Um Brasil fascista não aplaudiria o pôr do sol nas pedras do Arpoador. Prá quê? Pôr de sol é coisa de fresco! Em um país fascista as pessoas não dançariam na chuva nem desfilariam no sambódromo em trajes sumários, esbanjando alegria e felicidade, não, não dá prá ser feliz. Não é prá ser feliz.
Nesse Brasil fascista não faríamos mais tatuagens. Não desrespeitaríamos o minuto de silêncio no Maracanã, porque afinal de contas, estávamos em um estádio fascista, tipo aqueles que Hitler criou na Alemanha durante o período do nazismo.
As praias fascistas proibiriam o fio dental, os vendedores de queijo de coalho, as altinhas e o frescobol à beira mar. O jacaré também seria proibido e após 18 horas todos seriam enxotados das areias porque quem fica na praia à noite, segundo os fascistas, é maconheiro.
No Brasil fascista todos andariam armados, ostentando seus trezoitões de cabo de madrepérola pelas ruas das cidades. Discutiu ali, pum! Bala nele! É esquerdista, comunista? Fogo nele! É sem teto? Fuzila! A mulher sorriu para o flanelinha fogo nela! O gay olhou? É na testa! Petista? Vermelho? Esse tem que matar bem mortinho e conferir.
O Brasil fascista faria um festa capitalista na Amazônia. Primeiro teria a imensa tarefa civilizatória de exterminar os povos indígenas. Segundo, meter motosserra em tudo que é árvore, porque para se tornar um país desenvolvido como os Estados Unidos tem que acabar com as florestas. Para concluir a missão civilizatória na Amazônia o garimpo seria totalmente liberado. Choveria diamante prá todo lado, as barrancas dos rios iriam dourar de tanto ouro. Para que a iniciativa privada pudesse libertar os amazônidas da horrível pobreza, imensas usinas termelétricas à carvão seriam construídas e postas em funcionamento.
No Brasil fascista não seria permitido em nossas escolas doutrinas que fortalecessem a democracia como Sociologia, Filosofia e temas humanísticos em geral, coisa de comunistas. As escolas seriam positivistas, militares, formando jovens, homens e mulheres, prontos para oferecer a vida ao país na luta contra o comunismo e também contra a perversão sexual.
No Brasil fascista o Congresso Nacional seria um verdadeiro tribunal de exceção, onde os parlamentares teriam o poder de decisão sobre a vida e a morte de instituições e cidadãos. Sempre haveria a desconfiança, a acusação e o dedo apontado para o outro. No país fascista todos que não fizessem reverência ao Mito seriam suspeitos de traição à pátria até que provassem em contrário.
A moda no Brasil fascista seria sempre referenciada na camiseta da seleção brasileira de futebol, com a bandeira nacional sendo usada como capa de super herói. A miríade auriverde seria a única força cívica que defenderia a família e a fé cristã. Mini bandeiras seriam utilizadas como bandanas, nos eventos públicos de exaltação ao Mito.
Os negros sofreriam como nunca no Brasil fascista. Seriam comparados com gado na checagem do peso, em arrobas, sendo que seriam sempre suspeitos de algum tipo de transgressão no cotidiano. Nesse Brasil nem venham falar em cotas, seria tudo na meritocracia, pois todos seriam iguais e competiriam em igualdade de condições. No Brasil fascista os filhos das famílias brancas, se diriam muito bem criados, sendo assim, jamais se casariam com uma mulher negra.
No Brasil fascista estudar seria um problema. O estudante que sonhasse em ingressar na universidade e seguir na academia, encontraria grande resistência por parte da sociedade. Seria chamado de anticristão, de fariseu, de tentar desvendar os mistérios divinos. No Brasil fascista o conhecimento seria concedido através das redes sociais, sendo que o conhecimento da sociedade estaria restrito ao crivo da pós-verdade. As fake news então oficializadas como modelo de informação oficial do sistema, seriam disseminadas cotidianamente com o intuito de fortalecer o imaginário social contra o campo progressista, democrático ou comunista se assim preferirem.
No Brasil fascista não haveria amor. O beijo seria sujo de sangue, os abraços maculados pela violência e os sorrisos amarelados pela ignorância. Nesse país jamais haveria solidariedade, não se dividiria o pão e não se cantariam cantigas de irmão.
O Brasil fascista seria mentiroso, falso e assassino. Não amaria as crianças negras, assim como as crianças indígenas.
É contra esse país que se avizinha que eu luto. Está batendo em nossas portas, está sussurrando em nossos ouvidos e tentando seduzir nossos corpos à perversão.
O Brasil fascista que as pessoas de boa vontade não querem está rugindo nas ruas para nós assustar, para nos tirar do caminho, pois, somos a última barreira que está impedindo sua vitória. Não passarão.
Não Passarão!
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