Para ser negro, basta nascer negro. Para tornar-se negro, somente abraçando sonhos revolucionários.
Para abraçar sonhos revolucionários é necessário a chama do devir, a iluminação social, o renascimento para uma nova vida, onde as cascas amorfas do passado complacente dão lugar à chama da insurreição.
Um negro não pode não ser insurrepto, não ser revolucionário, sem deixar de constituir uma dívida ancestral enorme. De Palmares, a Tróia Negra até João Cândido e seus marinheiros. De Teresa do Quariterê ou Teresa de Benguela, a Oswaldão e seus combatentes no Araguaia, foi muito sangue jorrado.
O negro pode passar a vida sem lutar, sem se importar ou mesmo sem se rebelar. Mas será sempre um meio negro, um negro conformado com a situação, um aliado da opressão.
Para deixar de ser simplesmente negro e tornar-se verdadeiramente negro, terá que sentir o suor das trincheiras, não temer o enfrentamento, bater-se contra o mal, contra a injustiça, contra o racismo.
Após a venda retirada dos olhos, até mesmo os antolhos, o novo negro surgirá em ébano orgulhoso, forte, cabeça erguida e invencível.Pronto para lutar até a morte por um futuro melhor para nossas crianças negras. Lutando por um descanso digno para nossos idosos negros. Também estará ombreado com nossas irmãs negras em defesa da agenda feminista das mulheres negras.
O novo negro estará na linha de frente por uma educação pública de qualidade, pois é na escola pública que estão as crianças negras. Estará no front por saúde pública de qualidade, pela defesa do SUS, por políticas abrangentes no tratamento da anemia falciforme, mioma uterino, humanização da obstetrícia e nutrição de qualidade.
O negro do devir revolucionário não seguirá os despóticos, não marchará com conservadores e em tempo algum com fascistas. Estará sempre ao lado de seus irmãos e irmãs negras conscientes, trabalhando junto aos inconscientes, para aumentar o exército revolucionário, o exército do povo negro que recusa firmemente sua rendição à opressão.
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