O Brasil se transformou na terra dos horrores. O pior é que está havendo, mesmo que de maneira silenciosa, a naturalização da violência. A mídia corporativa utiliza os acontecimentos deletérios como moto contínuo da sociedade-espetáculo, visando mais audiência e assim mais anunciantes. Quanto mais anunciantes mais a empresa fatura e assim fecha-se o círculo do faturamento capitalista na mídia: notícias sensacionalistas/audiência elevada/muitos anunciantes/anúncios mais caros/mais notícias sensacionalistas.
É de conhecimento público a vinculação dos proprietários dos meios de comunicação de massa com a fatia conservadora do poder. Mais que isso, há uma militância desses barões da mídia em torno das pautas governamentais do governo Bolsonaro. Apesar de torcerem o nariz para o modo errático como o presidente conduz o país, a mídia conservadora prefere apoiar as agendas conservadoras e até inconstitucionais, a chegar perto das pautas dos movimentos vê partidos políticos progressistas. A troca subliminar de acordos e atitudes entre governo e mídia, leva a leniência governamental acerca dos desmandos que acontecem em nosso país.
Os sucessivos acontecimentos que acontecem no Brasil já ultrapassaram nossas fronteiras e escandalizam o planeta. Em um curto espaço de tempo tivemos um refugiado congolês morto a pauladas em um quiosque no Rio de Janeiro, seguido de um cidadão chefe de família executado diante das câmeras com gás lacrimogêneo na caçamba de uma viatura policial. Como de não bastasse, e não fosse suficiente, assassinaram um indigenista e um jornalista britânico na Amazônia a mando de lideranças criminosas da região, causando comoção internacional.
Mal nos recuperamos dessas barbaridades, assistimos atônitos a uma juíza interrogar uma menina grávida que foi estuprada aos dez anos de idade, sugerindo que ela não fosse submetida ao aborto e doasse a criança a um casal que a quisesse adotar. A juíza, como se não bastasse sua atuação desumana, chamou o estuprador de “pai da criança” e sugeriu que a menina “esperasse um pouquinho” para que, segundo suas palavras “o pulmãozinho do feto fosse formado”. Estarrecedor!
Fechando o ciclo de horrores, também assistimos a outro evento inacreditável, que foi a agressão cometida por um Procurador à sua chefe imediata, que sofreu um grave espancamento ao vivo, filmado por pessoas que estavam no mesmo ambiente. A imagem da Procuradora-Chefe com o rosto deformado e ensanguentado, assusta e ao mesmo tempo nos alerta para a direção que nossa sociedade está caminhando.
Com o licenciamento para a compra de 100 mil armas de fogo, durante esse governo, o cenário futuro de nossa sociedade se anuncia como altamente sombrio. Óbvio que a situação tende a agravar com a proximidade das próximas eleições. A prisão do ex ministro da Educação pela Polícia Federal causará um terremoto no cenário eleitoral brasileiro, que compreenderá radicalizações.
A ameaça velada de um golpe por parte do atual presidente, chancelado pelas forças armadas, pode conduzir o país a uma guerra civil. Não podemos comparar com o golpe de 64, pois, hoje possuímos movimentos sociais de esquerda, além de partidos políticos de expressão nacional que reagirão militarmente ao golpe.
Todo esse cenário é oriundo da opção psicopata da mídia em retirar uma presidente eleita do seu mandato e a prisão do candidato Lula à frente das pesquisas, beneficiando Bolsonaro. A sociedade do espetáculo continuará, poia a mídia precisa continuar com seu trabalho de convencimento da população por uma candidatura de direita. Enquanto isso o povo permanece anestesiado entre o bem e o mal, entre a família e a perversão. Parece que o Brasil tomou um ácido e não voltou mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário