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Eu Negro

terça-feira, 10 de maio de 2022

VERMELHO

 

Vida de sinal

Fechou, vai! Se apresenta!

Mundos diferentes separados pelos vidros insensíveis da vida

Pela desigualdade transparente e excludente

Retirar esperança dos parcos segundos vermelhos

Da mimetização estática do tempo

Dos segundos de espera

Aguardando um gesto de amor e desejos de dias mais verdes

O sinal não espera

Frio, moldado no tic tac do tempo dos homens

Verde é verde

Vermelho é vermelho

Cada um preso em seu círculo de luz

Os carros ficam aflitos e ansiosos, há tensão no ar

Loucos para partir em busca de seus indecifráveis e até inconfessáveis futuros

Fechou mané! A hora é essa! Já é!

Mostre suas esperanças e possibilidades, suas toscas habilidades

Através do balé carente das bolinhas

Malabarismos com bolinhas no sinal

Sinal de falência da civilização

Sol escaldante, chuva fina, dia e noite

O show não pode parar

A fome não espera

A escola pode esperar

Quem sabe um dia tenha um dia de criança feliz

Sonhos embargados pela emoção

Pela indiferença do concreto da urbe

Eu quero um deus que me traga a beleza

Que me traga o calor do amor

Um deus sem cascas

Um deus novo

O Deus da restauração

O balé quântico das bolinhas se inicia

Buscando a aprovação insensível da cidade

Que poderia estourar as bolinhas da desigualdade com gestos de amor

Que dessem cor e magia a tanta desumanidade

É luz vermelha! Tempo! Ação! Bora irmão!

No corre-corre do vermelho um diz sim, dez dizem não

Cem teatralizam  fingindo alguma ocupação

Evitando o compromisso espiritual de irmão

De partilha e de solidariedade

Mas um disse sim

Sangue bom

Salvou o pão c mortadela e um bombom

E o refri pra aguentar esse rojão

Fechou mané, um bom fez boa ação

Bolinhas mil na careta dos caretas

Subindo são lamentos dos navios negreiros

Descendo são as pretas velhas socando o pilão no cativeiro

Socando a fome no pilão

Um bom fez boa ação! Salvou o pão e o macarrão meu irmão, valeu!

E o do refri prá aguentar esse rojão que ninguém é de ferro não

Abriu, verde, esperança!


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