Vida de sinal
Fechou, vai! Se apresenta!
Mundos diferentes separados pelos vidros insensíveis da vida
Pela desigualdade transparente e excludente
Retirar esperança dos parcos segundos vermelhos
Da mimetização estática do tempo
Dos segundos de espera
Aguardando um gesto de amor e desejos de dias mais verdes
O sinal não espera
Frio, moldado no tic tac do tempo dos homens
Verde é verde
Vermelho é vermelho
Cada um preso em seu círculo de luz
Os carros ficam aflitos e ansiosos, há tensão no ar
Loucos para partir em busca de seus indecifráveis e até inconfessáveis
futuros
Fechou mané! A hora é essa! Já é!
Mostre suas esperanças e possibilidades, suas toscas habilidades
Através do balé carente das bolinhas
Malabarismos com bolinhas no sinal
Sinal de falência da civilização
Sol escaldante, chuva fina, dia e noite
O show não pode parar
A fome não espera
A escola pode esperar
Quem sabe um dia tenha um dia de criança feliz
Sonhos embargados pela emoção
Pela indiferença do concreto da urbe
Eu quero um deus que me traga a beleza
Que me traga o calor do amor
Um deus sem cascas
Um deus novo
O Deus da restauração
O balé quântico das bolinhas se inicia
Buscando a aprovação insensível da cidade
Que poderia estourar as bolinhas da desigualdade com gestos
de amor
Que dessem cor e magia a tanta desumanidade
É luz vermelha! Tempo! Ação! Bora irmão!
No corre-corre do vermelho um diz sim, dez dizem não
Cem teatralizam fingindo
alguma ocupação
Evitando o compromisso espiritual de irmão
De partilha e de solidariedade
Mas um disse sim
Sangue bom
Salvou o pão c mortadela e um bombom
E o refri pra aguentar esse rojão
Fechou mané, um bom fez boa ação
Bolinhas mil na careta dos caretas
Subindo são lamentos dos navios negreiros
Descendo são as pretas velhas socando o pilão no cativeiro
Socando a fome no pilão
Um bom fez boa ação! Salvou o pão e o macarrão meu irmão,
valeu!
E o do refri prá aguentar esse rojão que ninguém é de ferro
não
Abriu, verde, esperança!
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