelos governos anteriores. Eles não queriam só comida, eles queriam mais, queriam ter voz, queriam ser cidadãos de verdade e não somente portadores de um cartão que garantia alguns mantimentos no fim do mês.
O golpe visualizou a lacuna e jogou pesado com a contra informação ou fake news. Do kit gay à mamadeira de piroca, da Ferrari de ouro do Lulinha à JBS da Dilma, o golpe fez um estrago nas hostes esquerdistas.
Não pense que pararam, não, eles nunca param. Agora precisavam entrar na juventude do interior, naquele público que também estava boiando nos mapas eleitorais. É aí que entram os cantores breganejos. 
O golpe engendrou uma equação ganha/ganha sem igual. Os prefeitos dos rincões recebem grandes nomes da música sertaneja,esses cantores cobram acima do milhão de reais, fazem campanha para o governo Bolsonaro, no alertando para o perigo da instalação do comunismo e todos ficam felizes, pois ao contrário da Lei Rouanet, esses gastos nesses municípios não entram no farol dos órgãos de controle. Por isso a cantilena contra a Lei Rouanet. Eles ao fazerem isso, desviavam a atenção da sociedade para que as falcatruas deles passasem incólumes. Uma maneira inteligente porém criminosa de fazer campanha política, utilizando dinheiro da Saúde e da Educação em lugarejos quase que miseráveis.
O golpe continua seu curso. Querem entregar a Petrobrás e a Eletrobras, para depois venderem a Caixa Econômica e a cereja do bolo que é o Banco do Brasil.
Esse grupo que está no poder é muito perigoso. Certamente já fizeram seus planos de abandonar o país caso percam as eleições ou então sabotar aeronaves dos candidatos que estiverem melhor colocados nas pesquisas eleitorais, tudo é possível.
Os sertanejos são a pequena parte da ponta do iceberg de lama que se avizinha.

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Olhar de Folhetim

De nada adianta chorar o que passou
O viço de outrora que o tempo levou
Foi se largando por aí, pela vida, sem eira nem beira
Pelas noitadas, madrugadas, carreiras e bebedeiras
Foram tantas tentativas, tantos erros, tantas marcas de amor
Marcas doídas e sofridas
Marcas de vida que o rouge teima em ocultar
Cumpro minha cruzada em silêncio, em solidão
Minha tosca rotina vive bares repletos de aflição
Enfrento meus moinhos de vento porém sem o escudeiro
Quero um copo amigo, quem sabe um corpo amigo, um parceiro
Um corpo como abrigo, quem sabe verdadeiro
Me abrigar das tormentas que me atormentam nesse louco mundo picadeiro
Ouvir um tango de Gardel, onde o bandoleón passional envolva meus soluços em arte e dor
Peço uma dose de amparo e o garçom me diz que acabou há tempos
Até um falso beijo amargo me faz crer que eu possa amar
Mas qual o quê!
Sigo a sina de mulher sozinha nessa vida sem afeto
Perdida na vida como cão sem dono
Perdida no próprio abandono
Consumindo sonhos e desejos
Tragando homens, álcool e cigarros
Homens fracassados e vis com seus beijos senis
Mesmo assim digo sim às propostas carentes
Não tenho porque dizer não
Sou minha dona, atrevida, sou da vida, quase bandida
Não tenho família para abraçar aos domingos
Aceito a cópula com delicadeza
A mesma delicadeza com que se confeita um bolo de noiva
Mesmo investida de falsos brios
Sei que somos humanos estranhos, diferentes, sombrios
Cúmplices indecentes em nossos sorrisos pérfidos e amarelos
Lentamente o álcool me aquece
Aos poucos me incendeia em fogo
Me entrego ao seu calor para esquecer a dor
Mergulho na falsa sensação de amor, é o que me resta, é o que tenho
Minhas dores são tão presentes que nunca se tornam passado
Marcas de uma vida sem recato
 Adicta do presente devasso e hedonista
Carrego marcas gloriosas de ferozes luta de cio
Não fui à lona, não estou derrotada
Sou esperta e sagaz
Sei fingir prazer, sei ser teatral
Divido pó e pecados igualmente
Não necessariamente nessa ordem
O prazer marginal tem um ótimo sabor, é agradável
O sabor do interdito nos eleva em torpor ao inimaginável
É tanto revés, submundo, falsidade
Que até parece que é amor de verdade
E quando a aurora invade o quarto atrevida e curiosa
Assusta-se com o sabor intragável do ambiente
Meu corpo é a Tróia invadida, conquistada e colonizada por um Menelau sociopata e vazio
Jaz lasso sob os escombros de um fogo que o consumiu violentamente
São abertas as cortinas do palco da vida onde o cenário é cruel e aterrador
No campo de batalha somos guerreiros feridos pela vida
Onde a indiferença e o arrependimento predominam em uma cama sem sabor
O ar fresco da manhã é tomado pelo gosto amargo da derrota e da dor
Em lágrimas ocultas apago o cigarro
 Incinero nas cinzas os teus cheiros das outras mulheres, do teu suor, da tua bebida
Rota colombina embriagada de um pobre pierrô de vida corroída
Não sou imortal, posso ser frágil, mas sou fatal
Sou do botequim, sou a diva dos desesperados, sou da rua
Dama dos restos, dos copos solitários e dos seres abandonados
Sou o falso sorriso que sempre diz sim
Mas meu amigo eu lhe recomendo
Nunca acredite no meu olhar de folhetim.