No meu caso, não consegui descortinar um
painel artístico definido diante da grandiosidade de sua obra, pois, me vi
desconcertado diante daquele mundo salpicado de maravilhas que foram produzidas
e até paridas sob sentimentos e momentos de intensa dor.
Talvez a grande arte seja assim, nasce como
nascem nossos filhos, que encantam e iluminam nossas vidas , mas que para vir
ao mundo rompem um mundo quente e confortável, infligindo uma dor profunda
inesquecível e maravilhosa.
Somente o amálgama da dor com a inspiração
pode parir luzes tão primordiais como as que vemos na obra de Van Gogh. Talvez
seja um fado destinado aos grandes artistas, quando podemos constatar a mesma dor
em Beethoven, Tolstoi, Ezra Pound e Ana Cristina Cesar.
O artista deixou mais que o legado
artístico. Em sua vida atribulada, financeiramente trágica e mantida pelo irmão
Theo, transmitiu um legado às gerações
futuras mostrando que a vida não pode e nem deve ser cativa ao dinheiro. Van
Gogh é a mais completa representação da necessidade de se fazer arte por amor, puramente
por amor e não por pecúnia. Quando dirijo meu olhar sobre suas obras, nunca
esqueço que em seu desespero por afeto e talvez até por amor, retirou uma
prostituta com seus filhos das ruas e os levou para morar consigo, construindo
um arremedo desesperado de lar e família possível.
Todas as vezes que me detenho sobre sua
obra, lágrimas afloram em meus olhos, diante de tanta magnificência construída
na mais absoluta simplicidade. Van Gogh no meu entender é o que existe de mais
próximo entre o píncaro da arte humana e a energia divina que rege o universo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário