sexta-feira, 10 de dezembro de 2021
HOMO HOMINI LUPUS
quarta-feira, 1 de dezembro de 2021
sexta-feira, 19 de novembro de 2021
CENTRO BOM SÓ DE UMBANDA
A POPULAÇÃO NEGRA E A COVID
quarta-feira, 17 de novembro de 2021
18 ANOS DA LEI 10.639/2003
segunda-feira, 15 de novembro de 2021
OS NEGROS E A BOSSA NOVA
OS NEGROS E O NASCIMENTO DA BOSSA NOVA - UM TRIBUTO A JOHNNY ALF, GERALDO PEREIRA, ALAÍDE COSTA E AGOSTINHO DOS SANTOS.
A Bossa Nova nasceu e foi amamentada pelas vigorosas e abundantes tetas do samba, principalmente o samba sincopado e das improvisações jazzísticas que passeavam nas teclas dos pianos da noite carioca à época.
A certidão de nascimento da Bossa Nova diz que ela nasceu na Avenida Atlântica, no apartamento da Nara Leão, no Posto 6. Não é bem assim, o ritmo que encanta o mundo é filho de diferentes ‘maternidades’, que vão do blues do Mississipi ao Buraco Quente no Morro da Mangueira. Muitos alegam que a Bossa Nova acontecia de outra maneira mesmo sem ter esse nome nas músicas do Tamba Trio ou das teclas de piano de Jonny Alf.
A música que delimita o marco de existência do novo estilo é ‘Chega de Saudade’, composta por Tom Jobim e Vinícius de Morais sendo interpretada por interpretada por João Gilberto. João introduziu uma forma diferente de tocar o violão, muito parecido com o samba sincopado de Geraldo Pereira da Mangueira, aquele que compôs ‘Falsa Baiana’ e ‘Acertei no Milhar’. Chega de saudade foi registrada nas entidades de direitos autorais como samba-canção.
De qualquer maneira, foi na zona sul carioca que o movimento tomou força e dali partiu para conquistar o mundo, tendo seu ápice quando da apresentação no Carnnegie Hall de Nova Iorque, onde um cantor negro brasileiro, de voz aveludada, chamado Agostinho dos Santos, deixou os espectadores maravilhados com a potência suave de sua voz.
Johnny Alf é um capítulo à parte. Ninguém menos que o escritor e jornalista Ruy Castro disse que ele foi o verdadeiro criador da Bossa Nova.
Menino negro de família humilde, órfão de pai aos três anos de idade, mãe empregada doméstica, iniciou seus estudos de piano aos nove anos de idade, incentivado pelos patrões de sua mãe.
Sua formação musical foi aos poucos se aproximando da raiz popular e deixando de lado o erudito. Foi como estudante do Colégio Pedro II que teve oportunidade de participar de um grupo artístico no Instituto Brasil-Estados Unidos, quando foi convidado a participar de um grupo artístico e passou a utilizar o nome Johnny Alf.
Sua carreira profissional se iniciou na “Cantina do César” do comunicador César Ladeira. Gravou seu primeiro disco em 1953 com as músicas Falsete e De Cigarro em Cigarro, consideradas revolucionárias para a época e que são consideradas precursoras da bossa nova. Também compôs Eu e a Brisa, que é seu maior sucesso.
Johnny Alf morreu aos 80 anos de idade em um hospital público. Morreu solitário, sem família e pobre, relegado a um asilo. Triste para um compositor e pianista negro que Tom Jobim classificou como gênio da música e com certeza um dos criadores da Bossa Nova.
Geraldo Pereira era mineiro de Juiz de Fora. Veio viver no Rio de Janeiro com seu irmão que possuía uma casa humilde no Morro da Mangueira. Tornou-se um bom violonista e a partir de então passou a compor sambas em profusão, abandonando o morro e fixando-se no Centro da cidade em busca de melhores oportunidades artísticas.
Na Praça Tiradentes, que era a grande concentração de artistas daquele período, conseguiu mostrar seu talento e estabeleceu parcerias com outros compositores. Passou a viver de vender seus sambas e já no ano de 1940 emplacou seu primeiro sucesso no Carnaval com a música “Se Você Sair Chorando”, gravada por Roberto Paiva. Junto com Wilson Batista compôs o grande sucesso “Acertei no Milhar”, que foi gravada por Moreira da Silva e se transformou em enorme sucesso em todo o país. Geraldo Pereira se torna um dos principais compositores do astro Cyro Monteiro e é alçado ao estrelato quando compõe Falsa Baiana em 1944.
Geraldo Pereira nos deixou jovem, com apenas 37 anos. Após uma briga com Madame Satã na Lapa, foi internado e do hospital saiu sem vida, não por conta da briga mas por sua saúde debilitada devido a incansáveis noites de farras e bebedeiras. Geraldo estava doente há bastante tempo e este evento da internação apenas comprovou que estava com os dias contados. O próprio Madame Satã em pessoa me confirmou o fato em uma das minhas muitas idas à Vila do Abraão na Ilha Grande, onde vivia em regime condicional.
O samba sincopado foi sua marca registrada, que foi inclusive uma das fontes referenciais do grande arcabouço musical onde a bossa nova bebeu para se estruturar enquanto estilo.
Geraldo Pereira deixou, uma riquíssima obra musical, composta por quase uma centena de canções, muitas inéditas. Em sua homenagem foi produzido um belo filme chamado “O Rei do Samba” de José Sette.
O nome da intérprete Alaíde Costa mistura-se com a história da MPB. Mulher negra carioca, nascida em 1935 no bairro do Méier, filha de um padeiro com uma lavadeira, cresceu ouvindo o ritmo samba-canção, nos programas de rádio que faziam muito sucesso naquela época. A TV ainda não havia chegado ao Brasil e somente se consolidaria 30 anos mais tarde, sendo o rádio o grande meio de comunicação popular.
O irmão mais novo de Alaíde Costa, observando seus dotes vocais, inscreve-a em um concurso de calouros em um circo, e logo depois em programas de rádio voltado para novos talentos infantis. Aos 13 anos foi eleita a melhor cantora infantil pela Rádio Tupi, em um programa apresentado por Paulo Gracindo. Torna-se destaque na Rádio Nacional mesmo trabalhando como babá de três crianças. Sua vida começou a mudar quando aos 16 anos recebeu nota máxima em um programa de calouros apresentado por Ary Barroso. A partir deste momento sua carreira de intérprete profissional se tornou irreversível.
Aos 20 anos inicia sua carreira cantando profissionalmente no Dancing Avenida. Em 1961 grava o primeiro disco de uma série de mais de vinte, consagrando-se definitivamente como uma das maiores divas da Música Popular Brasileira.
Gilberto ficou muito impressionado com sua voz durante uma gravação nos estúdios da Odeon e a convidou para participar de uma reunião com jovens artistas da zona sul carioca. A casa era do pianista Bené Nunes, quando João convidou mais não foi ao encontro, consagrando o estilo que carregou pelo resto da vida.
Alaíde Costa passou a estreitar cada vez mais sua relação com a nova turma foi uma das precursoras da Bossa Nova, juntamente com Johnny Alf, Tom Jobim, João Gilberto, Vinícius de Morais entre outros.
Em 1959 participou do Primeiro Festival de Samba Session, com Silvinha Telles, Ronaldo Boscoli, Carlos Lyra, Roberto Menescal entre outros artistas de renome. Sua interpretação da canção “Chora tua Tristeza” foi o grande sucesso da noite e foi a primeira música a fazer sucesso para além dos limites do grupo da Bossa Nova. Porém sua mais conhecida interpretação está gravada no disco ‘Clube da Esquina’, onde divide o fonograma ‘Me Deixa em Paz’, com Milton Nascimento.
Alaíde Costa é considerada uma divindade da MPB. Sua voz maviosa nos embala em uma viagem serena e revigorante. Como atriz foi premiada como Melhor Atriz Coadjuvante no Festival de Gramado de 2020 e aos 25 anos contracenou com Raul Cortez na peça Os Monstros, dirigida por Ruth Escobar. Pioneira na luta da mulheres negras, Alaíde Costa tem seu lugar garantido como uma das mulheres negras mais importantes do Brasil.
Johnny Alf, Geraldo Pereira, Agostinho dos Santos e Alaíde Costa, que ainda vive, são exemplos do que a sociedade branca racista faz com o povo negro. Apesar de possuírem talentos inquestionáveis, foram relegados ao esquecimento e não constam como protagonistas na criação da Bossa Nova, que ficou restrita a um grupo de filhos da classe média alta da zona sul carioca, ocultando o talento desses artistas negros de elevado gabarito.
sexta-feira, 12 de novembro de 2021
AQUELE ABRAÇO!
quarta-feira, 13 de outubro de 2021
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS BRANCA
segunda-feira, 27 de setembro de 2021
Artigo: Fórum Permanente sobre Afrodescendentes da ONU. Publicado na revista peruana de Direitos Humanos Cimarron.
“FORO
PERMANENTE DE AFRODESCENDIENTES de LAS NACIONES UNIDAS”
Amauri
Queiroz
Desde 1997 hasta
la actualidad, la cuestión racial ha permeado los debates en las Naciones
Unidas. La decisión de convocar la Conferencia Mundial contra el Racismo, la
Discriminación Racial, la Xenofobia y las Formas Conexas de Intolerancia fue un
hito sumamente importante para que la humanidad avance en el reconocimiento y
la lucha sistemática contra el racismo. La conferencia se llevó a cabo en la
ciudad de Durban, Sudáfrica, y tuvo lugar entre el 31 de agosto y el 8 de
septiembre de 2001.
Las reflexiones
de la conferencia se difundieron por todo el mundo y la solidez de sus
propuestas y expectativas generadas dieron lugar al Decenio Internacional para
los Afrodescendientes, que comenzó el 1 de enero de 2015 y culminó el 31 de
diciembre de 2024 con el virtuoso tema “Afrodescendientes: reconocimiento,
justicia y desarrollo ”. El final del “Decenio Internacional de los Afrodescendientes”
terminará con una enorme conquista de la población negra del mundo, que es el
“Foro Permanente de las Naciones Unidas para los Afrodescendientes”.
Debemos entender
que hay una gran tarea por hacer en la lucha contra el racismo. En este
escenario, tenemos como punta de lanza a Naciones Unidas, que es lo más
parecido a lo que podemos llamar un acuerdo universal de buena convivencia.
Fundada en 1948, la ONU juega un papel de liderazgo en la articulación política
y en el apoyo global a los países pobres y en desarrollo. Sus diversas agencias
juegan un papel importante en la promoción de la igualdad, la cultura, la
salud, el trabajo, la vivienda, el medio ambiente y muchos otros temas de
interés para la humanidad.
El Plan de
Acción de la Conferencia de Durban y el Decenio Internacional de los
Afrodescendientes merecen la creación del “Foro Permanente de las Naciones
Unidas para los Afrodescendientes”, que jugará un papel importante dentro de
las Naciones Unidas y de los países miembros. El foro cumplirá el rol de una
“agencia afroplanetaria”, cuyo objetivo es monitorear el Plan de Acción de
Durban y brindar asesoría a los países miembros para que puedan implementarlo
de la mejor manera posible.
Trazando una visión panorámica de la cuestión racial mundial, hemos observado que existe una correlación entre el capitalismo y los avances neoliberales con la profundización de las desigualdades. La población negra es la que sufre los mayores impactos deletéreos de la desigualdad, ya que se posiciona en la base de la pirámide social. Los más de 300 años de esclavitud en las Américas y el Caribe dejaron una enorme herida social que insiste en no sanar, ya que las élites de los países insisten en mantener un modelo de desarrollo dirigido a los económicamente más privilegiados. El sistema capitalista segrega a la población en varios aspectos, promoviendo una meritocracia fantasiosa que profundiza cada vez más la desigualdad.
El Foro Permanente de Afrodescendientes, junto con el Alto Comisionado, el Consejo de Derechos Humanos y otros órganos dinámicos de las Naciones Unidas, podrán establecer importantes alianzas con ONG con estatus ECOSOC, instituciones gubernamentales y organizaciones de la sociedad civil, con el objetivo de mejorar la lucha contra racismo, la reducción del Foro. La lucha por la implementación de acciones afirmativas dirigidas a la población negra, enfocadas en Educación, mercado laboral, emprendimiento, salud y cultura, puede transformar, a mediano plazo, la dura realidad impuesta a los negros tanto en África como en la diáspora.
Una de las acciones más importantes del Foro Permanente será la identificación, mapeo y construcción de indicadores raciales en sus más diferentes espectros. La ausencia de indicadores demuestra de manera obvia que la invisibilidad es una estrategia morbosa del racismo, el capitalismo, la élite blanca. Si un contingente humano no se identifica en todos sus matices, no se declara como grupo humano con necesidad de promoción. La invisibilidad proyectada y programada de los negros es uno de los mayores delitos que se pueden perpetrar contra una población. La invisibilidad del ser humano produce la naturalización de la barbarie, lo pudimos ver en los campos de concentración nazis, donde los horrores solo se descubrieron con la llegada de las tropas aliadas. El genocidio congoleño, llevado a cabo por el rey Leopoldo de Bélgica, permanece hasta hoy restringido a grupos de estudiosos, esto también es una forma de invisibilidad.
Hay un factor que merece especial atención entre todos los objetivos del Foro Permanente. Este factor debe estar enfocado a la Educación. Es a través de la educación que los ciudadanos dan sus primeros pasos en la sociedad civil. El Foro Permanente debe tener como tarea prioritaria en su importante inicio, el análisis de los impactos de la Educación en los países miembros. El surgimiento del nazi-fascismo en todo el planeta es un fenómeno que llama la atención. A pesar de las desastrosas experiencias de Hitler, Franco y Mussolini, que dejaron un rastro de millones de muertos en todo el planeta, sus monstruosas ideas siguen siendo adoradas por personas de todo el planeta, especialmente por jóvenes europeos y estadounidenses.
El capitalismo no permite una autocrítica enérgica, donde reconoce que sus movimientos expansivos provocaron un profundo efecto deletéreo en el continente africano y en la diáspora, efectos que siguen espantosamente vivos, rechazando una necesaria disculpa por el daño causado y por la matriz segregadora que permanece renuente entre nosotros hasta el día de hoy.
El Foro Permanente de los Afrodescendientes podrá utilizar un abanico enorme de recursos para que siempre se pueda reafirmar con seguridad que todos los seres humanos nacen libres y que los derechos de todos son iguales e inalienables. El foro debe trabajar duro para que se respete la dignidad de los negros. No puede ni debe ser solo un organigrama escrito entre los documentos de las Naciones Unidas, ¡no! ¡Debe ser un organismo vivo y palpitante! ¡Extraordinario! El Foro será el oráculo de la negrura internacional, será el oasis vigorizante en el doloroso desierto de la desigualdad y el racismo.
Los negros no podemos trasladarnos al organismo que aparece en nuestra protección, como una solución definitiva a nuestros problemas. ¡No! Necesitamos profundizar la lucha contra el racismo y su creador, el capitalismo. El Foro Permanente de los Afrodescendientes será otro instrumento de apoyo en nuestra lucha. Nuestra acción contra el racismo y el capitalismo tiene que ser diaria, en cada barrio, en cada calle, con nuestros vecinos, en nuestras escuelas, en nuestras iglesias, en clubes y espacios lazer. Es de estos lugares que los subsidios llegarán a Naciones Unidas para recibirlos en su Foro Permanente der los Afrodescendientes. El foro será un territorio con tierra bien arada, será el huerto, nosotros ofreceremos las semil
Desde 1997 hasta la actualidad, la cuestión racial ha permeado los debates en las Naciones Unidas. La decisión de convocar la Conferencia Mundial contra el Racismo, la Discriminación Racial, la Xenofobia y las Formas Conexas de Intolerancia fue un hito sumamente importante para que la humanidad avance en el reconocimiento y la lucha sistemática contra el racismo. La conferencia se llevó a cabo en la ciudad de Durban, Sudáfrica, y tuvo lugar entre el 31 de agosto y el 8 de septiembre de 2001.
Las reflexiones de la conferencia se difundieron por todo el mundo y la solidez de sus propuestas y expectativas generadas dieron lugar al Decenio Internacional para los Afrodescendientes, que comenzó el 1 de enero de 2015 y culminó el 31 de diciembre de 2024 con el virtuoso tema “Afrodescendientes: reconocimiento, justicia y desarrollo ”. El final del “Decenio Internacional de los Afrodescendientes” terminará con una enorme conquista de la población negra del mundo, que es el “Foro Permanente de las Naciones Unidas para los Afrodescendientes”.
Debemos entender que hay una gran tarea por hacer en la lucha contra el racismo. En este escenario, tenemos como punta de lanza a Naciones Unidas, que es lo más parecido a lo que podemos llamar un acuerdo universal de buena convivencia. Fundada en 1948, la ONU juega un papel de liderazgo en la articulación política y en el apoyo global a los países pobres y en desarrollo. Sus diversas agencias juegan un papel importante en la promoción de la igualdad, la cultura, la salud, el trabajo, la vivienda, el medio ambiente y muchos otros temas de interés para la humanidad.
El Plan de Acción de la Conferencia de Durban y el Decenio Internacional de los Afrodescendientes merecen la creación del “Foro Permanente de las Naciones Unidas para los Afrodescendientes”, que jugará un papel importante dentro de las Naciones Unidas y de los países miembros. El foro cumplirá el rol de una “agencia afroplanetaria”, cuyo objetivo es monitorear el Plan de Acción de Durban y brindar asesoría a los países miembros para que puedan implementarlo de la mejor manera posible.
Trazando una visión panorámica de la cuestión racial mundial, hemos observado que existe una correlación entre el capitalismo y los avances neoliberales con la profundización de las desigualdades. La población negra es la que sufre los mayores impactos deletéreos de la desigualdad, ya que se posiciona en la base de la pirámide social. Los más de 300 años de esclavitud en las Américas y el Caribe dejaron una enorme herida social que insiste en no sanar, ya que las élites de los países insisten en mantener un modelo de desarrollo dirigido a los económicamente más privilegiados. El sistema capitalista segrega a la población en varios aspectos, promoviendo una meritocracia fantasiosa que profundiza cada vez más la desigualdad.
El Foro Permanente de Afrodescendientes, junto con el Alto Comisionado, el Consejo de Derechos Humanos y otros órganos dinámicos de las Naciones Unidas, podrán establecer importantes alianzas con ONG con estatus ECOSOC, instituciones gubernamentales y organizaciones de la sociedad civil, con el objetivo de mejorar la lucha contra racismo, la reducción del Foro. La lucha por la implementación de acciones afirmativas dirigidas a la población negra, enfocadas en Educación, mercado laboral, emprendimiento, salud y cultura, puede transformar, a mediano plazo, la dura realidad impuesta a los negros tanto en África como en la diáspora.
Una de las acciones más importantes del Foro Permanente será la identificación, mapeo y construcción de indicadores raciales en sus más diferentes espectros. La ausencia de indicadores demuestra de manera obvia que la invisibilidad es una estrategia morbosa del racismo, el capitalismo, la élite blanca. Si un contingente humano no se identifica en todos sus matices, no se declara como grupo humano con necesidad de promoción. La invisibilidad proyectada y programada de los negros es uno de los mayores delitos que se pueden perpetrar contra una población. La invisibilidad del ser humano produce la naturalización de la barbarie, lo pudimos ver en los campos de concentración nazis, donde los horrores solo se descubrieron con la llegada de las tropas aliadas. El genocidio congoleño, llevado a cabo por el rey Leopoldo de Bélgica, permanece hasta hoy restringido a grupos de estudiosos, esto también es una forma de invisibilidad.
Hay un factor que merece especial atención entre todos los objetivos del Foro Permanente. Este factor debe estar enfocado a la Educación. Es a través de la educación que los ciudadanos dan sus primeros pasos en la sociedad civil. El Foro Permanente debe tener como tarea prioritaria en su importante inicio, el análisis de los impactos de la Educación en los países miembros. El surgimiento del nazi-fascismo en todo el planeta es un fenómeno que llama la atención. A pesar de las desastrosas experiencias de Hitler, Franco y Mussolini, que dejaron un rastro de millones de muertos en todo el planeta, sus monstruosas ideas siguen siendo adoradas por personas de todo el planeta, especialmente por jóvenes europeos y estadounidenses.
El capitalismo no permite una autocrítica enérgica, donde reconoce que sus movimientos expansivos provocaron un profundo efecto deletéreo en el continente africano y en la diáspora, efectos que siguen espantosamente vivos, rechazando una necesaria disculpa por el daño causado y por la matriz segregadora que permanece renuente entre nosotros hasta el día de hoy.
El Foro Permanente de los Afrodescendientes podrá utilizar un abanico enorme de recursos para que siempre se pueda reafirmar con seguridad que todos los seres humanos nacen libres y que los derechos de todos son iguales e inalienables. El foro debe trabajar duro para que se respete la dignidad de los negros. No puede ni debe ser solo un organigrama escrito entre los documentos de las Naciones Unidas, ¡no! ¡Debe ser un organismo vivo y palpitante! ¡Extraordinario! El Foro será el oráculo de la negrura internacional, será el oasis vigorizante en el doloroso desierto de la desigualdad y el racismo.
Los negros no podemos trasladarnos al organismo que aparece en nuestra protección, como una solución definitiva a nuestros problemas. ¡No! Necesitamos profundizar la lucha contra el racismo y su creador, el capitalismo. El Foro Permanente de los Afrodescendientes será otro instrumento de apoyo en nuestra lucha. Nuestra acción contra el racismo y el capitalismo tiene que ser diaria, en cada barrio, en cada calle, con nuestros vecinos, en nuestras escuelas, en nuestras iglesias, en clubes y espacios lazer. Es de estos lugares que los subsidios llegarán a Naciones Unidas para recibirlos en su Foro Permanente der los Afrodescendientes. El foro será un territorio con tierra bien arada, será el huerto, nosotros ofreceremos semillas.
Amauri Queiroz.
terça-feira, 14 de setembro de 2021
FEUILLETON LOOK
There’s no use crying
over what happened
The vigour from the
past that time took away
It was left out there
without a pot to piss in
for the nights out,
the daybreak and the drinking spree
So many mistakes, so
many love marks
Painful and suffering
marks
Marks of life that
rouge insists on hiding
I follow my path in
solitude
Obstinate routine
towards the bars full of affliction
I face my windmills
without the squire
I want a drink buddy, maybe
a partner
a body as a shelter, a
truly one
To shelter me from the
storms that torment me
In this world's crazy
stage
To be able to hear an
obstinate tango from Gardel
Where the bandoleon
covers with its passionate symphony
My silent and lonely
sobbing
I ask for a dose of
support and the waiter tells me it's been over for ages
Even a fake bitter
kiss makes me believe I can love
But come on!
I follow the fate of a
woman alone in this affectionless life
Lost in life like a
stray dog
Lost in her own abandonment
Consuming dreams and
desires
Swallowing men,
alcohol and cigarettes
Failed and despicable
men with their old kisses
Even so I say yes to
the needy proposals
I have no reason to
say no
I own myself, I’m
sassy, I’m life, almost bandit
I have no family to
hug on Sundays
I gently accept
copulation
With the same delicacy
that you bake a wedding cake
Even wearing false
values
I know we’re strange,
different, dark humans
Indecent accomplices
in our faithless and half-hearted smile
The alcohol slowly
warms me up
Slowly sets me on fire
I surrender to your
warmth to forget the pain
I immerse myself in
the false sense of love, that's what I have left, that's what I have
My pains are so
present they never become past
Marks of life with no
celibate
Addicted to the
lecherous and hedonistic present
I carry glorious marks
of fierce heat fight
I’m not knocked out,
I’m not beaten
I’m smart and shrewd
I can fake pleasure, I
can be theatrical
Divide dust and sins
equally
Not necessarily in
that order
Marginal pleasure has
a great flavor, is pleasant
The taste of the
interdict gets us high in unimaginable ways
It’s such a drag,
underworld, falsehood
That seems to be true
love
And when the dawn
breaks into the room, naughty and curious
And it’s frightened by
the unpalatable taste of the environment
My body is the
invaded, conquered and colonized Troy
Lies fatigued under
the smoke of a fire that consumed her violently
The curtains of life’s
stage are opened
The scenery is cruel
and terrifying
On the battlefield we
are wounded warriors
Where regret
predominates in a bed without flavor
The air is filled by
the taste of defeat and pain
In hidden tears I put
out my cigarette
Burning in the ashes
your smells
The other women, your
sweat, your drink
The drunken Colombian
route of a poor pierrot of corroded life
I’m not immortal, I
may be fragile, but I’m fatal
I’m from the pub, I’m
the diva of the desperate, I’m from the street
The leftovers, the
solidary glasses and the selfish beings
I’m the fake smile that
always says yes
But my friend I
recommend you
Never believe my
feuilleton look.
segunda-feira, 30 de agosto de 2021
domingo, 30 de maio de 2021
Nelson Sargento Já Chegou no Céu dos Sambistas
Sambista não tem velório, velório de sambista é gurufim. Nelson Sargento bem que merecia um grande e animado gurufim na quadra da Mangueira.
O gurufim é um ritual fúnebre/festivo dos povos de origem africana, que celebram e homenageiam em corpo presente a morte de algum membro da comunidade. O termo ‘gurufim’, segundo o folclorista Luis da Câmara Cascudo, é uma corruptela de ‘golfinho’, cetáceo que em diversas culturas, conduz a alma do morto, ou seja, faz a passagem dos espíritos dos que morreram para uma outra vida.
Segundo o pesquisador Luis Antônio Simas, no Brasil é comum na religiosidade dos bantos e iorubas a cerimônia do Axexê, que é um rito, uma comemoração, uma festa para a morte. Simas explica que a crendice popular diz que a morte quando chega nunca leva somente uma pessoa. Na verdade gosta de levar três. “Então o povo faz uma festa ao redor do morto, onde canta, bebe e brinca para enganar a morte”. É uma malandragem, para que a morte não perceba que tem um morto sendo velado naquele local. Então ao observar a festa e o povo feliz na comemoração, não percebendo o engodo, vai embora sem levar as pessoas ali presentes.
Uma das maiores pesquisadoras viva da história do samba, Marília Trindade Barboza, diz que o maior gurufim que sem tem notícia foi o do sambista Paulo da Portela, fundador da escola de samba cujo nome incorporou. As exéquias aconteceram no ano de 1949 e infelizmente não puderam ser realizadas na sede da escola de samba, pois, segundo Marília, a recém viúva não permitiu que o corpo fosse velado na quadra da agremiação por conta de quizilas entre a escola e seu falecido marido, fundador da instituição, coisas do samba. A imprensa da época noticiou que 15 mil pessoas lotaram as ruas de Madureira para acompanhar a passagem do funeral.
O gurufim foi na rua mesmo. O comércio cerrou as portas em respeito e homenagem ao ilustre sambista. O povo cantava e bebia enquanto caminhava acompanhando. Segundo Marília Barboza muita gente ganhou um bom dinheiro no bicho ao apostar no milhar da sepultura, que por mais incrível que possa parecer, deu na cabeça, mais gurufim que isto impossível. Culminar com o milhar da sepultura do falecido dando na cabeça.
O memorável sambista Padeirinho da Mangueira também se referiu ao gurufim em um de seus sambas, especificamente o “Linguagem do Morro”: “Briga de uns e outros/Dizem que é burburim/Velório no morro é gurufim”.
Dona Neuma a grande dama do samba de Mangueira narrava que também fazia parte do gurufim algumas brincadeiras: “A gente tirava a porta da sala principal e deitava sobre os caixotes. Colocava o morto ali em cima rodeado de gente sentada em bancos. Quando a cachaça comia solta, nego dormia e os outros pintavam a cara dele com uma rolha queimada”
Luiz Antônio Simas diz que essas brincadeiras costumavam ter o mar e os peixes como tema, pois os golfinhos carregam a tradição de transportar as pessoas para outros mundos. Em uma delas o capitão perguntava: “Gurufim veio?” e em coro todos respondiam: “não, não veio” e perguntava novamente: “Baleia veio? “Não, não veio” respondiam, e então quem veio? E o grupo apontando para alguém: “olha a sardinha aqui”...e cada um era apelidado pelo nome de um ser marinho. A pessoa que era a sardinha então tinha que responder, e passar adiante. Quem não respondesse ao chamado, tinha que pagar uma prenda, como levar um tapa na mão, conhecido como “bolo”, explica Simas.
Velório no Morro” (Raul Marques e Tancredo Silva)
Lá no morro quando morre um sambista
É um dia de festa e ninguém protesta
As águas rolam a noite inteira
Pois sem brincadeira o velório não presta
Tem também um gurufim
Que no fim acaba sempre em sururu
Mas é gozado pra chuchu (…)
(...) Já encomendaram ao anjo Gabriel
Um novo céu para dar abrigo a sua gente
Que morre assim constantemente, de repente.
A morte está presente no cotidiano dos poetas do samba. Nelson Cavaquinho cantava: “...Depois que eu me chamar saudade/Não preciso de vaidade/Quero preces e nada mais”, e “Quando eu passo/Perto das flores/Quase elas dizem assim: Vai que amanhã enfeitaremos o seu fim”.
Então o poeta traz essa epistemologia de um novo céu para abrigar a sua gente, os sambistas, o céu dos sambistas. Não basta o gurufim, há que haver um céu especial.
Pois é amigos e amigas, o samba sempre foi o grade pulsar do coração cultural do povo e ficou menor com a partida de Nelson Sargento.
A trajetória de Nelson Sargento se mistura com a história do samba. Nelson sempre foi joia rara, amigo leal, sambista de boa cepa, sorriso malandro, não dava bom dia a cavalo nem entrava em bola dividida. Unanimidade no mundo do samba, deixa um vazio danado e um grande legado, permanecendo para sempre o alerta de que o samba agoniza mas não morre.
A essa hora já chegou no Céu dos Sambistas. Duvido que São Pedro não tenha criado um só para os sambistas. Se não houvesse criado, São Pedro certamente teria recebido a demanda de Paulo da Portela que com certeza protocolou um requerimento solicitando a criação do espaço.
No Céu dos Sambistas é diferente. A rapaziada fica de boas nas nuvens, tirando uns acordes para mostrar pro São Cartola e realizando exercícios vocais com Elizeth Cardoso, Beth Carvalho e Clara Nunes.
No Céu dos Sambistas a coisa toda não é tão rigorosa, Noel Rosa sempre fuma um cigarrinho escondido e Geraldo Pereira sempre dá um jeito de tomar umas e outras com Nelson Cavaquinho, Beto sem Braço e Zé Espinguela. Padeirinho só acompanha pois já parou de beber há muito.
Dona Neuma organiza tudo e é quem manda de verdade no Céu dos Sambistas. Paga esporro e enquadra todo mundo no fundo da quadra. Dona Zica também tem grande poder e comanda na moral a feijoada de sábado que o Natal da Portela adora. O medo do pecado da gula passa longe do Céu dos Sambistas. Lá rola Tripa Lombeira, Barriga de Porco, Sarapatel, Rabada, Mocotó, Buchada de Bode e como ninguém é de ferro sempre rola um prato leve como Angu à Baiana com chouriço.
No Céu dos Sambistas não há como ter tristeza. Isso é com os ‘zé ruela’ que ficaram lá embaixo reclamando da vida. Aquela coisa filé de vida eterna, não andar duro, tudo suave, nos conformes, chapéu panamá, sapato bicolor, camisa de seda, mulheres no salto, não tem como não sair samba bom.
É no Céu dos Sambistas que são feitos os sambas bons que ouvimos no dia a dua. Quando os sambas ficam prontos, eles mandam os anjos do samba colocarem nas cabeças dos compositores e compositoras aqui da Terra.
Se for um anjo sambista meio preguiçoso, ele entrega o samba durante o sono do compositor, dá menos trabalho assim. Se for uma anja daquelas sagazes, ela faz ser como uma luz que chega de repente com a rapidez de uma estrela cadente e zumpt! Enfia o samba na é que tem que se arvorar em encontrar caneta e papel nos lugares mais esdrúxulos e inimagináveis.
Nelson Sargento já chegou no Céu dos Sambistas. A alegria é intensa, foi recebido pela corte celestial mangueirense, composta por Saturnino, Dória, Roberto Firmino, Gargalhada, Zé com Fome, Zagaia, Chiuco Porrão, Alfredo Português, Seu Tinguinha, Waldomiro Pimenta, Jamelão, Preto Rico, Jajá, Jurandyr, Comprido, Tantinho, Luizito, Cartola, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça, Tia Fé, Neide, Mocinha, Rasgado, Delegado entre tantos outros ilustres mangueirenses.
Nelson Sargento era o Presidente de Honra da Mangueira, instituição cultural internacional fundada por negros pobres do Morro da Mangueira. Nunca teve doutor no meio porque para fazer samba não precisa de livro e sim de ancestralidade.
Sargento percorreu a linha da vida sempre na paz e com humildade. Gente boa, pedra 90, ás de ouro, pessoa fina da melhor qualidade, fina estampa. Nem precisou passar pela entrevista de acesso para saber se podia entrar e ficar no Céu dos Sambistas, entrou direto, pois no ônibus do samba Nelson Sargento sempre andou na janela.
Está de boas no Céu dos Sambistas. Luis Carlos da Vila acabou de compor um belo samba para sua chegada. Quem está cantando é o Tantinho acompanhado por Mijinha e Elizeth Cardoso.
Todos estão perfilados, em trajes de gala, com as bandeiras e estandartes das agremiações. Só o Jamelão que está resmungando da falação e algazarra das pastoras de Mangueira. Dodô da Portela acabou de ralhar com o Delegado que estava conversando com Candeia e João Nogueira sobre samba e futebol durante os preparativos.
No Céu dos Sambistas todos estão em festa e engalanados para receber Nelson sargento sob as bênçãos do Comandante em Chefe do Céu dos Sambistas, Paulo da Portela. O samba está triste na Terra mas há uma grande festa no Céu dos Sambistas.
Nelson Sargento pode não ter tido seu merecido gurufim, são tempos de pandemia. Foi consolado por Tia Ciata e João da Baiana. Nelson Sargento está feliz no Céu dos Sambistas.