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Eu Negro

sexta-feira, 23 de abril de 2021

 

George Floyd - A Palavra de Ordem é Ar 



O ativo mais importante do planeta não é ouro, prata ou dólares. O ativo mais importante do planeta para os negros é o ar. Ar que foi negado a George Floyd, em Minneapolis, cidade de Minesota nos EUA.

Nós negros nascemos ansiando por ar. As maternidades das periferias são sufocantes, as casas que crescemos geralmente são superpovoadas e com pouco espaço para individualidades. Nossos salões de bailes são superlotados, assim como nossos supermercados, ambientes de trabalho, nossos transportes coletivos, nossas escolas, nossos bares e nossas igrejas.

Nossos antepassados vieram em sufocantes navios negreiros. Assim como sufocantes eram as rústicas e desumanas senzalas. A vida cotidiana do trabalho no eito também era irrespirável. O ar sempre nos foi negado.

George Floyd não queria dinheiro, não pediu por alimentação e sim por um tantinho de ar para que pudesse sobreviver. Precisava de um mero fio de ar para manter sua vida, mas lhe foi negado por um policial branco que o sufocava com as mãos nos bolsos, como se estivesse assistindo a uma partida de futebol ou observando pássaros.

A vida do negro não importa para os racistas e defensores da supremacia branca. Eles comemoraram a morte do negro do Minesota em lúgubres encontros clandestinos regados à leite, símbolo cultuado pelos supremacistas.

Tentam nos manter curvados e submissos nas mais diversas situações: no mercado de trabalho, nas escolas e universidades, nos trens e ônibus do cotidiano, nas unidades públicas de saúde, na fila da previdência, da seguridade social, na afetividade, nas comunidades e em todos os lugares onde existam outras etnias compartilhando os mesmos espaços.

Antes clamávamos por igualdade. Agora o eixo da luta dará uma guinada, pois, nos ideários da luta pelos direitos civis, na doutrina antirracista, não há a reivindicação por ar. Agora torna-se mister que haja, pois, nas internações da Covid19 a maior mortalidade está entre os negros, esses que não possuem condições financeiras para pagar um seguro de saúde privado. Estão morrendo aos montes nos hospitais públicos, sufocados por falta de ar, pois os respiradores não são suficientes. Para os privilegiados que não dependem da medicina pública os respiradores não faltam, pois são atendidos na rede privada, repleta que está desses engenhos respiratórios.

A luta por ar seria a ultima coisa que esperávamos enfrentar em tantos anos dedicados à luta antirracista.

Ar por favor.

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