A cena entrou para a história política nacional para sempre. Uma multidão de seguidores do presidente da república em um comício eleitoral travestido de comemoração cívica da independência do país entoa o mantra catártico puxado pelo próprio mandatário da nação: “Imbroxável!!!! Imbroxável!!!”. Ou seria: “Imbrochável!!! Imbrochável!!!”. A expressão remete para a infalibilidade do homem durante o ato sexual por parte do homem, condição negada pela urologia em sua doutrina médica.
Bolsonaro agrega à sua condição artificial e construída de mito a lenda do supermacho dos jogos eróticos. A patuleia bolsonarista ensandecida repetia o mantra em delírio, orgulhosa por seguir um presidente macho, um amante irresistível, um latin lover verdadeiro.
Ao adjetivar e vincular sua condição humana à uma irresistível potência sexual, Bolsonaro joga com o universo feminino e suas misteriosas nuances indecifráveis. Obviamente que o selo de supermacho, de macho alfa infalível mexe com parte do universo feminino.
A adjetivação não meritória e espúria para alguns serve somente para demonstrar o nível de cultura política que tomou conta de parte da população brasileira. Um povo que vincula a importância de uma uma pseudo performance sexual à condução de um país que ostenta uma das maiores economias do planeta. Estamos assistindo a promoção do Viagra como um dos componentes mais importantes para o crescimento empoderado da nação.
O controle da disfunção erétil por parte do presidente da república serve também como fator estimulante para que se abra um diálogo político entre mulheres insatisfeitas com o desempenho sexual de seus parceiros. Óbvio que o sucesso de um homem na condução de sua vida está diretamente ligada à condição de ser “imbroxável”. No caso do Brasil, não importa se possuímos 30 milhões de miseráveis ou 25% da população de analfabetos funcionais. Ou se 70 mil brasileiros são assassinados anualmente no país e que desse 7nive4so 70% são pessoas negras. Não importa se a Amazônica está sendo devastada e as populações indígenas e quilombolas sendo exterminadas, o que importa é que o membro sexual do presidente não esmorece e dá conta do recado para a Michele.
O Brasil realmente precisa de um programa tipo “Bolsa Psicanálise”, onde possa compreender que essas manifestações machistas e homofóbicas são sinais evidentes da insegurança do homem em relação à sua masculinidade. Simone de Beauvoir disse que em relação às mulheres ninguém é mais arrogante e agressivo que um homem que duvida de sua própria virilidade.
Bolsonaro remete ao poder do universo falocrático a condição essencial para o sucesso de governar uma nação. Esse mesmo universo que queimou mulheres nas figueiras da inquisição; o mesmo poder que arma a população de machos do país que propiciou a elevação assustadora das taxas de feminicídio; universo que remete ao nascimento de uma criança do sexo feminino a uma fraquejada no ato sexual que o gerou.
O mantra “Imbroxável” merece todo o nosso repúdio em momento tão crucial da vida nacional, onde a intensidade da polarização política levará certamente a uma reflexão canhestra sobre a condição da vitalidade da militância de esquerda.
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