Tenho visto muitos memes criativos e engraçados fomentando a desistência de Ciro Gomes em apoio à candidatura de Lula no certame eleitoral de 2022.
Brincadeiras à parte, respeito as opiniões dos que insistem na candidatura de Ciro. Penso que há um debate mais profundo a fazer sobre a posição do candidato pedetista em manter sua candidatura.
Discordar sim, questioná-la sim, mas invalidá-la nunca.
A campanha Cirista prega aos quatro ventos que a escolha de seu candidato deu-se por conta da qualidade programática apresentada pelo partido/candidato.
Questiono quando se diz escolha programática, pois programática seria, no meu entendimento, se os diretórios municipais e estaduais tivessem realizado um congresso e/ou convenções democráticas com ampla participação de seus filiados.
Para que fosse programática, deveria ser oriunda de um vigoroso debate, onde as teses apresentadas pelos seus delegados, zonais ou núcleos, seriam votadas pelas plenárias país afora. O conjunto de propostas aprovadas pelo evento partidário, após sistematizado, seria o programa que o partido apresentaria para a sociedade, propondo assim um modelo definido para governar a nação.
Pelo que entendo da candidatura do PDT, o candidato majoritário chegou ao partido apresentando um livro denominado PND, totalmente desconhecido pela base partidária, dizendo que ali estava o programa do partido para a eleição majoritária de 2022. Lembrei do cativante filme "O Livro de Eli", onde o personagem, um andarilho negro e cego, com poderes especiais, atravessa o país determinado a reproduzir a bíblia do Rei George, já que não havia mais nenhum exemplar disponível devido a um evento nuclear destruidor. O livro era a grande esperança de reconstrução da humanidade que seria convertida a este poder e por isso era cobiçado pelo líder de uma gangue de malfeitores.
Não é meu partido, não tenho nada com isso. Mas lembro bem das convenções do PDT com Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Cidinha Campos, Abdias do Nascimento, Frejat, entre outros, onde os debates acalourados eram verdadeiros cursos de formação política, assim como acontecia no PT, PC do B, PCB e PSB. Ninguém levava um livro debaixo do braço para resolver os problemas da nação.
Tenho certeza que o Ciro tem ótimas contribuições no sentido de alavancar de vez o potencial da nação brasileira. Porém, acho que esse livro meio que queima o filme dele, já que ninguém lê e certamente não o lerão. Aí então entra a Psicanálise que mostra que há uma tendência a se rejeitar o que nos é desconhecido. O povo não vai embarcar nessa, sendo uma boa ou não. O único livro que o povo lê e que propõe uma ótima coisa que é o caminho da salvação eterna é Bíblia. Esse livro contém a palavra de Deus e mesmo assim os cristãos se estraçalham com o intuito de convencer que a sua versão é a única correta e assim por conseguinte impô-la.
Por um outro lado, enquanto observador, acho deveras açodada a postura quase histérica por parte da esquerda nacional, pela convergência das organizações políticas ainda no primeiro turno, como solução para derrotar o extremismo de Bolsonaro.
Na minha humilde opinião, se houver segundo turno, será ótimo ganhar os dois turnos. O novo presidente, no caso Lula, assume o poder com toda a banca do mundo, por ter feito barba e bigode sem questionamentos.
Não querer segundo turno com medo da vitoria do facismo é um grave sinal de que estamos com medo de sucumbir eleitoralmente. Parece que a certeza da vitória da democracia sobre o fascismo, ainda no primeiro turno, repousa nos ombros de Ciro Gomes, não! Não podemos impingir tão pesado fardo ao político do PDT. Existe um ditado que diz que quem tem bebê grande é elefante. É engraçado mas tem todo o sentido. Se houver segundo turno e o fascismo vencer é porque nós, pessoas de bem, solidárias e humanas, não fizemos nosso trabalho político na sociedade com eficiência e falhamos miseravelmente. Não fazemos mais política na vizinhança, na igreja, no barzinho e no mercadinho do bairro, na pelada com os amigos e nos salões de beleza. Mal sabemos onde fica a associação de moradores de bairro que nos representa. Não participamos do sindicato de nossa categoria profissional e não participamos da elaboração do projeto político pedagógico da escola de nossos filhos. Levamos a política das ruas para o ambiente virtual, esquecendo que 25% da população é analfabeta funcional e outro tanto não possui conhecimento de operação de dispositivos de comunicação virtual. O velho jornalzinho tablóide que era distribuído nos espaços sociais e laborais foi para as calendas. As zonais políticas dos partidos nos bairros se tornaram exentricidades e as convocações são agora através das redes sociais do ciberespaço.
De volta ao pleito, Ciro e Tebet não decidirão a eleição no Brasil. Quem o fará será o povo brasileiro através do voto na urna, no pleno exercício da cidadania e da democracia.
O que mais me surpreende e me assusta nessa eleição é que 38% da população brasileira vota e apoia fervorosamente o nazifascismo, que infelizmente abriu sua caixa de pandora e a distribui de maneira obscena para a sociedade.
Que os deuses nos protejam!
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