O totalitarismo precisa desordenar o estado para implementar força à sua doutrina. O primeiro passo é retirar a credibilidade do ordenamento jurídico vigente, alegando pois, segundo suas convicções, que o sistema jurídico está corroído e contaminado pelo comunismo, tutelando comportamentos sociais indignos, que atentam contra a pátria e a família.
O ideário nazi-fascista necessita da imagem surreal do comunismo para se afirmar como instrumento de defesa da pátria, da família e das instituições. Sem o PT no jogo político brasileiro o nazi-fascismo perde a razão de existir.
A dialética da pátria contra o comunismo permite a construção de uma imagem muito poderosa que é a utilização dos símbolos nacionais em verdadeiros arroubos positivistas. Hitler e Mussolini utilizaram fartamente este recurso. O projeto nazista de Hitler tomou corpo quando em 1933, após a morte do Presidente Von Hindenburg ele que já era o Chanceler, assume a totalidade dos poderes e consegue dar fim à República de Weimar, oficialmente chamada de República Alemã. A partir de então construiu o Terceiro Reich que implantou o projeto extremista e totalitário de poder na Alemanha, que desaguou na Segunda Guerra Mundial, que todos conhecemos por seus milhões de mortos em combate e crueldades inimagináveis com populações civis, como o holocausto do povo judeu de triste memória.
Mas como Hitler conseguiu tamanha façanha que consistiu em construir um estado eivado pela violência e pela tirania a partir de um povo ordeiro e disciplinado.
A Alemanha saiu destroçada da Primeira Guerra Mundial. A Conferência de Versalhes impingiu duros golpes na então frágil economia alemã. Reparações aos países vencedores e perda de territórios, levaram a República de Weimar ao caos. Em 1919 foi sufocada uma rebelião socialista ué entre seus líderes estava Rosa de Luxemburgo. Com a quebra da bolsa em 1929 nos Estados Unidos a situação se agravou mais ainda. A Alemanha entra na década de 30 com uma taxa de desprego de 45%. A situação caótica se tornou um campo fértil para que Hitler utilizasse o discurso patriótico do orgulho alemão e ao mesmo tempo convocava a população a combater a ameaça comunista. Utilizando a disseminação de notícias falsas (fake news) em grande escala, Hitler aproveitou a morte do Presidente Hindenburg, herói de guerra e assume o controle total da nação.
A partir de então outra Alemanha ressurge para espanto do mundo. O projeto de expansão do nazismo torna-se irrefreável, construindo uma máquina de guerra poderosíssima e através do positivismo convocando o povo para a reconstrução da glória alemã perdida desde a Primeira Grande Guerra.
A doutrina do totalitarismo deixou como legado a metodologia a ser utilizada em projetos semelhantes que são o desmonte das instituições democráticas, o descrédito do parlamento e do Judiciário, disseminação de notícias falsas, pregação contra a ameaça comunista e a produção de grandes eventos com exaltação à pátria. Mussolini produzia grandes motoristas para demonstrar poder e popularidade.
A situação do Brasil é deveras preocupante. Toda a metodologia para a implantação do nazi-fascismo foi utilizada com sucesso. O candidato que o projeto apresentou venceu as eleições e assumiu o poder. Durante seu mandato não fez nada que justificasse sua reeleição, trabalhando contra o processo de imunização da população durante a grave pandemia que assolou o mundo. Por sua omissão e leniência o Brasil perdeu mais de 600 mil habitantes.
Ao tentar se reeleger, o presidente recebeu com surpresa a resposta das urnas, que elegeu seu principal desafeto que saiu do cárcere para vencer as eleições. A partir desse momento o país mergulhou na mais profunda escuridão que poderia acometê-lo. O presidente não aceitou o resultado das urnas, convocou as forças armadas para verificar a apuração dos votos, recolheu-se em um mutismo inexplicável e deixou o país mergulhar no caos.
A situação atual é bastante preocupante. Milhares de brasileiros e brasileiras adeptos do presidente derrotado se recusam a deixar as ruas, fecham estradas e acampam defronte aos quartéis pedindo intervenção militar e a retomada do poder. Tudo isso com a mais descarada leniência por parte dos aparelhos de repressão de estado como polícias e forças armadas.
Se a CUT e o MST estivessem fechando rodovias caso houvesse tido uma derrota de Lula, vc acha que o comportamento dos aparelhos de repressão do estado estariam operando com a mesma leniência de agora? Está é uma das faces mais visíveis do facismo no controle do poder estatal.
Enquanto Bolsonaro estiver sentado na cadeira presidencial essas assimetrias jurídicas continuarão ocorrendo. O maior temor que os democratas devem ter e em relação ao tempo necessário para desmontar toda a capilarização fascista que ocupa espaços centrais dentro do estado brasileiro. Talvez sejam necessárias algumas dezenas de anos para por fim, se é que será possível, ao fascismo de estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário