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quinta-feira, 16 de junho de 2022

PORQUE O MAL É O QUE SAI DA BOCA.

Cada vez mais consolidado enquanto movimento de massa, a Marcha da Maconha reuniu em sua última edição em São Paulo um público manifestante em torno de 100 mil pessoas usuárias recreativas ou apenas simples simpatizantes.
O evento costuma receber muitas críticas por parte da população conservadora e até de outros movimentos que não admitem a reivindicação que visa a correção de uma desigualdade, ou até mais, de uma desumanidade que proíbe a utilização recreativa ou até o cultivo de uma planta que produz algum tipo de alteração da sensorial idade. A hipocrisia da sociedade não demonstra repugnância em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, que têm a venda e o uso liberados oficialmente. Segundo pesquisa realizada no âmbito do Datasus, 90% dos registros ocasionados por ferimentos nas emergências dos hospitais públicos brasileiros são ocasionados pelos efeitos do consumo de álcool. Obviamente que há nesse caso uma notada preferência pela manutenção da utilização recreativa da planta na marginalidade, que gerou um cluster de corrupção há muito conhecido por todos.
O próprio STJ já emitiu súmula permitindo o cultivo da Canabis para uso medicinal do fármaco, comprovadamente eficaz contra convulsões e outras doenças correlatas. Além disso, a Anvisa autorizou recentemente a venda e importação de 18 medicamentos que possuem como princípio ativo a Canabis.
A sociedade se manifesta de diversas maneiras. As 100 mil pessoas reunidas na Marcha da Maconha em São Paulo não são oriundas do "nada" ou da alienação política. São sim resultado de um movimento de décadas materializado bem heróicas e históricas marchas realizadas há décadas em todo o planeta. Assim como as marchas LGBTs foram oriundas de Stonewall, as marchas pela descriminalização da maconha tiveram seu início em Nova York em 1999. A primeira edição brasileira aconteceu no Rio de Janeiro em 2007, há 15 anos atrás. 
São movimentos políticos legítimos que devem ser aplaudidos, pois, têm como pano de fundo, além da liberdade de opção, o combate sistemático à hipocrisia de nossa sociedade. Que todos os movimentos façam o mesmo. Que marchem todos os anos, mesmo que no início sejam achincalhados e ridicularizados, inclusive por parte da imprensa burguesa. 
O heroísmo do movimento Lgbt e o dos defensores da discriminalização do uso da Canabis foram históricos ao colocarem a cara para bater. Que outros movimentos se espelhem nesses exemplos e enfrentem de peito aberto o preconceito popular, baseados na convicção de suas crenças. 
Não sou gay nem usuário de canabis, porém, sou um inflamado apoiador dos movimentos que visam o exercício da liberdade e da opção de escolha de manifestação com legitimidade.
Espero que no próximo ano a marcha desfile com 1 milhão de apoiadores para que sirva de exemplo para os muitos movimentos anódinos que pululam na Internet.
A marcha não tem como objetivo apenas lutar contra a proibição de fumar um baseado. É uma guerra justa contra a hipocrisia, contra o arbítrio e o preconceito burguês. A guerra será vencida nas ruas, no chão das cidades, nas trincheiras populares, não é somente um ajuntamento para defender o legítimo direito de se  dar um dois em paz.

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