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Eu Negro

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Se a espécie humana surgiu na África...

Diante da imensidão do universo somos mais fugazes que o tempo de existência de uma fagulha, ou seja, nada. Nosso tempo de vida é a coisa mais vã e desnecessária que se pode observar no universo. Ele, o universo, não se importa se somos brancos, pretos, pobres, ricos, felizes ou infelizes, cristãos ou muçulmanos. A única realidade inexorável é que iremos desaparecer definitivamente do planeta Terra enquanto que o universo continuará em sua magnificência infinita.

O tempo ínfimo que passamos aqui sobre este planeta, inexplicavelmente nos cobre de vaidades, soberbas, julgamentos, preconceitos, falsas verdades, egoísmos e desamores.

Não há uma explicação plausível para que esses sentimentos negativos nós preencham. Nesse aspecto somos mais defeitos que virtudes cotidianamente. A incapacidade de nos tornarmos perfeitos perante uma matriz existencial definida em um conjunto de possíveis virtudes nos exaspera.

Então criou-se o bem e o mal de acordo com as características de cada grupo humano. E assim a humanidade caminha referenciadas em verdades que determinam que a mulher é inferior, que negros e indígenas são inferiores, que a terra não pode ser de todos e que o amor pode ser comprado.

Para que possa existir em um cenário tão enigmático e opressor a espécie humana desenvolveu as religiões. Trabalhando com a metafísica do sagrado se consegue sobreviver nas turbulências da existência humana legando a uma divindade superior e imanente todos os momentos de felicidade ou infortúnio que perpassam nossas vidas.

A existência do dogma justificado pela metafísica faz da mulher um ser inferior. Impedida de comandar os ritos sagrados na maioria das religiões, segue sendo secundarizada pelo cristianismo dogmático por ter sido criada através da costela do homem, um subproduto do ser masculino dominante.

A merafísica determina que o que é sagrado tem que ser cumprido e não contestado. Então os homens baseados no princípio da dominação do sagrado criam leis, exércitos, processos de conquistas e opressões onde afirmam seus pseudo poderes.

Há uma desconexão proposital da efemeridade do ser humano com a infinitude do universo. Os livros que foram escritos narrando a existência de divindades não preveram os avanços tecnológicos e científicos que levam a humanidade casa vez mais distante no espaço profundo. Antes o planeta Terra era o centro de tudo e a Criação estava concentrada nele. Agora sabemos que nosso planeta é menor que um grão de areia na imensidão universal. Sabemos que existem mais estrelas no céu que grãos de areia na Terra.

São mundos infinitos em trilhões de galáxias que nunca chegaremos a descortinar. Nossa visão de centro do universo se estilhaçou e nós põe à prova quanto a imanência de um ser que tudo pode e que tudo vê. A incapacidade de entender ou saber qual o objetivo de nossa existência joga a resposta para o sagrado, pois somos incapazes de compreender o que viemos fazer aqui.

A incompreensão existencial gera por conseguinte os inúmeros desvios de caráter que permeiam a existência humana. Se o tempo de nossas vidas é tão curto, precisamos usufruir o melhor da vida. Então vivemos em uma sofreguidão por constituirmos bens, terras, imóveis, capital e outras formas de aquisição de poder.

O rótulo do sucesso prevê a acumulação de bens. O respeito civilizatório não se dá pelo conjunto de virtudes humanísticas de um ser humano mãe sim pela capacidade de constituir capital. A metafísica justifica essa posição ao afirmar que devemos dar à Cesar o que é de César e à Deus o que é de Deus.

Deus é a virtude, o amor, a solidariedade e a compaixão. César é o mundo difuso e plúmbeo do capital. Então vivendo entre esses dois mundos vamos tentando sair de um para entrar no outro sem porém abandonar um em detrimento ao outro.

Então a vida passa e os que estão perto do final analisam as batalhas interiores entre esses dois mundos que nos compõem. No fim pode parecer ridículo todo esse viver que nós atira constantemente nós paredões desses dois mundos que consideramos destino.

Em 200 anos no futuro ninguém que está vivo hoje nesse planeta estará vivo, terão desaparecido, transformados em cinza e pó. Enquanto isso o universo seguirá em sua marcha infinita, pouco se importando com nossas vaidades e arrogâncias que se foram envolvidas pelas cinzas.

 

O céu enquanto um local paradisíaco reservado aos que viveram uma vida dedicada a Deus não passa de uma meta e inteligente construção metafísica. A Bíblia diz que é mais fácil um camelo passar através de um buraco de agulha que um rico herdar o reino dos céus. Na luta de boxe chamam de golpe abaixo da linha de cintura. No popular se diz golpe baixo.

Sabemos que 1% dos mais ricos do planeta ficaram com 2/3 de toda a riqueza produzida no mundo, que sugnifica 43 trilhões de dólares, ou seja, seis vezes mais dinheiro que toda a população global estimada em 7 bilhões de pessoas.

Essas pessoas super ricas não poderão entrar no reino dos céus pelo simples fato de já estarem nele. As outras 99% lutam bravamente para não chegarem ao inferno, que na verdade está aqui na Terra e é muito fácil de entrar nele, basta perder o emprego e não conseguir outro ou depender da saúde pública em caso de doença.

Não conheço nada mais inteligente e eficaz que convencer o miserável a sentir pena do destino metafísico de um rico e se resignar com sua indigência, pois somente através dela alcançará o paraíso. Ao acreditar no excerto bíblico, o miserável jamais se levantará contra seus senhores, pois, a ele está destinado viver aos pés de Deus e da Virgem Maria em um ambiente puro, divino e livre de pecado. A ele foi apresentado um mundo invisível e fantástico como recompensa pelo seu comportamento resignado e servil aqui na Terra.


















 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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