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Eu Negro

segunda-feira, 19 de abril de 2021

 


BARCA DO DEGREDO



 Noite fria, madrugada de estio

Brisa quente, sopro de vida, primavera

Ninguém disse que amar é agonia

Em um trem que corta a vida e não espera

 

Mariposas beijam as luzes da cidade

Buscando sonhos perdidos na eternidade

Vulcão de amor que virou cinza em fogo morto

Sob o olhar de um triste anjo torto

 

Vida que passa espelhada nas vitrines

Onde o amor se exibe em seu reflexo

O tempo passa e a humanidade segue a sina

Fazendo guerras, revoluções, amor e sexo

 

Não há destino que apague um grande amor

Sentimento que consome em perdição

Força estranha despedaça como um raio

Fazendo a mente ser cativa ao coração

 

Pelos canais da existência sigo em frente

Sigo na nau dos deserdados mar afora

Levando a gente sem amor pelos baixios

Singrando as águas de esperanças de outrora

 

Sigo na barca dos renegados em triste fado

Ígneos portais do purgatório me recebem

Recebem a barca do degredo na corrente

Com exilados do amor eternamente.

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