AQUELE ABRAÇO!
A Academia Brasileira de Letras – ABL, acaba de consagrar o artista brasileiro Gilberto Gil como mais um de seus imortais. Gil ocupará a cadeira número 20 da ABL, antes ocupada por Murilo Mello Filho, grande escritor e jornalista falecido em maio do ano passado. Também sou escritor e jornalista, e ex-genro de Murilo Mello Filho. A cadeira 20 tece em torno de si inúmeros destinos e personagens, em um curioso mosaico humano repleto das mais distintas manifestações.
O patrono da cadeira número 20 é o escritor Joaquim Manoel de Macedo, autor do célebre romance a Moreninha. Macedo foi professor de História do Colégio Pedro II, onde o neto de Murilo Melo Filho, Bernardo Mello Queiroz, meu filho, apresenta-se vez em quando com sua banda de rock.
O escritor e jornalista Murilo Mello Filho foi amigo de Gilberto Gil, artista que tive o prazer de conhecer pessoalmente em uma viagem que fizemos a Mumbai na Índia. As tramas do destino continuam se entrelaçando, pois, trabalho no Colégio Pedro II, onde Joaquim Manoel de Macedo foi professor de História e História é o curso que estou concluindo na graduação.
A cadeira 20 também teve como ocupante o general Lyra Tavares, que durante a ditadura militar mandou prender Gilberto Gil na Vila Militar em Realengo. Daí a música “Aquele Abraço”: “Alô...Alô Realengo! Aquele Abraço!”. Foi a mensagem que Gil enviou aos companheiros que continuaram no cárcere.
Meu filho Bernardo Mello Queiroz é músico como Gilberto Gil e gravou um vídeo há um ano atrás cantando uma bela canção de Gil.
Sou um cobrador renitente da entrada de negros e negras na Academia Brasileira de Letras – ABL, um verdadeiro bastião de homens brancos idosos e de classe média alta. Meu sogro Murilo Mello Filho tentou algumas vezes convidar pessoas negras para se candidatar à academia. Testemunhei seu esforço em convidar o geógrafo Milton Santos, que agradeceu imensamente a deferência, mas declinou por estar acometido à época por uma moléstia incurável.
O fardão cairá bem em Gilberto Gil, um artista, um cidadão do mundo que traz dentro de si uma biblioteca afroarcoíris repleta de maravilhas fascinantes que encantam a humanidade.
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