sábado, 1 de março de 2025

Paulo Barros contra Zumbi

O Carnavalesco Paulo Barros causou polêmica ao afirmar seu repúdio aos enredos afros das escolas de samba. O mais surpreendente é que ele como carnavalesco afirmar que "não gosta" de enredo sobre a cosmovisão africana. Qualquer ser humano que que tem o privilégio de montar esta grande aula a céu aberto que é o desfile de uma escola de samba, dirigida para milhões de pessoas em todo o planeta, deveria ter orgulho de mostrar as raízes africanas que estão entranhadas na identidade nacional de maneira inquestionável. 
Não se trata de "gostar", trata-se sim de honestidade intelectual, pois, em 2022 na Paraíso do Tuiuti, Barros apresentou o enredo afro "Ka Riba Tí Ye - Que nossos caminhos se abram", quando a escola amargou o décimo primeiro lugar. Portanto o debate deveria se concentrar não em gostar ou não gostar e sim saber ou não saber desenvolver um enredo sobre a cosmovisão africana. Para quem já fez enredo sobre "Playmobil", demonstrando que atira em todas as direções, geralmente sem o sucesso da vitória, deveria se manter respeitosamente calado sobre o tema e não criticar os seus adversários com manifestações que insuflam a extrema-direita nacional. Ao negar de maneira peremptória a importância das raízes africanas, sempre sub representadas e até ocultadas pela historiografia oficial, Paulo Barros, por conta de sua limitação intelectual, presta um grande desserviço à luta pela promoção da igualdade racial no país. Não são somente "enredos afros", e sim o resgate histórico da saga de um povo que amargou 350 anos de cativeiro, registrado como um dos maiores genocídios da história universal. A redução da tragédia transatlântica afrodiaspórica, que sequestrou e escravizou nas Américas e Caribe mais de 20 milhões de africanos sequestrados de seus lares, onde eram livres em África deve ser sempre lembrada, para que nunca mais se repita. Se a representação artística desse trágico e inesquecível panorama "desgosta" o carnavalesco Paulo Barros é porque ele possui sérios problemas em relação às reparações históricas que estão em curso em todo o mundo democrático. Paulo Barros já fez um enredo sobre a Alemanha em 2013 e teve um carro alegórico sobre o Holocausto Judeu proibido pela justiça em 2008, evento que causou protestos e grande comoção na comunidade judaica, representada no fato pela Federação Israelita. Paulo Barros originalmente , em seu enredo, vestiria um destaque de Adolfo Hitler no carro alegórico do Holocausto da Viradouro. O escândalo foi rapidamente abafado pela escola e assim que terminou o desfile o carnavalesco foi defenestrado da instituição. Em tempos de recrudescimento do fascismo e do nazismo no Brasil, acho melhor passarmos a prestar mais atenção em seus movimentos, pelo que podemos observar sua capivara não é das melhores e suas digitais estão espalhadas por aí.

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