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Eu Negro

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Traumas transgeracionais do povo negro

Os negros costumam se lembrar das quatro últimas gerações ancestrais. São as gerações que viveram em liberdade social.
Porém, existem outras dez gerações que não são lembradas que carregam uma herança atávica repleta de sofrimentos e traumas transgeracionais. São as gerações ancestrais vividas durante a escravidão.
A carga emocional negativa que essas gerações acumuladas nos transmitiram, podem elucidar parte da nossa melancolia, das nossas tristezas e até de um certo conformismo com os tristes fados que historicamente os sistemas eurocêntrico nos impuseram.
Por um outro lado, o positivo, fomos agraciados pela cosmovisão africana primordial, berço da humanidade e do conhecimento. Esta mesma cosmovisão que nos mostra o Ubuntu, que nos apresentou o compartilhamento e a solidariedade, nos ensinando que devemos lutar sempre e nunca nos resignarmos
A saga de Palmares não pode ser explicada em livros. Pode até ser descrita, mas nunca explicada. Ela é oriunda de uma dimensão material/espiritual, onde fé, rebelião e justiça caminham juntas.
O povo negro não é herdeiro de escravizados. O povo negro é herdeiro da cosmovisão africana que ensinou o mundo os princípios basilares da civilização. Civilização não é construir e desenvolver tecnologias somente. Civilização não é fabricar armas e equipamentos bélicos que destroem a vida fazendo a guerra. Civilização é viver de maneira afetiva e solidária, em harmonia com o universo e a natureza.
Escravizar e comercializar seres humanos não é civilização. A humanidade deveria, ao invés de invisibilizar, se envergonhar dos crimes e genocídios que cometeu no Continente Africano e na afrodiáspora.
A ancestralidade do povo negro, vem transmitindo durante centenas de anos, todas as cargas históricas que compõem o complexo e difuso mosaico de compreensões das sociedades negras atuais, que vão do “black face” aos olhares atentos e vigilantes dos seguranças dos shopping centers.
A eficiência dos sistemas divisionistas da branquitude disseminam diversionismos e gerando movimentos indidiosos entre o povo negro. O poder do apagamento da memória aliado à invisibilização programada e ao deturpamento da história, geram monstros históricos como a perseguição religiosa em uma religião que jamais invadiu outro país por motivo confessional.
O racismo não é fruto do desenvolvimento civilizatório. O racismo é a demonstração mais evidente da ignorância, da anti-cultura e da pequenez do espírito humano.
Técnicas exploratórias como a Biossimetria Ancestral surgem como um facho de luz na noite das memórias ancestrais, pescrutando úmidos e tímidos recônditos da alma negra em seus amplos espectros. Enquanto a varredura existencial segue seu curso, o povo negro vive com o que de melhor lhe legou a cosmovisão ancestral que é a resiliência, a espiritualidade e capacidade de conpartilhamento da paz, da harmonia e do amor.

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