Vem
aqui comigo meu igual tão diferente
Sou
visitante curiosa no teu mundo
Eu
tenho medo e estremeço quando a noite chega
Com
a ansiedade de voar desnuda sobre teus vales profundos
Geledés
alada em êxtase sequiosa do teu amor
Carregamos
o estigma da dialética da cor
Seres
binários que se buscam
Como
Terra e Lua se atraem e se amam
Em
minha doma, sempre acabo sendo tua
O
mundo nos censura com o dedo acusador
Nos
enfraquece perante o fado que será destino
De
cruzar um oceano navegando em tanta dor
Tubarões
aguardam o salto dos corpos no escuro
Pérfida
travessia dos homens
Há
tanto esquecida por Deus
Tanta
terra que ficou para trás
O aço
frio da proa corta a água entre lamentos
O destino
final é o território da desesperança
Sonhos
mortos ao luar na praia deserta
Percorro
tua saga mapeada em tuas cicatrizes
Elas
me contam que seus deuses entristeceram
Deixaram
de correr pelas savanas
Amor,
consumo vão!
Sofrimentos
que vêm e vão!
Vejo
a porta entreaberta e observo pelo vão!
Onde
todos vão celebrar!
Prazer
de morder, beber e sugar o licor das tuas fantasias
O
mais puro suor negro, retinto, africano
Beijando
tua boca desprovida de verdades
Cheirando
o cheiro de homem sem alma
Cumprindo
a sina de viver em recomeço
Sísifo
existencial na metafísica do ser
Cada
segundo me parece a eternidade
Aceitando
a sina de amar sem receber amor
Viver
o dia a dia de sorrisos infelizes
Bocas
carentes cravam os dentes no pecado da cor
Trazem
entre os dentes a dor do amor
Acorrentada
em suspiros de amores falidos
A
cada beijo te vejo mergulhar no fundo de minh’alma
A
cada mágoa te revivo em chamas e convulsiva
Desfrutando
de meu solitário prazer na ponta dos dedos
Bailarina
do hedonismo digital
Tua
silhueta surge brilhante a cada novo amanhecer
A
névoa do tempo não consegue te esconder
Seres
binários que se atraem e não se tocam
Como
Terra e Lua se amando sempre assim.
Parabéns Amauri!
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