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Eu Negro

sábado, 30 de julho de 2022

COQUETEL DE ILUSÃO

SEGREDOS QUE AGORA TE CONTO
SÃO COISAS CARENTES
SÃO DORES DE BAR
SÃO TRAGOS DA INCONSCIÊNCIA
TRISTES CONFIDÊNCIAS
DO VERBO AMARGAR
SEGREDO DE AMOR TÃO PROFUNDO
TÃO INCONFESSÁVEL QUE ÁLCOOL REQUER
ENVOLVE MINHA ALMA SOFRIDA
DE ROTA PERDIDA
DE SER A MULHER
A CHAVE DA FELICIDADE
RESIDA TALVEZ NA FATAL IRONIA
DE IR E SEGUIR NO CAMINHO
DA INCONSEQUÊNCIA QUE NUNCA IRIA
RECOLHO MEUS CACOS DE VIDA
NA VELHA GUARIDA DO MEU CORAÇÃO
VERTENDO OS GOLES DE VIDA
REPETINDO A PEDIDA
COQUETEL DE ILUSÃO.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

A VARÍOLA DOS MACACOS COMEÇOU A FAZER VITIMAS NO BRASIL. E A VACINA?

Como tudo que está ruim pode piorar, mal saímos da fase aguda da COVID-19 e já chegou de vez a temida Varíola dos Macacos. Precisamos manter a sanidade e procurar entender como poderemos lidar com a nova epidemia que se aproximou furtivamente e faz parte do cotidiano da população. Dia 27/07 ocorreu a primeira morte ocasionada pela nova pandemia.
Enquanto os debates na área política vão esquentando com a proximidade das eleições, essa outra onda bem pior, talvez nem tanto, vem lentamente se espalhando pelo país.
Não se sabe bem como fazer para debelar seus efeitos com efetividade. A ciência debruçada que está sobre os vetores da COVID-19, recebeu estupefata a notícia da provável nova pandemia global, que já se manifestou em inúmeros países, inclusive o Brasil.
Somente agora a mídia corporativa despertou para a gravidade da moléstia, dando a devida cobertura que o assunto merece. A população está desinformada e mais uma vez pode sofrer as consequências deletérias da leniência estatal no combate à nova pandemia.
A sociedade precisa se informar e mais que isso, se mobilizar para esse novo enfrentamento.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

CIDADES E AFLIÇÕES

Às vezes penso se um dia no futuro os brasileiros em sua grande maioria terão viajado para o exterior. Dependendo do país que visitarem entenderão o significado de desenvolvimento. A grande maioria dos brasileiros acha normal o estado não oferecer saúde e educação de qualidade, transportes ineficientes e segurança insuficiente e deteriorada.
Ao visitar um país dito desenvolvido, entenderão o que é o respeito por parte do estado pelo cidadão. As cidades dos países desenvolvidos não aglomeram lixo nas ruas, não possuem mendigos, pedintes e trombadinhas. São cidades limpas, ecológicas, silenciosas e com transportes eficientes.
Ao passear nas periferias das cidades dos países desenvolvidos, podemos observar que as casas são bem acabadas, espaçosas, com o verde predominando. As escolas são construções bem estruturadas, com complexo esportivo e com professores bem qualificados.
Uma das principais características de uma cidade nos países desenvolvidos é a segurança em todos aspectos. A sensação de poder transitar livremente pelas ruas, tanto de dia como à noite, nos leva a acreditar que a espécie humana pode viver em paz
No Brasil o cotidiano da população é tomado pela insegurança e pelo medo. Dependendo da cidade, os territórios são controlados por quadrilhas de narcotraficantes e milicianos. Nesses espaços públicos o estado perdeu o controle social e a população fica entregue ao primado do banditismo. As escolas públicas são construções deterioradas, onde a alimentação é péssima e o ensino prejudicado pelo cotidiano de violência constante.
As habitações são geralmente inacabadas, insuficientes, onde a falta de fornecimento de água e energia elétrica sofre constantes interrupções, prejudicando o consumo das famílias. O transporte público segue na mesma direção, onde impera a máfia dos transportes clandestinos, que não obedece a qualquer tipo de controle estatal.
É uma pena que a grande maioria da população não possa viver ou conhecer uma cidade livre dessa agonia cotidiana que assola nosso país. Como o que não é visto não é lembrado, para a maioria da população brasileira acha que viver no conflito faz parte da vida. Outros acham que é desígnio divino e precisam passar por isso. Não lutam porque desconhecem e para agravar o quadro, a tv apresenta cotidianamente filmes de violência nessas cidades desenvolvidas, criando uma falsa sensação de inevitabilidade sociológica.

terça-feira, 26 de julho de 2022

GENESIS

 (In honor of the 200th anniversary of Fyodor Dostoevsky’s birth)

 Silence in Saint Petersburg

 Fyodor Dostoevsky leaves the world of the living

 The body lies stiff and solemn in the house of the dead

 Crimes and punishments will be forgiven

 The demons will finally be exorcised

 Saddened bells toll announcing the end of a virtuous conscience

 Your rebirth has been decreed, comrade Fyodor

 It’s time to leave, rise up

 To be led into the ethereal

 Abandon the stardust shell that limits you

 Set off free and without ties into the immensity of the cosmos

 Travel through nebulae and galaxy clusters

 Star nurseries dance over dark matter

 Bright suns on the way smile at you

 Multiverses enchant you by showing you where your inspiration came from

 Where will the angels be?  The heavenly court, the paradise where the reunion with our ancestors is celebrated?

 Its new shape is plasma, without density or defined contours.

 Overcoming the barbaric and crude laws of human knowledge

 Crossing dimensions, parallel worlds

 Diving into the singularity of mysterious black holes and their event horizons

 Traversing the unfathomable

 Rejoicing at the prospect of standing before God

 Dreaming of the Glory of Encounter

 The owner of all this power

 The Great Architect of the Universe

 Feel Your immeasurable love

 Immanent, immortal love

 The earthly bells are no longer heard

 That old world is behind

 Territory of atonement and sufferings

 Where humans purge their existential pains

 Your unspeakable desires

 Your sins and hostile feelings

 Now it’s living another life in the territory of the purest freedom

 The airs sing the chords of paradise

 Mind is free from the limitations of matter

 Of judgments and blame

 From the burden of punitive carbon prison

 You float softly in the infinite recesses of the unimaginable universe

 Under the thunder of the Pillars of Creation lights roar tearing through the immemorial darkness

 New worlds emerge from primordial genesis, generating new celestial bodies, quasars, neutron stars

 Born from the purest chaos but following the universal order

 The Higher Power where is God’s determination for everything to remain orderly

 Where is the deepest of mysteries kept

  Go home

 Rest in peace and eternal light Fyodor.

domingo, 24 de julho de 2022

A MARCHA CONTRA JESUS

Jesus Cristo é a maior referência espiritual para os povos cristãos que povoam a Terra. Sua existência é contestada por alguns setores da sociedade planetária, porém, sua liderança espiritual é inconteste. Esse ser iluminado, filho de Deus, nascido em Belém, deixou um legado incontestável, que foi passado através dos séculos, em evangelhos escritos por seus profetas e seguidores.
Em sua vida terrena, Jesus foi uma das pessoas mais simples de sua época. Segundo os escritos, cresceu ao lado do de seu pai tereno, Yosef ou José, na cidade de Nazaré. Viveu e cresceu como qualquer jovem palestino da época, ajudando o pai e se tornando 3xpediente na arte da carpintaria.
Jesus não viajou por grandes distâncias. Os escritos definem as principais cidades em que passou como Cafarnaum, Betsaida, Jerusalém Belém, Jericó, Nazaré, Cesaréia e Betânia. Principais e não os únicos, pois em sua missão evangelizadora o Mestre não permanecia muito tempo em um só lugar.
Em sua curta existência na Terra, Jesus pregou o amor como principal fonte de existência. Definiu o amor, a fé e o perdão como pô receita basilares para a construção de um espírito elevado. Pregava que se fossemos esbofeteados que deveríamos dar a outra face como sinal de paz e amor ao próximo. Jesus andou ao lado de todo o tipo de seres humanos, gente do povo como virtuosos e pecadores, dentre os quais prostitutas, ladrões, desocupados, loucos, trabalhadores e operários. Era um homem do povo e no meio do povo vivia.
É incompreensível que os que professam devoção à Sua palavra, à Sua causa em prol da paz e do amor, vinculem instrumentos de matar como armas de fogo. Esses que assim o fazem são os falsos profetas atendendo ao chamado do anticristo, do anjo do mal do demônio das trevas.
Jesus distribuiu o pão e o peixe, curou leprosos, reviveu que estava no mundo dos mortos, transformou água em vinho, caminhou sobre as águas, curou loucos e abraçou desvalidos. Em momento algum Jesus utilizou armas como fator de convencimento de seus seguidores, de que as armas seriam o instrumento para se atingir a paz, isso era com Barrabás e seus seguidores. Jesus, pelo contrário, pregou insistentemente que a paz e a glória são atingidas através do amor. Assim como condenava a usura, o acúmulo exacerbado de dinheiro, o enriquecimento através do sacrifício do outro.
Estamos assistindo atualmente a deturpação do legado de Jesus Cristo pelos falsos profetas, como assim Ele profetizou. Pastores milionários cruzando is céus em aviões próprios, vivendo em mansões, colecionando fazendas e com inacreditáveis saldos bancários. Jesus dizia que era mais fácil um camelo passar através do buraco de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus. Portanto, esses pastores exploradores da miséria humana estão inexoravelmente condenados ao inferno.
O que é mais impressionante é a vinculação das armas de morte ao legado de Jesus Cristo, que foi torturado e morto por elas. Jesus também viveu de maneira humilde, nasceu em uma gruta, em um estábulo ao lado de animais, jamais possuiu bens, dinheiro ou coisa semelhante que o valha. Como essas pessoas podem se apropriar de suas palavras e pregarem a violência e a morte através das armas, guiadas por falsos profeta que se tornaram milionários através do saque da bolsa dos pobres e miseráveis?
Óbvio que a grande maioria das pessoas que professam o protestantismo não coadunam com essas práticas condenaveis. O movimento religioso protestante é milenar e se consolidou na sociedade praticando o bem e a solidariedade, seguindo corretamente as palavras de Cristo, professando a paz o amor e a não-violência. Os verdadeiros pastores, seguidores fiéis do Cristo Vivo, Filho do Pai, jamais concordariam com o fausto e a forma nababesca como vivem alguns ditos pastores que pululam atualmente. Eles nunca utilizaram as palavras de Jesus para influenciar nas eleições dos territórios onde atuam. A escolha política de cada membro das congregações são opções de tiro íntimo, calçadas em valores individuais e democráticos. Não se deve misturar a realeza divina da palavra de Jesus Cristo com os interesses cotidianos dos interesses muitas vezes obscuros e difusos da política.
Ao alçar o discurso de utilização das armas de fogo enquanto estilo comportamental da sociedade, estão se voltando contra o primado de Jesus, causando um enorme dano espiritual ao desenvolvimento cognitivo das crianças dessas famílias. A morte provocada através das armas não deve ser motivo de culto e muito menos de orgulho por parte dos cristãos. Devemos cultuar a paz, o amor e uma vida plena de graças e alvíssaras ao bem viver.
A população cristã deveria repudiar esses falsos profetas. Assim como Jesus expulsou os vendilhões do templo, a sociedade cristã deveria expulsar esses anticristos do convívio da saudável comunidade cristã.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

OS EUA TORCEM PELA VITÓRIA DE LULA

Ninguém pode discordar do fato que Bolsonaro foi o primeiro presidente que conseguiu mostrar o verdadeiro espírito do povo brasileiro. Até sua chegada ao poder havia uma certa preguiça sociológica para mergulhar na verdadeira identidade nacional. Desde sempre o foco dos debates ficou centrado em Gilberto Freyre de Casa Grande e Senzala, passando por Caio Prado com A Formação do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda com Raízes do Brasil e Florestan Fernandes com o ensaio A Revolução Burguesa no Brasil e A Integração do Negro na Sociedade de Classes. Alguns estrangeiros também contribuíram de uma forma ou de outra como Claude Levi-Strauss em Tristes Trópicos e de uma maneira mais específica Pierre Verger mesclando tudo isso com religiosidade afro-brasileira com destaque para sua obra "Orixás".
As contribuições são imensas, sendo que mesmo que louváveis e necessárias, pode parecer que a parte desagradável era de um certo aspecto negligenciada, jogada para debaixo do tapete. O panorama da cordialidade do povo brasileiro, do sorriso franco, do negro de alma branca, do sambista feliz, das mulheres sedutoras, do espírito de felicidade constante foi inevitavelmente pelo ralo. Bolsonaro ao chegar ao poder abriu a caixa de Pandora do pior dos seres humanos, onde a futilidade e a agressividade são componentes radicais de parte da população brasileira. Com Bolsonaro há prazer em matar, há lascívia comportamental abrigada sob o manto da tríade positivista Deus, Pátria e Família.
O Brasil foi flagrado com as calças na mão. Ao escolher Bolsonaro para conduzir os caminhos da nação, não sabia que assinava um cheque em branco para que houvesse um imenso retrocesso civilizatório. Bolsonaro utilizou a velha cantilena do combate ao comunismo, da preservação da família e de Deus como principal assessor, para varrer do país as propostas de uma nação moderna, diversa e calcada nos principais primados dos direitos humanos.
A flexibilização da legislação para aquisição de armas de fogo pela população está causando um verdadeiro genocídio em nossa sociedade. Na verdade são vários genocídios se somarmos o trágico resultado da COVID-19 com quase 700 mil mortos e ações pontuais como o ataque às tribos indígenas e comunidades quilombolas. Apesar da proibição do STF de suspenderem se ações policiais armadas nas comunidades carentes, as ações estão sendo intensificadas, deixando no cotidiano desses territórios um rastro tétrico de mortes e horror.
Bolsonaro dividiu a sociedade brasileira de maneira proposital, talvez visando uma guerra civil no futuro, onde, segundo seus doutrinadores, com o apoio das forças armadas e instituições policiais de estado implantar um estado imperial despótico, onde sua família herdaria uma inimaginável sucessão cartorial.
Brasileiros estão matando brasileiros calçados em uma doutrina inexistente que mescla positivismo com nazismo e fascismo com centro no neo pentecostalismo. A guerra civil brasileira está sendo construída lentamente. Assim como Hitlerfez com a República de Weimar na Alemanha, Bolsonaro segue em sua sanha hospital ao desacreditar o judiciário perante seus seguidores. Bolsonaro questiona previamente a lisura do processo eleitoral para que em caso de derrota siga o mesmo exemplo de Donald Trump que culminou com a invasão do Capitólio no fatídico 6 de janeiro. Bolsonaro não reconheceu a vitória de Biden, que para sorte nossa que ver o brasileiro longe do Palácio do Planalto, situação que lhe trará mais conforto em sua luta titânica com Donald Trump pela reeleição. Por enorme ironia do destino o PT e seu candidato Lula contarão com a discreta torcida do Departamento de Estado dos EUA pela sua vitória na próxima eleição presidencial, e somente por isso a possibilidade de golpe por Bolsonaro passa a fazer parte do anedotário político nacional.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

LULA, MANDELA, FIDEL E CHE GUEVARA. TUDO OU NADA A VER?

É comum a comparação entre Lula, Fidel Castro e Che Guevara e Nelson Mandela. Não consigo traçar porém o um eixo comparativo entre Lula e esses grandes ícones da história política mundial. Ainda incluiria no seleto grupo o herói indiano Mahatma Gandhi. São trajetórias diferentes, sendo que Che e Fidel trilharam basicamente o mesmo caminho, que foi a heróica e impensável Revolução Cubana.

Não consigo traçar um paralelo desses do de fazedores de nações o herói indiano Mahatma Gandhi e o russo Wladimir Ulianov, popularmente conhecido como Lenin.

Os heróis cubanos, através de uma revolução popular, através de uma revolução impensável, retiraram um déspota do poder e estirparam para sempre o capitalismo da ilha, um câncer que corroía a estrutura social do país caribenho, com a máfia, o jogo, prostituição, turismo sexual infantil e as drogas, que destruíam as bases estruturais da nação cubana. A retomada do território cubano pelo povo através do processo revolucionário, trouxe de volta a dignidade lá, a emancipação política e a condução do próprio cassino pelo povo cubano. Não houve concessões ao famigerado sistema onipotente dos EUA, que com a revolução perdeu seu bordel e cassino preferidos, além da área de influência política que considerava Cuba um território praticamente norte americano, devido ao lazer, à defesa nacional e aproximidade geográfica.

Nelson Mandela era filiado ao partido comunista e fez luta armada por um bom tempo. Preso pelo regime segregacionista sul africano, foi jogado no cárcere da Ilha de Robben e depois nas prisões de Pollsmor e Victor Verster por longos e injustos 27 anos, de onde saiu sem mágoas para governar a África do Sul e receber o Prêmio Nobel da Paz. Mandela pacificou dentro das limitações possíveis uma nação partida há centenas de anos, para isso abraçou seus carrascos e os perdoou em nome da união nacional por uma só África do Sul. Estruturou o Congresso Nacional Africano, conseguindo com êxito fazer a transição do poder branco para o povo negro sem violência, entrando definitivamente para a história da humanidade.

Castro e Che e seus camaradas iniciaram uma nova página na história política mundial. Governando Cuba sem a influência norte americana, eliminaram o analfabetismo na ilha, onde inauguraram um vigoroso sistema de saúde que é exportado para todo o planeta. Cuba se tornou uma potência esportiva mundial e através de uma condução histórica construíram a nova alma cubana, forjada pelo pelo orgulho de pertencerem a uma pátria livre e pelo cano do fuzil. O preço da liberdade e da independência política e econômica dos EUA custou e custa muito caro àquele enclave caribenho. Os Estados Unidos promove há mais de 60 anos a um criminoso bloqueio econômico ao país, que luta bravamente contra esses pesados ônus, para manter os benefícios sociais e políticos obtidos com a revolução.

Che, Fidel e Mandela mudaram definitivamente seus países. Lula promoveu mudanças pontuais com foco na área social que praticamente voltaram a zero em suas eficácias após a saída do PT do poder. O número de miseráveis retornou ao mesmo patamar da era pré Lula, assim como o retorno de 30 milhões de brasileiros ao mapa da fome. Lula não mexeu na estrutura política e social do Brasil e sim nos efeitos deletérios do capitalismo tupiniquim na área sócio econômica. Para garantir uma governabilidade mínima, Lula fez alianças com os principais próceres da  vida política nacional como Temer, Renan Calheiros, Jeddel Vieira Lima, Sarney, Paulo Maluf, Roberto Jefferson, Jader Barbalho entre outros políticos de comprovadas condutas nada republicanas.

Lula apesar de ser acusado pelos opositores e conservadores da nossa sociedade, ao contrário de Mandela, Fidel e Che, nunca foi comunista. Lula hoje assumiu nitidamente a posição de centro-esquerda, lugar para onde levou o PT, apesar de muitos esperneios dos filiados mais à esquerda. Lula compreendeu que a distribuição de renda dentro do capitalismo é um dos principais motores de alavancagem do desenvolvimento. O Plano Real deixado por Itamar Franco ajudou bastante, sendo que FHC governou com o apoio robusto da CPMF, que foi extinta pelo Congresso Nacional assim que o PT chegou ao poder.

Lula pode entrar para a história como outros grandes líderes mundiais, para começar terá que mexer em um perigoso vespeiro que é a estrutura fundiária brasileira. Depois, tarifar os ganhos dos ricos, que por mais que pareça absurdo não pagam impostos no Brasil. Outro grande desafio será reconstruir e expandir a malha ferroviária brasileira. Hoje o país fica à mercê de um pequeno cartel de grandes frotas de caminhões que são responsáveis por praticamente todo o abastecimento nacional. Desafio maior ainda será a reestruturação da Educação, com modernização dos currículos, da formação de professores e das estruturas arcaicas das escolas brasileiras. As universidades públicas devem receber os alunos oriundos das escolas públicas, com cotas para alunos das escolas privadas do ensino médio. Somente assim o ensino de base será verdadeiramente valorizado e transformado como merece ser. Na economia deveria fazer uma rigorosa auditoria das dívidas interna e externa e se for necessário, fazer uma negociação para suspender o pagamento dos serviços dessas dívidas até que Saúde e Educação estivessem no nível das grandes economias mundiais.

As forças armadas são um capítulo à parte.  Devem cumprir o importante papel de salvaguarda da nação e não de gestão do estado brasileiro como faz hoje, com generais gerindo a Saúde de maneira catastrófica e outros ameaçando as instituições e o estado de direito.

O Congresso Nacional mais se assemelha a um covil de ladrões. Tranam contra o povo brasileiro às escancarado, enriquecendo as custas do erário público. Aqueles que deveriam elaborar leis que elevem o patamar civilizatório brasileiro agem às avessas, mantendo o país no patamar de republiqueta de bananas, em uma república bananeira. Enquanto isso o povo é mantido refém de miseráveis programas assistenciais que mais servem como esmolas institucionais que calam a boca do povo para as grandes falcatruas nacionais.

 Enfim, para que seja guindado à condição de grande estadista Lula necessitará mais que fazer viagens internacionais representativas. São as ações internas que promoverão as reais mudanças que transformarão o Brasil.

Em relação aos grandes líderes mundiais citados aqui neste artigo, podemos avaliar, que de uma maneira geral todos foram importantes para seus países, sendo que um dos mais importantes além de Gandhi ficou de fora desta análise, que foi o incrível Lenin.  Na verdade o russo foi o grande inspirador de todos os principais movimentos revolucionários do século XX.

domingo, 10 de julho de 2022

A GUERRA CIVIL BRASILEIRA


A música Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, se fundamenta em uma citação bíblica em Marcos 14:36, onde Jesus Cristo antes do seu sacrifício diz: “Pai se queres, afasta de mim este cálice”. Na letra há um trecho que diz: “Esse silêncio todo me atordoa/Atordoado eu permaneço atento/Na arquibancada pra a qualquer momento/ Ver emergir o monstro da lagoa”. Esse monstro da lagoa pode adquirir vários significados, mas o principal é o sistema opressor, a ditadura violenta e homicida. A música foi censurada pela ditadura militar por muitos anos. Chico protestava sobre o silêncio imposto a sociedade pelos militares. O título da música “Cálice”, referia-se na verdade a palavra cale-se, do verbo calar. Fala em “tanta mentira, tanta força bruta”, sim, sofria-se através do silêncio e da brutalidade, através de um regime ditatorial que usurpou a nossa tenra democracia.
O Brasil de hoje superou a tirania da ditadura militar e possui instituições democráticas sólidas e em pleno funcionamento. Não passa pela cabeça da maioria dos brasileiros que uma nova ditadura militar possa se instalar novamente no país. A rotina democrática segue em curso, apesar de um impeachment aqui ele outro ali. Mesmo com um Congresso Nacional que beira a indigência intelectual, a nação segue caminhando e amargando as raízes da árvore da democracia que possui frutos absurdamente doces no final.
As manifestações políticas, tanto conservadoras como progressistas sempre mantiveram-se resguardadas uma da outra. A direita nacional sempre avessa a manifestações públicas, deixava as avenidas e ruas do país para os movimentos sociais de tendência socialista. Nunca houve atrito ou qualquer tipo de refrega que fossem dignos de nota. Assim vem acontecendo a dialética política brasileira.
A eleição que alçou Jair Bolsonaro à Presidência da República mudou de maneira dramática a relação política direita x esquerda. Bolsonaro representa no Brasil o novo fascismo internacional, capitaneado atualmente por Donald Trump, ex presidente dos EUA. Essa nova frente política é manifestadamente conservadora, eugênica, excludente, racista e homofóbica. É um fenômeno estranho, pois, apesar de ser elitista e hiper liberal, é apoiado pelas camadas mais pobres da sociedade, pela base da pirâmide social. Nessa interrogação surge então a figura do movimento neopentecostal. A aliança das lideranças religiosas neopentecostais com a extrema direita brasileira constituiu uma bomba política poderosa que resultou no bolsonarismo.
O movimento bolsonarista ao chegar ao poder inicia processo de armar a população que lhe serve de base de apoio. Nos três primeiros anos de governo Bolsonaro foram comercializadas cerca de 150 mil armas licenciadas, de maneira legal. Aos poucos Bolsonaro vai formando uma pequeno exército que poderá no futuro lhe ser muito útil em uma provável guerra civil. Não podemos esquecer que o pequeno exército em formação contará com grande parte dos militares das três forças armadas, das policias civis e militares, agentes penitenciários, bombeiros, guardas civis metropolitanos, Polícia Federal, e outros órgãos afins, sendo que o exército contará com servidores da ativa e aposentados. Não será pequeno não.
Os movimentos do bolsonarismo estão cada vez mais explícitos. Há um chamamento de Bolsonaro para uma futura guerra santa do bem contra o mal. As Marchas Para Jesus, motociatas e eventos diversos são utilizados como correia de transmissão do pensamento fascista. Não há uma doutrina específica que oriente o movimento. Não existem intelectuais produzindo documentos e literatura sobre o bolsonarismo. É diferente do integralismo de Plínio Salgado, que publicava textos e livros defendendo as bases doutrinárias do movimento.
Há um grande temor da explosão de violência com o acirramento e radicalização das posições políticas entre o bolsonarismo e os movimentos progressistas brasileiros. De pequenas querelas passamos a ver ameaças mais ousadas como ameaças a ministros da Corte Suprema e a juízes que emitem sentenças contrárias ao interesse do bolsobarismo.
Um dos últimos eventos que causou espanto nacional foi o assassinato do guarda municipal em Foz do Iguaçu por um militante bolsonarista alucinado. O guarda municipal comemorava seu aniversário em um clube privado quando se surpreendeu com a invasão do recinto pelo assassino, um guarda de presídio e ativista do bolsonarismo. O homem invadiu o ambiente com uma arma em punho e executou friamente o guarda na frente de sua esposa e amigos. Não parava de repetir: “Aqui é Bolsonaro”! Vou matar todos vocês petistas fdp! A repercussão do homicídio fez acender uma luz amarela nas instituições, pois, a tendência é haver um escalada irrefreável desse tipo de eventos.
A sociedade brasileira precisa ficar atenta ao movimento bolsonarista na direção da guerra civil brasileira, pois, onde há fumaça há fogo. A qualquer momento pode emergir o “monstro da lagoa”, o arbítrio, trazer de volta os anos de chumbo. Sob a cabeça de Bolsonaro pesam acusações terríveis, sendo que a principal dela a de genocídio, onde o presidente pode responder pela morte de 600 mil pessoas que perderam a vida por leniência do seu governo. Posturas negacionistas e equivocadas poderiam ter evitado a maioria dessas mortes.
A manifesta atitude de desleixo em relação a política ambiental na Amazônia se tornou um crime de lesa humanidade. A afirmação de que terras indígenas devem ser exploradas levou a uma corrida de garimpeiros e madeireiros ao interior da floresta, causando danos irreversíveis ao meio ambiente no médio prazo.
O controle do Congresso Nacional através de farta distribuição de verbas através de uma aberração política denominada “Orçamento Secreto”, onde há uma evidente afronta a Constituição Federal no que tange à preservação da lisura eleitoral seis meses antes do certame. A troca de votos por dinheiro nunca foi tão aviltante como agora. Com a maioria dos votos, Bolsonaro aprova o que bem deseja no Congresso Nacional. Com isso, faz a distribuição indiscriminada de licenças para aquisição de armas de fogo pela população.
A população caiu no conto do vigário cometido por Bolsonaro que foi o botijão de gás a R$ 35,00 e o litro de gasolina a R$ 2,50. Viu o enriquecimento explícito da família do presidente e vários eventos deletérios cometidos por políticos que giram na órbita do presidente. Para evitar a responsabilização Bolsonaro irá recorrer a extremos se for necessário. Mais de uma vez declarou que seus filhos não responderão com a prisão caso sejam responsabilizados.
Há uma guerra civil em curso. Morrem assassinadas no Brasil cerca de 50 mil pessoas por ano, o mesmo número de óbitos ocorridos em 10 anos por militares do exército dos EUA no Vietnã. Eventos de menor monta começaram a acontecer. Lembrando que a Primeira Guerra Mundial teve como estopim o assassinato do Arquiduque Franz Ferdinand em Sarajevo no dia 28 de julho de 1914.
Com a perda da eleição presidencial para Lula, as hostes bolsonaristas não aceitaram o resultado das urnas, infladas pelo aceno do atual presidente que houve fraude e que as urnas deveriam passar por auditoria técnica das forças armadas. 
A suspeita presidencial foi a senha que espalhou a rebelião por todo o país. O que se vê são cenas dignas de Macondo, o vilarejo surrealista do livro Cem Anos de Solidão de Garcia Márquez. 
O Brasil nunca mais será o mesmo. Massas humanas renitentes acampam diante de unidades militares pedindo intervenção no país e o retorno da ditadura militar. Missas são celebradas, milhares de pessoas em surtos psicóticos cantam o hino nacional enroladas na bandeira nacional, bradando contra o comunismo, pleiteando o direito à liberdade de manifestação (mesmo contrariando a lei), alegando a defesa da pátria e da família. Estão sob chuva, mal alimentados, ansiando como sebastianistas modernos um Dom Sebastião que não virá.
Enquanto sofrem delírios diante dos quartéis, outro tanto interrompem as estradas em todo o país, ferindo o direito constitucional de ir e vir da população. O governo faz vista grossa aos delitos que se multiplicam sob o beneplácito estatal.
O presidente Bolsonaro sabe onde quer chegar, mas também  sabe que o projeto é ambicioso demais, mesmo com o controle das armas do país. O projeto é iniciar uma guerra civil no Brasil, onde os que possuem as armas e o dinheiro serão os vencedores. 
A flexibilização da legislação para aquisição de armas de fogo no país, foi um grande passo nessa direção.  O novo governo que tomará posse encontrará um país armado e insurrepto, pronto a entrar em um sangrento conflito armado.
A sociedade brasileira de boa vontade, ou o que sobrou dela, terá que se esforçar para manter o país sob a égide da democracia e com boas condições de habitação e sociabilidade.

TERRA À VISTA

Atualmente há um enorme fluxo migratório do Brasil para Portugal. O grande paradoxo é que a burguesia brasileira, tipicamente capitalista, deixa o Brasil rumo a um país governado pelo socialismo, que passaram décadas cocombatendo.
Viralizou na Internet um texto do Economista e milionário Paulo Dalla Nora Macedo, de 47 anos, onde discorre sobre sua atitude de abandonar o Brasil e fixar residência em Portugal. Sem entrar no mérito da escolha por um outro tipo de vida, penso o quanto é bom poder ter a opção de abandonar o barco sem sentimento de culpa. Pelo contrário, sai atirandobo barco que está afundando e que ajudou a construir. O empresário e ex dono de banco é apresentado no texto como empreendedor social, como se dá noite para o dia tivesse absorvido o espírito social e empreendedor do Afroreggae. Não existe empresário bonzinho, todo empresário é um especulador em potencial e nunca foi encontrado um desses bonzinho. O empresário tem um sentido espetacular para a própria sobrevivência. O cenário político e econômico no Brasil é péssimo, perigando afundar de vez com a possibilidade da reeleição de Bolsonaro, sendo assim, nada mais estratégico que tirar o time de campo.
O nó górgio de toda está situação é o que se pode fazer com os que ficam. Com os que não podem ao menos sonhar em viver no mundo desenvolvido. A miséria está sendo ampliada através das políticas de Paulo Guedes, o meio ambiente continua sendo destruído de maneira inexorável, os trabalhadores sendo demitidos e os que não são perdem cada vez mais os direitos trabalhistas conquistados após lutas imensas, o feminicídio avança a passos céleres para de tornar endêmico, negros, religiosos de matriz africana e homossexuais sendo massacrados pelo fascismo, a população sendo executada nas ruas por atiradores psicopatas oriundos do bolsonarismo, as escolas sendo invadidas por grupos neopentecostais contra uma intangível “ideologia de gênero”, os movimentos sociais e de direitos humanos sendo acusados de comunistas sendo que ninguém sabe o que é o comunismo, Amazônia, Reforma Agrária, cotas nas universidades, Lei Rouanet e outras bandeiras absurdas que os insanos quixotes bolsonaristas abraçam com fé.
São 50 mil negros assassinados todos os anos no Brasil. No Japão somente uma pessoa foi assassinada em 2021. Que país é esse? Respondo que esse Brasil foi erigido por pessoas como esse senhor e por pessoas como ele e seus pais e seus avós e bisavós e tataravós. Essas famílias sempre se locupletaram no Brasil, sempre trocaram favores entre si, sempre controlaram o sistema financeiro, os cartórios, o judiciário e o parlamento.
Essa elite cafona nunca aceitou a possibilidade de se construir uma nação com menos privilégios e mais igualdade. Sempre comeram à farta nas mesas do poder, deixando as migalhas do chão para os pobre e miseráveis desse país.
Não existem pudicas no lupanar. Ao ler esse depoimento fico feliz em saber que o narrador votará em Lula pela primeira vez nos seus 50 anos de vida. Nos anteriores votou contra e contribuiu financeiramente para que fosse mantida a estrutura política excludente e conservadora.
A assunção de Bolsonaro é o processo natural da evolução conservadora que sempre governou este país. É como Hitler fez com a República de Weimar. Infelizmente os pobre e miseráveis não têm opção de entrar no avião com suas obras de arte. Ficarão aqui, desempregados, sendo chamados de preguiçosos e dependentes de bolsa isso e bolsa aquilo. Ouvindo dos ignorantes que “tem q ensinar a pescar e não dar o peixe”. São evangélicos ferrenhos mas esquecem que Jesus Cristo multiplicou e distribuiu os peixes.
Fico feliz com a declaração tardia de voto do empresário que deixou o Brasil que ajudou a construir. Significa que mesmo aqui na minha pobreza, na minha vida simples, nunca estive do lado errado. Sempre estive nos movimentos sociais desde a escola secundarista. Sempre estudei em escola pública, sempre utilizei o SUS, portanto sou filho das políticas públicas do país. Os pobres não podem escolher não viver aqui. Em governos como os de Lula é um oásis no deserto da exclusão. Em governos como os de Sarney, Collor, FHC e Itamar a solução é lutar com esperança e em governo como o de Bolsonaro a opção é se manter são e vivo.
Lisboa é uma bela cidade para viver. Mas para uma família branca, rica, educada e bem relacionada como a do narrador. Lá os negros são discriminados em todas as partes e logo depois os brancos da classe média do Brasil.
O narrador se mudou de mala e cuia para Portugal, Zélia Cardoso de Melo para New York e Ciro Gomes para Paris em um momento decisivo da política nacional. Enfim, os pobres do Brasil sempre estarão por sua própria conta.