sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

É Carnaval!

O Carnaval está se aproximando do seu clímax. Escolas de samba nós preparativos finais estão sob estresse profundo. Blocos de rua se organizam para enfrentar a maratona desgastante sob o sol abrasador arrastando multidões pelas ruas do país. Grupos de bate-bolas, colombinas e pierrôs ensaiam suas singularidades para se divertirem no tríduo momesco que em breve varrerá o Brasil.

O Carnaval além do ambiente de alegria que contagia a população, é uma verdadeira usina de produzir dinheiro. A cadeia produtiva do Carnaval responde por indicadores significativos nos PIBs dos municípios brasileiros. Não é somente sair pelas ruas se divertindo sem compromisso. O Carnaval envolve uma poderosa teia de empreendimentos que sustenta milhões de famílias enquanto atividade produtiva e econômica. É como um iceberg, onde enxergamos somente a ponta emetsa e não a parte submersa. Para cada purpurina, instrumentos musicais, fantasias, bailes, escolas de samba e blocos, há uma imensa e febril cadeia produtiva que vai do vendedor ambulante do bloquinho aos aviões que despejam turistas à rodo nos hotéis das cidades brasileiras.

O evento talvez seja a maior fábrica de sonhos do planeta. Diversas situações típicas envolvem seus participantes: os casais que são formados nos blocos, o flerte nas arquibancadas dos sambódromos e até mesmo as esperanças depositadas nos desfiles das agremiações carnavalescas como as gigantes escolas de samba que promovem verdadeiras óperas populares à céu aberto onde milhares de músicos e atores encenam seus enredos em busca de um troféu ansiado.

O desfile das escolas de samba é a evidência mais inconteste da capacidade criativa e protagônica do povo negro. Saindo da Pequena África para o mundo, os desfiles são produções primorosas onde a capacidade criativa e empreendedora da população negra, faz demolir o discurso preconceituoso de uma histórica subrepresentatividade étnica, criativa e empreendedora do povo negro.

Nascido nos terreiros de Candomblé e Omolokô da Umbanda Carioca, no colos das mães de santo, iaôs, ogâns e alabês da Pequena África, o samba, esse menino travesso, se tornou a cadência da batida da cultura brasileira. Esses negros e negras que lutaram contra a repressão do sistema opressor da época de seu nascimento, fizeram um trabalho difícil de acreditar e que se transformou em um dos maiores espetáculos da Terra.

Estamos aqui para saudar Tia Ciata, Carmem do Xibuco, Tia Perciliana, João da Baiana, Tia Amélia, Babá Bamboxé, Zé Espinguela, Tia Fé, Dona Esther, Maria Rainha, Paulo da Portela, Cartola, Hilário Jovino, Djalma Sabiá, Joãosinho Trinta, Fernando Pamplona,  Dona Eulália, Molequinho, Mano Elói, Mano Décio, Natal, Chico Santana, Dona Neuma, Dona Zica, Dodô, Chico Porráo, Alfredo Português, Carlos Cachaça, Argemiro, Casquinha, Mônaco, Ataulfo Alves, Heitor dos Prazeres, Ismael Silva, Bid, Marçal e Edgard e toda a turma do Estácio, Noel Rosa, enfim, todas as pessoas que desde os primórdios dos anos 20 do Século XX construíram a história do samba com resiliência e dignidade.

Destarte a criminalização do Carnaval por parte das religiões cristãs, a festa já abriu suas portas para a população vivenciar esse período de alegria e confraternização. Rogamos aos deuses que seja de alegria e paz.

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