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segunda-feira, 3 de outubro de 2022

BRASIL UMA FÁBRICA DE FALSOS MITOS

A construção de uma falsa imagem positiva para a promoção de atores políticos, visando alcançar uma mudança paradigmática no imaginário popular, é prática usual na política brasileira.
No Brasil a estratégia da produção de mitos vem de um passado distante. Que remonta ao tempo de Maurício de Nassau com seu boi voador, os bandeirantes, Tiradentes e tantos outros, onde a narrativa heroica se fez necessária para o convencimento do povo.
Nós tempos modernos a construção da imagem política foi tão aperfeiçoada que a fantasia mistura-se com a realidade.
A política política contemporânea, utilizando ferramentas tecnológicas mais modernas, constrói imagens de rápido convencimento e fácil assimilação.
Os exemplos são os mais variados possíveis, gerando falsos ídolos, na verdade verdadeiros gigantes com pés de barro que têm marcado com profundidade a vida social e política brasileira.
Tomando como exemplo o presidente Jair Bolsonaro, o marketing político conseguiu transformar um obscuro membro do baixo clero do parlamento brasileiro em um verdadeiro mito, salvador e defensor da pátria, da família e dos bons costumes.
Bolsonaro foi envelopado com a velha fórmula de comunicação de massa criada pelo partido socialista alemão, que levou Hitler e o Terceiro Reich a dominar parte do planeta durante o advento da Segunda Guerra Mundial.
Há uma equação nesses casos que não costuma falhar, onde se utiliza alguns ingredientes tradicionais da política como o patriotismo exacerbado, culto e veneração aos símbolos nacionais como hino e bandeira, ojeriza ao comunismo, com propostas inclusive combatê-lo nas ruas. Para que a conjuntura se torne completa, há uma hipérbole deletéria na decantada agenda de costumes, estabelecendo uma guerra sem tréguas no debate político acerca do aborto e o ataque radical contra as agendas LGBT.
Porém, o mais terrível e contundente ataque é a institucionalização mercadológica da fé enquanto agente da ação política, através de igrejas neopentecostais capitaneadas por pastores mal intencionados e ambiciosos.
Bolsonaro se elegeu surfando na onda antipetista golpista que retirou injustamente Dilma Roussef (agora declarada inocente pelo TCU) do poder. A utilização dessa estratégia positivista/neopentecostal funcionou em todos os seus aspectos, aliada à utilização massiva da Internet através de falsas informações denominadas “fake news”.
A vida pregressa de Bolsonaro é conhecida por poucos. Aluno da Academia Militar das Agulhas Negras, foi um tenente comum, sem brilho acadêmico ou militar. Saiu do exército com desonra ao ser preso por conspirar contra a instituição ao premeditar explodir bombas em quartéis e unidades das forças armadas. Após algumas negociações saiu precocemente reformado como capitão com um soldo relativamente baixo e ingressou na vida política.
Foi vereador inexpressivo e deputado federal improdutivo, pois, em seus 26 anos no Congresso Nacional apresentou pouquíssimos projetos ao plenário.
Sua atuação como parlamentar sempre foi ancorada na agenda de temas defendidos pela extrema-direita, defendendo os horrores praticados pela ditadura militar e a pregação pela liberação da venda de armas de fogo para a população. 
Essa pauta reacionária encontrou eco na população ressentida com os seguidos escândalos de corrupção nos governos da aliança de partidos que levou o PT ao poder.
A imagem de Bolsonaro foi sendo moldada aos poucos, com o apagamento de seu passado terrorista nas forças armadas e o fortalecimento da ideia de salvador da pátria, de indestrutível, de como tem se apresentado ultimamente, imbroxável.
A imagem construída de homem probo, combatente da corrupção, atento contra a implantação do comunismo, defensor da pátria, da família, por Deus e pela liberdade funcionou no campo fértil de parte da população brasileira, totalmente ignorante  em relação aos temas da política da política nacional.
Por um outro lado, essa estratégia abriu espaço de participação política para essa mesma massa ignorante, que sempre foi desprezada pela militância de esquerda, sempre preocupada com a agenda progressista e em parte com viés socialista.
O chamamento em defesa da pátria e da família,  contra as bandeiras vermelhas do comunismo e por Deus e a liberdade tiveram ecos monumentais e mobilizaram a população que inundou as ruas de verde e amarelo. Junto com o aluvião positivista veio a pauta de costumes conservadora com seus exageros fundamentalistas, onde até hospitais foram invadidos para impedir abortos legais em meninas de 10 anos de idade que haviam sido estupradas.
O país antes tranquilo e agradável passou a ser um território sombrio e perigoso, com milhares de psicopatas armados transitando pelas ruas, invadindo espaços públicos e privados, em uma luta titânica do "bem" contra o mal, julgando ao seu bel prazer o modo de vida da população brasileira.
A produção de falsos mitos ainda é uma excelente estratégia para convencer o povo a escolher um candidato que seja o “ Salvador da Pátria”. O desempenho de Bolsonaro no primeiro turno do certame presidencial comprovou que a opinião popular quando manipulada de maneira eficiente pode construir falsos mitos que podem mudar os rumos de uma nação.

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