O enredo da Mangueira está visitando as salas de aula das escolas do Rio de Janeiro, retirando o véu de invisibilidade que oculta as mazelas contidas na historiografia negra nacional.
A escravização de seres humanos foi o genocídio, o crime de lesa humanidade, responsável pela retirada à força e sob correntes, de cerca de 25 milhões de pessoas do Continente Africano para a construção do Novo Mundo. Cerca de 5 milhões vieram para o Brasil e foram fundamentais para a construção da nação brasileira.
O Bradil foi o último país do mundo a abolir a escravidão, tornando-se um pária internacional no campo dos direitos humanos. A desumanidade e a violência do cativeiro durante 350 anos nos envergonham enquanto nação e nossos livros didáticos evitam mergulhar fundo nesse horror e até falar sobre o assunto.
O sentimento sobre a diáspora africana não mudou desde os tempos do Brasil Colônia. Os negros foram postos em liberdade após a Lei Áurea em 1888, mas o sentimento da elite nacional não aprovou a implantação de qualquer tipo de política pública de inclusão e reparação. Continuaram segregados, antes na senzala e agora nas favelas, sem educação de qualidade, sem empregos, sem cidadania.
Os indicadores raciais brasileiros são exorbitantes demonstrando que a eliminação do racismo estrutural que vige em nosso país está longe de ter fim, gerando violência e desespero e miséria em nossa sociedade.
A Mangueira cumprindo seu papel histórico de resgate da ancestralidade, soltou seu grito de resistência na avenida, que é ouvido em todas as partes do mundo.
Que tenhamos um descortinar social e racial mais saudável no futuro, pois não existe nada mais insalubre socialmente que o racismo e o futuro de nossas crianças negras marcado pelo preconceito e pela exclusão.
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