A ausência proposital de politização da sociedade por parte das
instituições está levando o país para o fundo de um abismo bastante escuro e assustador.
A população brasileira é conservadora, como a maioria dos povos
onde o cristianismo é a representação religiosa predominante. Aqui falo de cristianismo
e não de catolicismo.
O Brasil está correndo grande risco institucional por parte de
políticos da extrema-direita que pretendem assumir o controle político do Supremo
Tribunal Federal – STF. De acordo com a constituição federal, a suprema corte pode
sofrer sanções por parte do Senado da República. Os senadores podem junto com o
Congresso Nacional, alterar as regras de acesso e tempo de mandato dos juízes da
suprema corte, por exemplo.
O governo Bolsonaro constituiu nas últimas eleições a almejada
maioria no Senado da República. Com a nova configuração o governo pode alterar as
regras do jogo, aumentando o número de ministros do STF de 11 para 15 magistrados,
podendo assim comandar o país de maneira autocrática, sonho supremo do presidente
Bolsonaro.
Caso vença o próximo certame eleitoral, Bolsonaro poderá indicar
mais dois ministros que se aposentarão pela cláusula de idade que são Rosa Weber
e Lewandowski, ambos em 2023. Bolsonaro já possui dois votos garantidos no Supremo
por conta das indicações de Kassio Nunes Marques e André Mendonça, o terrivelmente
evangélico. Com as duas aposentadorias de 2023, caso eleito, indicará mais dois
ministros, que totalizarão quatro votos em um plenário de 11 votos. Com a ampliação
para 15 ministros, Bolsonaro passará a ter oito ministros em 15, ou seja, a sonhada
maioria do Supremo.
Bolsonaro controla com folga a Procuradoria Geral da República
– PGR, que vergonhosamente, através do seu Procurador Geral Augusto Aras, atua mais
como Advogacia Geral da União – AGU, que defende o governo, do que como Ministério
Público, que como missão precípua, deveria defender os interesses da população.
O Procurador Geral ambiciona uma das futuras vagas que serão abertas no STF e por
esse motivo trabalha incansavelmente para atender aos interesses de Jair Bolsonaro,
deixando a sociedade à mercê dos planos políticos do atual presidente e sua ‘entourage'
de extrema direita.
Bolsonaro aliou-se ao Centrão, grupo político parlamentar fisiológico,
criado durante os trabalhos da Constituinte de 1988, com o intuito de negociar politicamente
as demandas apresentadas ao Congresso Nacional. Bolsonaro se tornou refém desse
grupo ao correr o risco de sofrer impeachment durante a pandemia de COVID-19. Com
os votos do Centrão ele se livrou da ameaça, mas caiu definitivamente nos braços
gulosos do grupo que em sua saciedade infinita pariu a excrescência política denominada
Orçamento Secreto, que talvez lhe garanta a reeleição através da compra de votos
da base eleitoral do Centrão.
Resumindo, Bolsonaro que controla o Congresso Nacional, a PGR
e as Forças Armadas, agora caminha para controlar o STF, última barreira que possibilitará
a super concentração de poderes com a consequente instalação do estado de exceção
no país, que significará a perda de direitos e o fim da democracia.
O Brasil está correndo grave risco de perda da institucionalidade
democrática. Enquanto o povo digladia-se entre acusações de banheiros unissex de
um lado e rachadinhas do outro, o golpe do autoritarismo caminha silenciosamente
de acordo com seu planejamento.
A adesão à candidatura de Lula de nomes como Fernando Henrique,
Aloysio Ferreira, José Serra, Pérsio Árida, Pedro Makan, Helena Landau, Simone Tebet,
Ciro Gomes, o CEO da Natura e parte do PIB nacional, não significa rendição ao projeto
petista e sim um ato desesperado de salvação nacional, de salvação da democracia.
São os divergentes se unindo para combater os antagônicos.
Não sabemos se haverá tempo de salvar o país do obscurantismo.
Porém, fica a lição de que o povo necessita de informação política, de pensar corretamente
sobre os destinos da nação, de compreender a necessidade da laicidade do Estado.
Que no próximo dia 30 os eleitores brasileiros sejam iluminados
pelos deuses da sabedoria e depositem nas urnas os votos da esperança e do amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário