A ESCRAVIDÃO NA COLÔNIA
A utilização de mão de obra africana
escravizada no Brasil foi a ‘solução’ encontrada pelo Império Português para a
difícil empreitada de se utilizar os povos da terra, chamados de índios, que
resistiram bravamente desde o primeiro momento ao processo de escravização.
Segundo, a Igreja Católica trabalhava na conversão dos seres originais ao
catolicismo e aos poucos foi se afastando da ideia de mantê-los na condição de
cativos e terceiro, com a chegada a costa africana, Portugal viu que o comércio
de africanos escravizados traria grandes lucros para a coroa, além de resolver
a questão indígena com a Igreja Católica, que associava os negros africanos ao
islamismo e alavancar de vez o desenvolvimento econômico da colônia.
Em meados do século XVI teve início o tráfico
negreiro entre a África e o Brasil. Diariamente saía da costa africana um ou
dois navios com os porões lotados de africanos sequestrados para serem
escravizados no Novo Mundo. Calcula-se que entre 1530 e 1880 foram trazidos
cerca de 11 milhões de africanos escravizados. Sendo que se calcula que um
terço desse número foi atirado ao mar durante a travessia, ou por doença ou por
morte.
A vida do escravo na colônia era duríssima e
os que trabalhavam no eito, nas plantações, cumpriam uma carga horária de até
de horas por dia, recebendo alimentação insuficiente e sem nenhum atendimento
médico ou coisa que o valha. As mulheres negras são um capítulo à parte, pois,
durante todos esses anos de cativeiro, foram sistematicamente violentadas tanto
pelos senhores da terra como por seus pares africanos a mando do próprio senhor
para que pudessem gerar filhos que ao atingir a idade de 8 anos eram
comercializados pelos seus senhores, mesmo sabendo que muitos eram seus filhos.
A escravidão gerou em torno de si uma cadeia
econômica que durante três centenas de anos gerou muita riqueza para alguns
setores, dentre eles podemos citar a indústria naval que construía os navios
negreiros. Esses navios cumpriam um circuito chamado comércio triangular, onde
eram carregados na Europa com rum, tabaco, armas, pólvora e outros utensílios
ambicionados pelos africanos, que já em África eram trocados por africanos
sequestrados de suas aldeias. Esses africanos eram embarcados nos navios como
escravos para o Brasil. Os navios então, após descarregar o contingente de
cativos eram carregados com açúcar e tabaco, rumando logo a seguir para a
Europa, que ao chegar reiniciavam o ciclo perverso, chamado comércio triangular.
A escravidão eram uma prática social e
econômica que acontecia m África através acordos comerciais entre algumas
tribos, com ênfase naquelas localizadas na faixa do litoral do Oceano
Atlântico. Essas práticas eram anteriores ao período colonial, onde usualmente
as guerras entre as tribos geravam prisioneiros que erma feitos cativos. Alguns
escravos eram resultado de delitos que cometiam e assim eram condenados ao
cativeiro. A chegada dos portugueses em África desenvolveu a ideia da
escravidão enquanto atividade comercial e econômica, que com essa mão de obra
barata e inesgotável, impulsionaria de vez a economia do Novo Mundo.
O ambiente do cotidiano do cativo era
bastante perturbador. A primeira providência que os traficantes de escravos
tomavam ao receber a família de cativos era separá-los.
Trazidos ao ambiente colonial, esses escravos eram usualmente separados de seus
amigos e familiares para que evitassem qualquer tentativa de fuga. Após serem
vendidos a um grande proprietário de terras, os escravos eram utilizados para o
trabalho nas grandes monoculturas e recolhidos em uma habitação coletiva
conhecida como senzala. Esse tipo de escravo era conhecido como escravo de
campo ou escravo de eito e compunha boa parte da população escrava da colônia.
A rotina de trabalho desses escravos era árdua e poderia alcançar um turno de
dezoito horas diárias. As condições de vida eram precárias, sua alimentação
extremamente limitada e não contava com nenhum tipo de assistência ou garantia.
Além disso, aqueles que se rebelavam contra a rotina imposta eram mortos ou
torturados. Mediante tantas adversidades, a vida média de um escravo de campo
raramente alcançava um período superior a vinte anos.
Outros tipos de escravos também compunham o ambiente colonial. Os escravos
domésticos que viviam no interior das residências tinham melhores condições de
vida e tinham a relativa confiança de seus proprietários. Geralmente os cargos
domésticos eram ocupados por escravas incumbidas de cuidar da casa, das
crianças e, inclusive, estar sexualmente disponível ao seu senhor. Nas cidades,
ainda temos a figura dos escravos de ganho, que poderia reverter lucro ao seu
dono ao cuidar de um comércio ou vender produtos.
Muitos escravos, quando não submissos ao processo de exploração, articulavam
planos de fuga e desenvolviam comunidades autossuficientes costumeiramente
chamadas de quilombos. Nesses locais de fuga desenvolviam uma pequena
agricultura associada a atividades artesanais constituídas com o objetivo de
atender a demanda da própria comunidade. Entre os principais quilombos
destacamos o Palmares, que se desenvolveu em Alagoas, na região da Serra da
Barriga. Considerado principal foco de resistência negra, Palmares só foi
destruído no final do século XVII.
Tendo forte presença no desenvolvimento histórico da sociedade brasileira, a
escravidão africana trouxe marcas profundas para a atualidade. Entre outros
problemas destacamos a desvalorização atribuída às atividades braçais, um
imenso processo de exclusão socioeconômica e, principalmente, a questão do
preconceito racial. Mesmo depositado no passado, podemos ver que as heranças de
nosso passado escravista ecoam na constituição da sociedade brasileira
Nenhum comentário:
Postar um comentário