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terça-feira, 20 de abril de 2021

 

A ESCRAVIDÃO NA COLÔNIA


A utilização de mão de obra africana escravizada no Brasil foi a ‘solução’ encontrada pelo Império Português para a difícil empreitada de se utilizar os povos da terra, chamados de índios, que resistiram bravamente desde o primeiro momento ao processo de escravização. Segundo, a Igreja Católica trabalhava na conversão dos seres originais ao catolicismo e aos poucos foi se afastando da ideia de mantê-los na condição de cativos e terceiro, com a chegada a costa africana, Portugal viu que o comércio de africanos escravizados traria grandes lucros para a coroa, além de resolver a questão indígena com a Igreja Católica, que associava os negros africanos ao islamismo e alavancar de vez o desenvolvimento econômico da colônia.

Em meados do século XVI teve início o tráfico negreiro entre a África e o Brasil. Diariamente saía da costa africana um ou dois navios com os porões lotados de africanos sequestrados para serem escravizados no Novo Mundo. Calcula-se que entre 1530 e 1880 foram trazidos cerca de 11 milhões de africanos escravizados. Sendo que se calcula que um terço desse número foi atirado ao mar durante a travessia, ou por doença ou por morte.

A vida do escravo na colônia era duríssima e os que trabalhavam no eito, nas plantações, cumpriam uma carga horária de até de horas por dia, recebendo alimentação insuficiente e sem nenhum atendimento médico ou coisa que o valha. As mulheres negras são um capítulo à parte, pois, durante todos esses anos de cativeiro, foram sistematicamente violentadas tanto pelos senhores da terra como por seus pares africanos a mando do próprio senhor para que pudessem gerar filhos que ao atingir a idade de 8 anos eram comercializados pelos seus senhores, mesmo sabendo que muitos eram seus filhos.

A escravidão gerou em torno de si uma cadeia econômica que durante três centenas de anos gerou muita riqueza para alguns setores, dentre eles podemos citar a indústria naval que construía os navios negreiros. Esses navios cumpriam um circuito chamado comércio triangular, onde eram carregados na Europa com rum, tabaco, armas, pólvora e outros utensílios ambicionados pelos africanos, que já em África eram trocados por africanos sequestrados de suas aldeias. Esses africanos eram embarcados nos navios como escravos para o Brasil. Os navios então, após descarregar o contingente de cativos eram carregados com açúcar e tabaco, rumando logo a seguir para a Europa, que ao chegar reiniciavam o ciclo perverso, chamado comércio triangular.

A escravidão eram uma prática social e econômica que acontecia m África através acordos comerciais entre algumas tribos, com ênfase naquelas localizadas na faixa do litoral do Oceano Atlântico. Essas práticas eram anteriores ao período colonial, onde usualmente as guerras entre as tribos geravam prisioneiros que erma feitos cativos. Alguns escravos eram resultado de delitos que cometiam e assim eram condenados ao cativeiro. A chegada dos portugueses em África desenvolveu a ideia da escravidão enquanto atividade comercial e econômica, que com essa mão de obra barata e inesgotável, impulsionaria de vez a economia do Novo Mundo.

O ambiente do cotidiano do cativo era bastante perturbador. A primeira providência que os traficantes de escravos tomavam ao receber a família de cativos era separá-los.
Trazidos ao ambiente colonial, esses escravos eram usualmente separados de seus amigos e familiares para que evitassem qualquer tentativa de fuga. Após serem vendidos a um grande proprietário de terras, os escravos eram utilizados para o trabalho nas grandes monoculturas e recolhidos em uma habitação coletiva conhecida como senzala. Esse tipo de escravo era conhecido como escravo de campo ou escravo de eito e compunha boa parte da população escrava da colônia.
A rotina de trabalho desses escravos era árdua e poderia alcançar um turno de dezoito horas diárias. As condições de vida eram precárias, sua alimentação extremamente limitada e não contava com nenhum tipo de assistência ou garantia. Além disso, aqueles que se rebelavam contra a rotina imposta eram mortos ou torturados. Mediante tantas adversidades, a vida média de um escravo de campo raramente alcançava um período superior a vinte anos.

Outros tipos de escravos também compunham o ambiente colonial. Os escravos domésticos que viviam no interior das residências tinham melhores condições de vida e tinham a relativa confiança de seus proprietários. Geralmente os cargos domésticos eram ocupados por escravas incumbidas de cuidar da casa, das crianças e, inclusive, estar sexualmente disponível ao seu senhor. Nas cidades, ainda temos a figura dos escravos de ganho, que poderia reverter lucro ao seu dono ao cuidar de um comércio ou vender produtos.
Muitos escravos, quando não submissos ao processo de exploração, articulavam planos de fuga e desenvolviam comunidades autossuficientes costumeiramente chamadas de quilombos. Nesses locais de fuga desenvolviam uma pequena agricultura associada a atividades artesanais constituídas com o objetivo de atender a demanda da própria comunidade. Entre os principais quilombos destacamos o Palmares, que se desenvolveu em Alagoas, na região da Serra da Barriga. Considerado principal foco de resistência negra, Palmares só foi destruído no final do século XVII.
Tendo forte presença no desenvolvimento histórico da sociedade brasileira, a escravidão africana trouxe marcas profundas para a atualidade. Entre outros problemas destacamos a desvalorização atribuída às atividades braçais, um imenso processo de exclusão socioeconômica e, principalmente, a questão do preconceito racial. Mesmo depositado no passado, podemos ver que as heranças de nosso passado escravista ecoam na constituição da sociedade brasileira


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