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Eu Negro

terça-feira, 29 de novembro de 2022

O QUE FAZER COM O BRASIL?

O fascismo e o nazismo, dentro de óticas próprias, criam um modelo, uma visão de sociedade extremada, onde, para se atingir a perfeição enquanto sociedade, há que se destruir um mundo, o mundo vigente, coisas do velho Nietzsche.
O totalitarismo precisa desordenar o estado para implementar força à sua doutrina. O primeiro passo é retirar a credibilidade do ordenamento jurídico vigente, alegando pois, segundo suas convicções, que o sistema jurídico está corroído e contaminado pelo comunismo, tutelando comportamentos sociais indignos, que atentam contra a pátria e a família.
O ideário nazi-fascista necessita da imagem surreal do comunismo para se afirmar como instrumento de defesa da pátria, da família e das instituições. Sem o PT no jogo político brasileiro o nazi-fascismo perde a razão de existir.
A dialética da pátria contra o comunismo permite a construção de uma imagem muito poderosa que é a utilização dos símbolos nacionais em verdadeiros arroubos positivistas. Hitler e Mussolini utilizaram fartamente este recurso. O projeto nazista de Hitler tomou corpo quando em 1933, após a morte do Presidente Von Hindenburg ele que já era o Chanceler, assume a totalidade dos poderes e consegue dar fim à República de Weimar, oficialmente chamada de República Alemã. A partir de então construiu o Terceiro Reich que implantou o projeto extremista e totalitário de poder na Alemanha, que desaguou na Segunda Guerra Mundial, que todos conhecemos por seus milhões de mortos em combate e crueldades inimagináveis com populações civis, como o holocausto do povo judeu de triste memória.
Mas como Hitler conseguiu tamanha façanha que consistiu em construir um estado eivado pela violência e pela tirania a partir de um povo ordeiro e disciplinado.
A Alemanha saiu destroçada da Primeira Guerra Mundial. A Conferência de Versalhes impingiu duros golpes na então frágil economia alemã. Reparações aos países vencedores e perda de territórios, levaram a República de Weimar ao caos. Em 1919 foi sufocada uma rebelião socialista ué entre seus líderes estava Rosa de Luxemburgo. Com a quebra da bolsa em 1929 nos Estados Unidos a situação se agravou mais ainda. A Alemanha entra na década de 30 com uma taxa de desprego de 45%. A situação caótica se tornou um campo fértil para que Hitler utilizasse o discurso patriótico do orgulho alemão e ao mesmo tempo convocava a população a combater a ameaça comunista. Utilizando a disseminação de notícias falsas (fake news) em grande escala, Hitler aproveitou a morte do Presidente Hindenburg, herói de guerra e assume o controle total da nação.
A partir de então outra Alemanha ressurge para espanto do mundo. O projeto de expansão do nazismo torna-se irrefreável, construindo uma máquina de guerra poderosíssima e através do positivismo convocando o povo para a reconstrução da glória alemã perdida desde a Primeira Grande Guerra.
A doutrina do totalitarismo deixou como legado a metodologia a ser utilizada em projetos semelhantes que são o desmonte das instituições democráticas, o descrédito do parlamento e do Judiciário, disseminação de notícias falsas, pregação contra a ameaça comunista e a produção de grandes eventos com exaltação à pátria. Mussolini produzia grandes motoristas para demonstrar poder e popularidade.
A situação do Brasil é deveras preocupante. Toda a metodologia para a implantação do nazi-fascismo foi utilizada com sucesso. O candidato que o projeto apresentou venceu as eleições e assumiu o poder. Durante seu mandato não fez nada que justificasse sua reeleição, trabalhando contra o processo de imunização da população durante a grave pandemia que assolou o mundo. Por sua omissão e leniência o Brasil perdeu mais de 600 mil habitantes.
Ao tentar se reeleger, o presidente recebeu com surpresa a resposta das urnas, que elegeu seu principal desafeto que saiu do cárcere para vencer as eleições. A partir desse momento o país mergulhou na mais profunda escuridão que poderia acometê-lo. O presidente não aceitou o resultado das urnas, convocou as forças armadas para verificar a apuração dos votos, recolheu-se em um mutismo inexplicável e deixou o país mergulhar no caos.
A situação atual é bastante preocupante. Milhares de brasileiros e brasileiras adeptos do presidente derrotado se recusam a deixar as ruas, fecham estradas e acampam defronte aos quartéis pedindo intervenção militar e a retomada do poder. Tudo isso com a mais descarada leniência por parte dos aparelhos de repressão de estado como polícias e forças armadas.
Se a CUT e o MST estivessem fechando rodovias caso houvesse tido uma derrota de Lula, vc acha que o comportamento dos aparelhos de repressão do estado estariam operando com a mesma leniência de agora? Está é uma das faces mais visíveis do facismo no controle do poder estatal.
Enquanto Bolsonaro estiver sentado na cadeira presidencial essas assimetrias jurídicas continuarão ocorrendo. O maior temor que os democratas devem ter e em relação ao tempo necessário para desmontar toda a capilarização fascista que ocupa espaços centrais dentro do estado brasileiro. Talvez sejam necessárias algumas dezenas de anos para por fim, se é que será possível, ao fascismo de estado.

sábado, 12 de novembro de 2022

NUNCA PERDERAM UM JOGO JOGANDO JUNTOS

Começou o debate sobre torcer ou não para a seleção brasileira, antecipadamente denominada bolsominion.
Torci muito para a seleção brasileira qdo era jovem. Faz parte da vida das pessoas em todos os países. Os iranianos são loucos pela seleção de futebol deles, assim como os sauditas, afegãos e senegaleses . Os EUA torciam era o nariz, pois nunca foram bons em esportes onde não utilizam as mãos, agora já se renderam ao soccer, principalmente ao feminino.
América do Sul e África são os grandes celeiros de craques que abastecem o mundo do futebol, apesar de surgir de tempos em tempos na Europa um Cristiano Ronaldo aqui e um Haaland ali. 
Não gosto muito da idéia de Deus na seleção e muito menos a tal família Scolari, família Dunga etc. Nossos craques, em sua grande maioria, saíram do gueto para a fortuna sem passar pelos bancos escolares. Vivem em ambientes suntuosos, cercados por empresários inescrupulosos e gente interesseira. Não entendem bulhufas de política ou economia, muito menos de democracia. A vida deles é jogar bola, ganhar dinheiro, casar com loiras e comprar carrões, mais que isso é impossível exigir deles.
 Como esquecer o Dadá Maravilha dizendo que a problemática só poderia ser resolvida pela "solucionática" ou um que não lembro agora, dizendo: "eu fingi que fui e acabei fondo"! E ainda dirigentes folclóricos como Vicente Matheus, que presidente do Corinthians que chamava os jogadores da Bélgica de "belgicanos". Garrincha quis bater no goleiro Manga da seleção, pois quando ligou o rádio que comprou do goleiro ainda no Chile, constatou que o rádio não falava português! Esse é o futebol que com todas as suas assimetrias ainda é um mosaico que nos encanta. 
Não sei se encontraremos novamente um Dr. Sócrates que criou a inacreditável 'Democracia Corintiana' ou um Afonsinho que se recusava a raspar a barba quando demandado pelo treinador, ou até mesmo um genial e imarcável Tostão (todos médicos). Fui muito feliz e sofri com a seleção quando jovem e quero que meus filhos também sejam felizes com ela. Não consigo abraçar o egoísmo de ter sido feliz e em princípio negar esse direito às crianças que são contagiadas na escola, no condomínio, na escolinha de futebol e por álbuns de figurinhas. Não tenho o direito de impor um "silêncio obsequioso" dentro de casa durante a copa do mundo, até porque não posso e nem conseguiria.
É sempre bom lembrar que a CBF é uma entidade privada e dirigida por presidentes de federações de futebol de todo o Brasil. Dirigentes que convenhamos não valem o que o gato enterra. Os últimos três presidentes foram afastados por corrupção. Um deles vive em Andorra, país com o qual o Brasil não possui tratado de extradição, o outro encontra-se em prisão domiciliar em Nova Iorque e o outro impedido de sair do Brasil. Para quem tenha alguma formação política fica o debate de como definir o povão que sai às 4 da manhã para pegar um trem lotado na periferia, amar a copa do mundo. Pois é, fico com a explicação que esse é o momento de lazer e prazer de juntar a familia, acender a churrasqueira, colocar a cerva no freezer e torcer por uma vitória do Brasil para todos dormirem felizes. Talvez seja o único momento em que ele/ela participem de alguma maneira de um assunto contagiante denominado geopolítica, onde o Brasil tem chance de sair vencedor, humilhar os gringos. Fui aluno do Jornalista comunista João Saldanha, técnico da seleção de 70 nas eliminatórias. Saldanha teve peito para falar com o ditador Garrastazu Médici que se o general escolhia seu ministério ele escolheria os jogadores de sua seleção e recusou convocar Dario por indicação do ditador. Foi defenestrado por isso da seleção e passou o escrete de 70 para o Zagalo ser imortalizado como o técnico tricampeão.u de um tempo que o povo ouvia os jogos da seleção c os ouvidos grudados no rádio onde pontificavam Waldir Amaral, Mario Vianna e Jorge Cury, entre outros, que narravam com ufanismo as humilhações que Pelé e Garrincha impunham aos altivos europeus. Garrincha fazia o Maracanã inteiro vir abaixo com gargalhadas ao desmoralizar seus marcadores com dribles desconcertantes. Eram tempos que depois do jogo os atletas recebiam o "bicho" e iam para a feira livre garantir o almoço de domingo. Os tempos mudaram, os jogadores de hoje são cercados por assessores de estilo, de imprensa, de contratos, usam brincos de diamantes e cobrem o corpo de tatuagens. Se sofrem uma falta rolam como crianças pelo gramado. Nem brigar brigam de verdade, ficam com as testas coladas umas nas outras, com olhares ameaçadores, se xingando, mas nem uma voadora estilo Romário rola, ficam se esfregando tipo "quem cuspir primeiro ganha". A metade do futebol deles ficou pelo caminho por conta dessas demandas estranhas.
Como se diz na roça, em terra de sapo de cócoras com eles. Vou assistir, me perdoem.

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

FORA DA LINHA

Está mais que na hora do futuro Governo Lula debater seriamente com a sociedade e com o parlamento um projeto de expansão da ridícula malha ferroviária brasileira.
Se traçarmos uma comparação entre as malhas ferroviárias de Brasil, China, Índia e Estados Unidos, constataremos que estamos muito aquém do mínimo necessário para nós desenvolvermos de maneira adequada na novíssima conjuntura global.
Dados da União Internacional de Vias Ferroviárias é a instituição que acompanha a situação das ferrovias no mundo. malha ferroviária brasileira possui 28 mil quilômetros de linhas. A da Argentina, que territorialmente é um território anão perto do Brasil, possui 38 mil quilômetros. A Índia possui exatamente o dobro da malha ferroviária brasileira com seus 65 mil quilômetros de ferrovias e a gigante China possui uma malha ferroviária com 130 mil quilômetros quase cinco vezes maior que a do Brasil. Os Estados Unidos está chegando a 300 mil quilômetros de malha ferroviária, simplesmente 10 vezes maior que a nossa, sendo que neste momento acelera o projeto do trem de alta velocidade ou trem-bala, com 30 mil quilômetros de linhas. Os países que mais utilizam o transporte ferroviário como meio de locomoção de seres humanos são Estados Unidos e Rússia.
O que esses países possuem em comum? Desenvolvimento acelerado e transportes de baixo custo e baixo impacto ambiental com a emissão de carbono perto do zero, enquanto que as frotas de caminhão são verdadeiras pragas ambientais e possuem uma péssima relação do custo por quilômetro.
É inexplicável a leniência dos governos que passam pelo Palácio do Planalto e não tomam a decisão de implantar um parque ferroviário moderno e eficiente. Não é possível que um país com 8 mil quilômetros de litoral não possua um trem de alta velocidade que percorra o país de norte a sul pelo litoral com ramais se interligando com as capitais.
O transporte de carga em um país de dimensões continentais como o nosso não pode ficar à mercê do transporte rodoviário que é antieconômico, perigoso, ambientalmente condenável e servindo de trunfo nas negociações com o governo. No Brasil bastam os caminhoneiros cruzarem os braços por uma semana para o desabastecimento de alimentos começar a gerar crises aqui e acolá.
A chantagem que os caminhoneiros submetem ao governo federal só terá fim com o investimento pesado em ferrovias que poderão solucionar nosso problema crônico de logística, enquanto que ao mesmo tempo livra a administração pública das ameaças das mega frotas de caminhões, que realmente controlam o transporte no país. Aquela imagem romântica do caminhoneiro desbravando as estradas do país, como um quixote contemporâneo é pura fantasia. Hoje os veículos são propriedades das grandes frotas que se uniram na Confederação Nacional dos Transportes – CNT. Cerca de 82% dos caminhões que trafegam em estradas brasileiras são propriedade das grandes frotas e somente 18% são profissionais autônomos, donos dos próprios veículos.
O Brasil segue sua sina de continuar sendo gerido por esses gigolôs da economia nacional, que travam qualquer possibilidade de mudança na matriz logística de deslocamento de pessoas e cargas. Ao agir dessa maneira, estão impedindo o país de ser desenvolvido e isso é crime de mesa pátria.
Vamos torcer e cobrar ao novo governo que se inicia em 2023 para que elabore um estudo sério sobre a possibilidade de ampliação da nossa combalida malha ferroviária.

O TESTE DA DEMOCRACIA BRASILEIRA

Estamos assistindo no Brasil a um festival de situações surreais. Após o encerramento do certame eleitoral de 2022, a população elegeu o Presidente da República que assumirá a partir de Janeiro de 2023 a faixa presidencial.
Como o Brasil é o país dos absurdos políticos, há uma massa de pessoas inconformadas com o resultado da eleição e se negam a aceitá-lo. Para isso estão promovendo inúmeros bloqueios nas estradas do país.
Estamos assistindo ao surgimento do novo movimento fascista brasileiro, travestido pela denominação de bolsonarismo. É um conjunto de ideologias onde a derrota eleitoral não faz parte do ideário. Não interessa se o pleito foi acompanhado por observadores internacionais e seu resultado referendado por todas as instituições nacionais e internacionais.
Após a proclamação do resultado, os principais lideres mundiais ligaram para o presidente eleito desejando sucesso e oferecendo possibilidades de parcerias nos mais diversos setores.
O primeiro sinal positivo com a eleição de Lula foi o anúncio pela Noruega do Fundo da Amazônia que estava congelado desde a eleição de Jair Bolsonaro, que abriu aquele bioma à exploração indiscriminada de madeireiros e garimpeiros.
Os eleitores da candidatura derrotada não têm compreensão que em um ambiente democrático há alternância de poder. O novo governo que está sendo montado tomará posse em janeiro e a vida no país vai seguir em frente, como determina a lei.
A democracia prevê alternância de poder e as sucessivas eleições tem o poder de fortalecer cada vez mais o processo democrático. O inimaginável é assistir a massa que defende o fascismo, enrustido em nacionalismo cristão, gerando manifestações que pedem a intervenção militar e o impedimento da posse do novo presidente eleito, respeitando o resultado da eleição.
Os militares que estão no comando não vão embarcar na loucura coletiva que tomou conta da cidadela bolsonarista. As pessoas se ajoelham e choram envolvidas na bandeira nacional como em êxtase, em um transe às vezes até assustador.
A solidez das instituições brasileiras não permite qualquer tipo de aventura golpista em relação ao resultado das eleições. O reconhecimento do resultado das eleições brasileira de 2022 pelos EUA, China, Rússia, França e Inglaterra, não permite espaço para aventuras de repúblicas bananeiras
Todo esse imbróglio foi um belíssimo teste para a solidez da democracia brasileira. Apesar da leniência do governo em relação ao tumulto causado pelas manifestações, o Brasil juntamente com suas instituições sairão mais fortalecidos para bem da democracia.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

ENFIM A DIREITA BRASILEIRA


Uma data e um acontecimento digno de reflexão. Hoje no primeiro dia do mês de novembro do ano de 2022, foi lançada oficialmente e de maneira orgânica, pelo Presidente da República, a direita militante no Brasil. O discurso de Bolsonaro que de acordo com o protocolo deveria reconhecer a derrota e desejar boa sorte ao presidente eleito,  vinculou os 58 milhões de votos que recebeu ao surgimento de uma nova ordem militante, e ainda não doutrinária, que surgiu com toda força no país. O Brasil nunca mais será o mesmo.
Ainda não é uma doutrina. É apenas um lampejo de ideologia, que contém o conteúdo necessário para de tornar uma doutrina: imanência divina, patriotismo exacerbado e culto à família. A partir de então surgirão os intelectuais que desenvolverão a almejada doutrina.
Uma doutrina necessita de organização metodológica, disciplina e formação intelectual, através de teses científicas e ideário, onde o pensamento conservador será o motor principal das obras elencadas. Toda essa construção irá desaguar em uma organização partidária orgânica e em milhares de organizações da sociedade civil que aglutinarão a militância de base em todos os municípios do Brasil.
Esses milhões de invisíveis se tornarão concretos como lideranças locais da direita, de onde surgirão os vereadores, prefeitos, deputados e senadores do futuro. Ainda bem que Bolsonaro em sua tosca intelectualidade, não tentou ou nao conseguiu erigir uma doutrina. Tentou um partido político o Aliança Pelo Brasil, mas não logrou êxito devido a ausência de organicidade. Elegeu vários parlamentares pela força do governo e surfando na onda antipetista que persiste, e não por qualquer tipo de doutrina. Parece que a derrota doída fez Bolsonaro descer do pedestal de onde governava, fazendo-o entender que precisa parar com as fanfarronices para fazer esta laboriosa construção.
Bolsonaro dará um grande salto em sua carreira política pois, para realizar esta construção terá que abandonar sua faceta miliciana, canalha e arrogante.
Resta saber se aquela massa de cabelos grisalhos com camisetas verde e amarela terão vontade e disciplina militante para participar da construção do ideário conservador.