Se traçarmos uma comparação entre as malhas ferroviárias de Brasil, China, Índia e Estados Unidos, constataremos que estamos muito aquém do mínimo necessário para nós desenvolvermos de maneira adequada na novíssima conjuntura global.
Dados da União Internacional de Vias Ferroviárias é a instituição que acompanha a situação das ferrovias no mundo. malha ferroviária brasileira possui 28 mil quilômetros de linhas. A da Argentina, que territorialmente é um território anão perto do Brasil, possui 38 mil quilômetros. A Índia possui exatamente o dobro da malha ferroviária brasileira com seus 65 mil quilômetros de ferrovias e a gigante China possui uma malha ferroviária com 130 mil quilômetros quase cinco vezes maior que a do Brasil. Os Estados Unidos está chegando a 300 mil quilômetros de malha ferroviária, simplesmente 10 vezes maior que a nossa, sendo que neste momento acelera o projeto do trem de alta velocidade ou trem-bala, com 30 mil quilômetros de linhas. Os países que mais utilizam o transporte ferroviário como meio de locomoção de seres humanos são Estados Unidos e Rússia.
O que esses países possuem em comum? Desenvolvimento acelerado e transportes de baixo custo e baixo impacto ambiental com a emissão de carbono perto do zero, enquanto que as frotas de caminhão são verdadeiras pragas ambientais e possuem uma péssima relação do custo por quilômetro.
É inexplicável a leniência dos governos que passam pelo Palácio do Planalto e não tomam a decisão de implantar um parque ferroviário moderno e eficiente. Não é possível que um país com 8 mil quilômetros de litoral não possua um trem de alta velocidade que percorra o país de norte a sul pelo litoral com ramais se interligando com as capitais.
O transporte de carga em um país de dimensões continentais como o nosso não pode ficar à mercê do transporte rodoviário que é antieconômico, perigoso, ambientalmente condenável e servindo de trunfo nas negociações com o governo. No Brasil bastam os caminhoneiros cruzarem os braços por uma semana para o desabastecimento de alimentos começar a gerar crises aqui e acolá.
A chantagem que os caminhoneiros submetem ao governo federal só terá fim com o investimento pesado em ferrovias que poderão solucionar nosso problema crônico de logística, enquanto que ao mesmo tempo livra a administração pública das ameaças das mega frotas de caminhões, que realmente controlam o transporte no país. Aquela imagem romântica do caminhoneiro desbravando as estradas do país, como um quixote contemporâneo é pura fantasia. Hoje os veículos são propriedades das grandes frotas que se uniram na Confederação Nacional dos Transportes – CNT. Cerca de 82% dos caminhões que trafegam em estradas brasileiras são propriedade das grandes frotas e somente 18% são profissionais autônomos, donos dos próprios veículos.
O Brasil segue sua sina de continuar sendo gerido por esses gigolôs da economia nacional, que travam qualquer possibilidade de mudança na matriz logística de deslocamento de pessoas e cargas. Ao agir dessa maneira, estão impedindo o país de ser desenvolvido e isso é crime de mesa pátria.
Vamos torcer e cobrar ao novo governo que se inicia em 2023 para que elabore um estudo sério sobre a possibilidade de ampliação da nossa combalida malha ferroviária.
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