Adeus minha irmã Yanomami. Você escolheu partir no Dia Nacional da Consciência Indígena. Talvez para despertar a consciência torpe de parte da sociedade que se diz civilizada.
Seu espírito partiu para as estrelas, espalhou-se pela floresta, mergulhou nas águas dos rios e foi brincar com os seres elementares.
Irmã Yanomami minha alma chora por você. Não sei seu nome, não a conheço, nunca lhe vi. Mesmo assim minha alma chora e meu peito aperta em um lamento mudo e doloroso.
Sua partida silenciosa e elegante nos envergonha. Sim, sentimos vergonha e lhe pedimos perdão, mesmo que póstumo.
Estamos saindo de um mundo de trevas para voltar a ver novamente a luz, a claridade. Infelizmente não houve tempo para salvar sua vida, mais uma vida entre milhões de vidas perdidas para a ganância do capitalismo.
Você não estará sozinha, as mais lindas falanges de caboclos estarão perfiladas para recebê-la. E num cantinho lhe olhando com um sorriso estarão Chico Mendes, Irmã Dorothy Stang, Bruno Pereira e Dom Phillips, todos mortos pelas mesmas mãos que tiraram sua vida.
É o preço do homem branco, é o preço do colonizador, é o preço da obsessão capitalista pelos recursos da floresta.
Os monstros da ganância não conhecem a floresta, suas riquezas imateriais, suas religiões, sua flora e fauna, seus povos e sua sabedoria milenar. Querem ouro, madeira e fazer riquezas. Não convivem com o espírito da floresta.
Adeus minha irmã.
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