A população brasileira assiste embasbacada o novo escândalo, entre tantos outros, que tomou conta do país. Nunca na história desse país a lei foi tão conspurcada como agora.
O evento foi iniciado com o condenado bolsonarista Roberto Jefferson, cumprindo prisão domiciliar, postando um vídeo onde chama a Ministra Carmem Lucia do STF de “pro#titu#a” e “arro#bada”. O Ministro Alexandre de Moraes, ao tomar conhecimento do conteúdo do vídeo, decretou o imediato retorno do bolsonarista ao sistema prisional para cumprir o resto da sentença em sistema fechado. A Polícia Federal recebeu a ordem de cumprimento do mandado de busca e prisão, rumando para o bucólico município de Levy Gasparian na serra fluminense.
Ao chegar a mansão do bolsonarista, o grupo foi recebido a tiros de fuzil e lançamento de granadas por parte de Roberto Jefferson, que gravou todo o acontecimento, como prova de sua “valentia”, segundo ele, “digna de um combatente da “liberdade”.
O ataque tresloucado de Jefferson ao grupo da Polícia Federal resultou em dois policiais feridos, entre eles uma policial mulher de 31 anos e um delegado, além da destruição parcial da viatura por conta dos tiros de fuzil e da detonação das granadas.
Não houve troca de tiros e sim um atentado a vida de uma equipe policial que estava cumprindo seu dever. O nome desse atentado se chama “tentativa de homicídio”.
Quando a polícia usualmente mata um cidadão que atira na equipe policial, o fato é registrado como “resistência à prisão” ou nomenclatura semelhante. No caso do bolsonarista, a equipe policial foi surpreendida pelo terrorista que certamente já estava aguardando a guarnição através do vazamento privilegiado da operação.
Atualmente o Brasil vive de pão e circo no âmbito da política. A equipe da Polícia Federal deve ter sido instruída a não revidar, pois meliante é frequentador assíduo do Palácio do Planalto e participa ativamente das tentativas de desconstrução da institucionalizado brasileira, com foco na Suprema Corte, único órgão de Estado que o atual presidente da república não controla.
O ataque a equipe da Polícia Federal ganhou o noticiário nacional e a partir de então adquiriu os contornos de ópera bufa. Entrincheirado em sua mansão, o bolsonarista armado com mais de 15 fuzis de guerra não teve o mesmo tratamento por parte da polícia que é dedicado aos cidadãos comuns que resistem a prisão.
A Ópera Bufa
O espetáculo midiático do Álamo Brasileiro estava montado. Com a mansão cercada por dezenas de policiais de elite, a invasão certamente seria iminente. Mas qual o quê. O Presidente da República entrou em ação para defender seu cupincha, passando por cima de todos os cânones institucionais, ao determinar que o Ministro da Justiça se deslocasse de Brasília para Levy Gasparian para acompanhar as negociações da rendição do marginal.
Não bastasse o arranhão na institucionalidade, que paralisou a operação da briosa PF, chegam à residência, agora já bunker, do terrorista, o condenado e anistiado pelo presidente Bolsonaro, Alexandre Silveira e o padre de festa junina, que se tornou motivo de pilhéria no último debate televisivo com os candidatos à presidência.
Imobilizada pelo presidente da república, a Polícia Federal com dois dos seus agentes feridos no hospital, rangia os dentes com a passividade com que o grave atentado era tratado. Finalmente, após horas de firulas institucionais e uma pequena procissão destacando a chegada do padre ao vivo e a cores, o celerado Roberto Jefferson decidiu se entregar para que fosse cumprido o mandado de prisão.
Casa Grande e Senzala
Quando a Policia Federal recebe um mandado de busca e apreensão e prisão, revida imediatamente quando atacada. Geralmente as baixas são sempre do lado agressor, pois, como unidade de elite federal, porta o que há de mais moderno no que concerne a equipamentos voltados para o combate a criminalidade.
Mesmo com todo o aparato bélico à sua disposição, a PF foi impedida de revidar ao ataque, apesar de ter tido uma viatura semi destruída e dois policiais feridos no hospital.
As cenas do conversatório entre o negociador da Polícia Federal e o terrorista Roberto Jefferson parecia o clima típico de uma roda de samba com churrasco em vez de um confronto com um marginal que atacou a equipe policial que estava cumprindo sua missão. Na conversa todos participavam de maneira afável, tranquilos, como se nada tivesse acontecido e que nada de mais iria acontecer. O destaque mais negativo da resenha foi o policial federal sorrindo amavelmente para Jefferson, se desculpando pela equipe que foi cumprir o mandado pois os mesmos eram “administrativos” e não operacionais. A senzala quando lida com a casa grande fica tão deslumbrada que troca as bolas ao falar das competências necessárias e operacionais.
Como a operação foi previamente vazada, por agentes policiais ou por gente do STF, certamente bolsonaristas, ou até pelo Palácio do Planalto, foi enviada uma equipe de baixa letalidade, do pessoal administrativo. Tanto foi assim que dois agentes saíram feridos na operação com acionamento de armas por por parte de um idoso acometido de câncer e com nítidos problemas psicossomáticos. Era para acontecer assim, como aconteceu. Não foi enviada a equipe operacional ‘casca grossa’, pois se assim fosse, o bolsonarista estaria no colo do capiroto há tempos.
Roberto Jefferson foi conduzido a Superintendência de Polícia Federal no Centro do Rio como se fosse uma celebridade. Tornou-se mártir nas hostes bolsonaristas, elevado à categoria de mártir da liberdade.
Esse é o Brasil que decidiu escolher o atual presidente da república no esgoto do Congresso Nacional, em vez de um professor da USP, humanista e ex-prefeito da cidade de São Paulo com louvor.
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