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terça-feira, 31 de maio de 2022

RACISMO ESTRUTURAL

O racismo estrutural é a política institucional que mantém o racismo como um dos fatores estruturantes da sociedade brasileira.
Apesar de passados 130 anos da promulgação da Lei Áurea, que deu fim à escravidão no Brasil, ainda persistem alguns mecanismos que impedem a ascensão social e econômica da população afro-brasileira.
Ao contrário do que deveria acontecer, as estruturas públicas, principalmente as de Saúde e Educação, que atendem majoritariamente o povo negro, são cada vez mais precarizadas e canibalizadas, aliando-se aos fatores estruturantes a degradação do meio ambiente nós territórios de população negra.
Nós territórios negros, a necropolítica continua sendo a principal maneira de relação entre os aparelhos de repressão de estado e as comunidades negras.
O arcabouço legal vigente no país, volta suas baterias contra a população negra com um peso diferenciado em relação a outros contingentes étnicos. Para esses aparelhos de estado o negro sempre será suspeito de cometer ilícitos, assegurando assim, demonstrações inequívocas de racismo e preconceito por parte do estado brasileiro.
A população negra, historicamente habita os territórios mais degradados ambientalmente, para os quais o poder público volta suas costas, criando o que se denomina racismo ambiental.
Essas estruturas sociais assimétricas tendem a se reproduzir exponencialmente, perpetuando e garantindo espaços de poder e privilégios para grupos étnicos não negros.
O racismo não é natural, apesar de estar naturalizado em nossa sociedade. É uma estrutura perversa que se realimenta em motocontínuo, garantindo poder econômico, privilégios e benesses às elites dirigentes do país.
O racismo estrutural organiza-se par a par com o capitalismo. O modelo de organização econômica que tem como primado a acumulação e o consumismo, vai de encontro a ancestralidade do povo negro, onde o modo de viver coletivo e o bem comum solidário são a pedra de toque da organização social africana.
No Brasil nos deparamos com inúmeros mundos invisíveis, onde a elite branca dominante tece incessantemente os destinos da base social da pirâmide.
Assim como nas primeiras cidades da civilização, a organização social ocidental capitalista detém o controle sobre as estruturas institucionais, militares e econômicas do estado. Os tribunais, o alto comando militar, o parlamento e a gestão política do próprio estado são absolutamente servis e diligentes com a elite nacional.
O conjunto de instrumentos da estrutura de Estado que regem direitos e deveres da população brasileira é absolutamente surdo e indiferente aos desassossegos do povo negro. Todo o conjunto de instrumentos funciona para manter a estrutura colonial, por mais que se brade acerca da vocação republicana da nação.
Os negros, com raras exceções, sempre estiveram fora das universidades publicas. Sempre ocuparam os piores postos no mercado de trabalho. Lotam os presídios, penitenciárias e se livres, formam o famigerado 'exército de mão de obra de reserva’.
Ao negar educação pública de qualidade para o povo negro, o estado empurra esse contingente humano para o desemprego e consequentemente para a margem da lei em muitos casos.
O sistema é perverso. Nega educação de qualidade que não acessa nenhuma ou boas colocações no mercado de trabalho, que de maneira perversa e miseravel atira um grande contingente de jovens negros nos braços do crime.
O estado cria os criminosos e ao mesmo tempo ordena que os aparelhos de repressão os prendam ou os matem, gerando o círculo vicioso da corrupção e da morte, onde o poder público se locupleta com dinheiro e garantia de território político enquanto oferece proteção e liberdade de ação para os meliantes, que foram gerados pelo próprio Estado, que negou-lhes uma vida com dignidade ao negar-lhes educação de qualidade e um território cultural decente e desassombrado. O Estado é também responsável em parte pela construção dessa catedral de horrores, tanto por inabilidade política como por sua decantada incapacidade gerencial.

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