George Floyd - A Palavra de Ordem é Ar
O ativo mais importante do planeta
não é ouro, prata ou dólares. O ativo mais importante do planeta para os negros
é o ar. Ar que foi negado a George Floyd, em Minneapolis, cidade de Minesota
nos EUA.
Nós negros nascemos ansiando por
ar. As maternidades das periferias são sufocantes, as casas que crescemos
geralmente são superpovoadas e com pouco espaço para individualidades. Nossos
salões de bailes são superlotados, assim como nossos supermercados, ambientes
de trabalho, nossos transportes coletivos, nossas escolas, nossos bares e
nossas igrejas.
Nossos antepassados vieram em
sufocantes navios negreiros. Assim como sufocantes eram as rústicas e desumanas
senzalas. A vida cotidiana do trabalho no eito também era irrespirável. O ar
sempre nos foi negado.
George Floyd não queria dinheiro,
não pediu por alimentação e sim por um tantinho de ar para que pudesse
sobreviver. Precisava de um mero fio de ar para manter sua vida, mas lhe foi
negado por um policial branco que o sufocava com as mãos nos bolsos, como se
estivesse assistindo a uma partida de futebol ou observando pássaros.
A vida do negro não importa para
os racistas e defensores da supremacia branca. Eles comemoraram a morte do
negro do Minesota em lúgubres encontros clandestinos regados à leite, símbolo
cultuado pelos supremacistas.
Tentam nos manter curvados e
submissos nas mais diversas situações: no mercado de trabalho, nas escolas e
universidades, nos trens e ônibus do cotidiano, nas unidades públicas de saúde,
na fila da previdência, da seguridade social, na afetividade, nas comunidades e
em todos os lugares onde existam outras etnias compartilhando os mesmos
espaços.
Antes clamávamos por igualdade.
Agora o eixo da luta dará uma guinada, pois, nos ideários da luta pelos
direitos civis, na doutrina antirracista, não há a reivindicação por ar. Agora
torna-se mister que haja, pois, nas internações da Covid19 a maior mortalidade
está entre os negros, esses que não possuem condições financeiras para pagar um
seguro de saúde privado. Estão morrendo aos montes nos hospitais públicos,
sufocados por falta de ar, pois os respiradores não são suficientes. Para os privilegiados
que não dependem da medicina pública os respiradores não faltam, pois são
atendidos na rede privada, repleta que está desses engenhos respiratórios.
A luta por ar seria a ultima
coisa que esperávamos enfrentar em tantos anos dedicados à luta antirracista.
Ar por favor.
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