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Eu Negro

sábado, 5 de agosto de 2023

Van Gogh Museum


O ambiente do Van Gogh Museum é canônico e grandioso. Um espaço dedicado à glória humana, onde se sente a atmosfera inebriante do espírito de Van Gogh e seu mundo caoticamente brilhante, cravejado por suas luzes que espocam em nossas almas como relâmpagos divinos.

No meu caso, não consegui descortinar um painel artístico definido diante da grandiosidade de sua obra, pois, me vi desconcertado diante daquele mundo salpicado de maravilhas que foram produzidas e até paridas sob sentimentos e momentos de intensa dor.

Talvez a grande arte seja assim, nasce como nascem nossos filhos, que encantam e iluminam nossas vidas , mas que para vir ao mundo rompem um mundo quente e confortável, infligindo uma dor profunda inesquecível e maravilhosa.

Somente o amálgama da dor com a inspiração pode parir luzes tão primordiais como as que vemos na obra de Van Gogh. Talvez seja um fado destinado aos grandes artistas, quando podemos constatar a mesma dor em Beethoven, Tolstoi, Ezra Pound e Ana Cristina Cesar.

O artista deixou mais que o legado artístico. Em sua vida atribulada, financeiramente trágica e mantida pelo irmão Theo, transmitiu um legado  às gerações futuras mostrando que a vida não pode e nem deve ser cativa ao dinheiro. Van Gogh é a mais completa representação da necessidade de se fazer arte por amor, puramente por amor e não por pecúnia. Quando dirijo meu olhar sobre suas obras, nunca esqueço que em seu desespero por afeto e talvez até por amor, retirou uma prostituta com seus filhos das ruas e os levou para morar consigo, construindo um arremedo desesperado de lar e família possível.

Todas as vezes que me detenho sobre sua obra, lágrimas afloram em meus olhos, diante de tanta magnificência construída na mais absoluta simplicidade. Van Gogh no meu entender é o que existe de mais próximo entre o píncaro da arte humana e a energia divina que rege o universo.

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