O Maranhão está entre os estados mais lindos e importantes do Brasil. Sua história está cravada na formação da nação brasileira. As belezas dessa terra produz uma misteriosa magia que encanta a todos.
No campo da literatura o estado é referência nacional em nomes de destaque na letras. Entre os filhos diletos da literatura maranhense podemos citar Aluísio de Azevedo, Josué Monteli, Graça Aranha, Gonçalves Dias, José Loureiro, Ferreira Goulart, Catulo da Paixão Cearense, Coelho Neto, José Sarney, Artur Azevedo, Salgado Maranhão e as mulheres Laura Rosa, Lucia Santos, Sônia Almeida, Jorgeana Braga, Luiza Cantanhede, Lenita Estrela de Sá e inúmeras outras grandes escritoras.
Há uma escritora porém que merece todas as reverências e homenagens possíveis. É uma mulher negra, uma admirável mulher negra, que ostenta a façanha de ser a primeira romancista da América Latina, tendo escrito e publicado o primeiro romance latino-americano escrito por uma mulher. Maria Firmina dos Reis inaugurou o Romance Abolicionista ainda no período da escravidão. Nascida em 1825, na Ilha de São Luís do Maranhão. Filha de uma preta forra (libertada) chamada Leonor, que aos 25 anos, contrariando o destino até era reservado aos negros e negras da época, estudou e se tornou professora. Maria Firmina publicou seu primeiro romance Úrsula, em 1859, onde denunciava as agruras do cativeiro enquanto expressava seus ideais abolicionistas, baseados em sua experiência ocular e no passado de sua família.
Em um país onde o racismo estrutural não fosse tão forte, como é o caso do Brasil, e que a invisibilidade da população negra não fosse um projeto estabelecido e tolerado pela população, Maria Firmina seria uma celebridade nacional. Contra tudo e contra todos, essa mulher negra, uma heroína do seu tempo, em pleno período da escravidão, escreveu e publicou um romance revolucionário e desafiador para a época, que causa espanto e admiração até os dias atuais.
Maria Firmina sempre foi dedicada aos estudos. Em 1847 aos 22 anos, ingressou no magistério através de concurso para Cadeira do Ensino Primário, no ensino de Primeiras Letras. Abraçou o magistério durante toda a sua vida, comprovando sua lealdade ao ensino ao fundar em Maçaricó uma escola mista gratuita para alunos carentes, uma das primeiras do país. Todos os dias era vista subindo a ladeira que antecedia a chegada a escola em cima de um carro de boi. Talvez tenha sido uma iniciativa pioneira do que hoje são os núcleos populares de estudo para jovens carentes no Brasil. Era conhecida como uma professora calma, de gestos comedidos e por isso era admirada pela população. Toda passeata que era realizada no município de Guimarães, onde residia, parava sob sua janela e aguardava sua benção.
A obra de Maria Firmina dos Reis é objeto de estudo em diversas instituições acadêmicas em todo o país. Além de escritora de diversos livros, participou de inúmeras antologias. Também era compositora, tendo composto um hino em homenagem à Abolição.
Maria Firmina dos Reis nunca se casou e faleceu em 11 de novembro de 1917, aos 95 anos de idade, pobre e cega. Infelizmente a maioria dos documentos de seus arquivos pessoais se perderam nas brumas do tempo, assim como não se tem notícia de nenhuma foto verdadeiramente sua.
Firmina deixou como seu maior legado o amor à literatura e à educação. Apesar de sua luta em prol da mulher, seu busto é o único que representa o gênero feminino na Praça do Pantheon, que homenageia os escritores mais importantes de São Luís do Maranhão.
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